Estudante de universidade pública recebe prêmio da ONU e ganha bolsa de estudos
Any Gabryele Moreira, natural de Cajazeiras, Bahia, é a primeira mulher preta a receber o reconhecimento
Resumo da Notícia
- Brasileira de universidade pública ganhou Prêmio Internacional de Energia Atômica da ONU;
- Ana recordou a importância que as cotas proporcionaram em sua vida acadêmica;
- A jovem explicou a pesquisa sociocultural que lhe concedeu uma bolsa de estudos internacional.
Ana Gabryele Moreira, estudante de mestrado em tecnologia nuclear pelo Ipen (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares), associado à USP (Universidade de São Paulo), se tornou a primeira mulher preta brasileira a receber o Prêmio Marie Curie da Agência Internacional de Energia Atômica, ligada à ONU (Organização das Nações Unidas) que lhe concedeu uma bolsa de estudos no exterior.
Ana é natural de Cajazeiras, área periférica de Salvador, e é formada em física médica pela UFS (Universidade Federal de Sergipe). No próximo ano, a jovem irá para o exterior para continuar os estudos com a bolsa obtida pela premiação. “O valor da bolsa varia entre 10 e 40 mil euros, e inclui a oportunidade de estágio e um auxílio mensal”, diz ela em entrevista ao portal de notícias R7.
A baiana, que ainda não definiu o local onde irá estudar, disse que a bolsa de estudos veio de um trabalho acadêmico que analisou o perfil sociocultural das mulheres do Ipen que desejam estudar energia nuclear. O resultado do trabalho mostrou que 84% das mulheres do instituto eram brancas, 10% negras, não havia mulheres indígenas e poucas mulheres ocupavam espaços de liderança no Ipen.
“Nós criamos um formulário que podia ser respondido de forma voluntária, e ele ficou disponível durante quatro meses”,conta. Outro dado relevante do estudo é que as mulheres do instituto foram e são orientadas por homens. “É predominante, mais de 50% delas apontaram isso”, acrescenta a jovem.
Para o futuro, Ana Gabryele deseja expandir a pesquisa a nível nacional para compreender e colher mais informações de outros institutos do país, analisando as diferenças sociais e econômicas presentes nos centros educacionais de estudo e pesquisa.
Ela recorda as pesquisadoras mulheres que abriram portas no mercado e ressalta a transformação que a educação proporcionou em sua vida. “Não cheguei sozinha aqui, pessoas foram fundamentais na minha trajetória e preciso mencioná-las: Linda Caldas, Constância Pagano, Mitiko Saiki, Denise Furgaro e Maria Elisa Rostelato”, afirma. “Eu vim de escola pública e posso dizer que, quando você estuda e se forma, sua família também ganha com você porque aumenta a renda, ocorre a ascensão econômica”, finaliza.
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