Família

Fernanda Gentil fala sobre a morte da tia e como se tornou ‘mãe’ do afilhado: “Foi uma tragédia na família”

Fernanda Gentil abriu o coração em um papo exclusivo - Reprodução Instagram / @gentilfernanda
Reprodução Instagram / @gentilfernanda

Publicado em 22/08/2019, às 15h02 - Atualizado em 30/01/2020, às 19h35 por Marina Paschoal, filha de Selma e Antonio Jorge


Fernanda Gentil abriu o coração em um papo exclusivo (Foto: Reprodução Instagram / @gentilfernanda)

A jornalista e apresentadora é o maior sucesso no mundo dos esportes, mas, mais ainda quando o assunto é família. Apesar de discreta, ela abriu o coração e contou tudo pra gente!

Ela foi a cara da cobertura da Copa do Mundo de 2014 e, logo depois do sucesso, deu à luz Gabriel. Mas a história de Fernanda com a maternidade começou bem antes, com o posto de madrinha de Lucas, seu primo. Em um papo exclusivo e supergostoso com a Pais&Filhos, ela provou que o que guia sua vida é o amor, mas sempre com o pé no chão, além de contar como faz para conciliar carreira, maternidade, e o relacionamento com a namorada, superparceira de vida, e também jornalista, Priscila Montandon.

Você sempre quis ser mãe? 

FERNANDA GENTIL: Sim, eu sempre me vi cuidando de crianças de alguma forma. Na minha família sempre tiveram crianças, primos mais novos, e eu era a que ficava com eles. Desde nova eu queria isso para mim, me imaginava tendo essa responsabilidade

Então você tinha esse instinto maternal… 

FG: Exatamente, eu gostava da responsabilidade de criar um ser, era isso que me movia e eu pensava em ser mãe para isso. Eu sempre achei essa função muito nobre. 

E aí você foi convidada para ser a madrinha do Lucas. Como foi isso? Conta pra gente 

FG: Levando em consideração essa minha vontade de criar um ser, a maneira mais rápida era sendo madrinha, porque eu era muito nova na época. Lembro que uma amiga tinha afilhado e eu ficava vendo aquilo e querendo para mim, querendo sentir isso por alguém. A minha madrinha, que é uma tia maravilhosa, foi realmente uma segunda mãe para mim e é até hoje. Eu era muito próxima da mãe do Lucas e do pai dele, que é irmão da minha mãe, e eu já infernizava a vida deles pedindo para ser madrinha do filho deles quando eles tivessem um. Daí quando ela engravidou e me convidou, óbvio que aceitei! Eu praticamente tinha intimado eles, não tiveram muita escolha (risos). 

E o Gabriel, como foi? Vocês planejaram ele? 

FG: Ele foi muito planejado inclusive com deadline! Eu fiz a Copa em 2014 e logo depois fui morar em São Paulo. Na sequência ia rolar Olimpíadas, em 2016. Então [a gravidez] tinha que rolar até dezembro de 2014, para dar tempo do bebê já estar com um ano na outra cobertura. Foi tudo bem planejado porque era um ciclo de coberturas muito importantes para mim e eu queria conciliar as duas coisas. E no final das contas deu tudo certo. Fiz os exames, parei a pílula e engravidei ali no finalzinho do prazo. Mas saiu tudo como imaginei e nas Olimpíadas o Gabriel já era maior, consegui fazer a cobertura e organizar tudo. 

Praia em família! (Foto: Reprodução Instagram / @gentilfernanda)

Como foi contar para o Lucas sobre a gravidez? 

FG: Foi lindo, foi um dia muito especial. Ele já sabia que a gente estava querendo. Eu planejei uma surpresa, mas ele meio que pescou a notícia. Mas ele ficou muito feliz, emocionado, já chamava de irmão desde o início. 

Que legal! E por falar nos dias de hoje, nós, como Pais&Filhos, entendemos que família é tudo, seja a família que for, e expandir faz parte da nossa missão. Então, gostaríamos de saber como foi assumir o namoro com a Priscila. 

FG: Aqui em casa eu tenho um conceito muito claro de que família é quem a gente ama, e eu falo isso para os meus filhos desde sempre. Não importa o que a pessoa é, o que faz ou como ela é, se você sente no seu coração uma dor de saudade, vontade de cuidar dela, se você sente amor por essa pessoa, então ela é família também. Temos esse código muito claro entre a gente. Eu aprendi isso com o Lucas e a Priscila entrou nessa família e fez parte dessa casa a partir do momento que eu comecei a amá-la.

E precisou rolar um papo com os meninos? 

FG: O Gabriel era muito novinho, mas eu tive essa conversa com o Lucas e ele recebeu superbem. Escutou tudo e depois disse: “Posso voltar a jogar videogame?” (risos). Foram cinco minutos de conversa, se é que podemos chamar isso de uma conversa. E enfim, é aquilo que eu disse: família é quem a gente ama, é o que praticamos aqui. 

O amor é a regra da casa mesmo… 

FG: Com certeza! E se eu pudesse desejar alguém para me ajudar a criar meus filhos seria a Priscila. Lá atrás, se eu fizesse um rascunho das características que essa pessoa teria, ela tem todas e mais um pouco. E eu falo muito isso com os meninos, de que eu jamais colocaria alguém aqui em casa que não os amasse quase como eu, porque como eu é impossível. Que não cuidasse, que não olhasse, sabe? Pode parecer que eu estou falando só pra sair bonito na matéria, mas não tem explicação o encontro que foi, o cuidado que é.

Gabriel e Lucas (Foto: Reprodução Instagram / @gentilfernanda)

E vocês compartilham os mesmos valores e tudo? 

FG: A gente pensa muito igual sobre coisas muito importantes. Não temos nenhum alinhamento do tipo: “Fala assim ou assado com eles”. Não temos nada disso. Se eu estou enrolada com alguma coisa, mas preciso conversar com algum deles sobre algo, eu só fecho os olhos, jogo na mão dela e vai, sei que está entregue. E isso não tem preço. 

E pra sua família, como foi? 

FG: Ninguém aplaudiu ou achou maneiro eu estar com uma mulher, foi uma novidade para todo mundo, mas eu entendo que se até eu, que estava dentro do furacão, precisei de um tempo para elaborar, quem estava minimamente fora dele, por mais que me amasse mais do que tudo, como meus pais, também precisavam de um tempo para que tudo ficasse bem. Eles só me confirmaram ainda mais daquilo que me ensinaram. Isso nunca foi questão lá em casa, nem classe, nem cor, nem raça ou opção sexual, então agora é a hora de praticar. 

Como é a relação dela com os meninos? Eles já passaram por alguma situação por conta disso? 

FG: A relação entre eles é maravilhosa. E não, nunca aconteceu. Eu não quero trazer para a cabeça deles que esse assunto seja uma questão, porque não é, o mundo mudou. O meu papo com o Lucas foi o seguinte: assim como ele já ouviu muita coisa ruim por não ter a mãe viva, ele pode ouvir coisa chata por eu ser minoria também. Porque é mais comum, não certo ou errado, encontrar casais formados por homens e mulheres. É menos comum você encontrar mulher e mulher, homem e homem, mas não tem nada de errado nisso. Então se ele ouvir alguma coisa chata por causa disso, não vale brigar, na verdade é uma pena. O que importa é ele ser do bem, um cara maneiro, honesto, ter um bom caráter e ser verdadeiro. 

O papo é reto mesmo, pé no chão! 

FG: Sim! Aqui tudo gira em torno do ranking de prioridade. O que é mais importante: você ser rico ou ser bom? Ser hétero ou uma pessoa boa? Se “ser uma pessoa boa” for a resposta para todas as perguntas, o resto não tem importância.

Então essa seria a sua dica de como lidar para quem está numa situação parecida? 

FG: Eu não costumo me colocar no lugar de exemplo, mas acho que a dica é você se agarrar à sua prioridade na vida. Se é ser uma pessoa boa, feliz, com bom caráter, então todo o resto é menos importante do que isso e as pessoas ao seu redor têm que entender a sua escolha. Tomara que pensem igual e se não pensarem, acho que quem sai perdendo são elas, não você. Siga fazendo a sua parte sempre, pregando coisas boas, positivas, fazendo o bem, ajudando quem precisa. Isso derruba todos os argumentos. 

Esses são os valores que você procura passar para os meninos? 

FG: Eu tento não me colocar como dona da verdade, mas, sim, como uma referência para eles. Tipo, eles olham para mim, veem o que eu faço, olham para frente e decidem o que querem fazer com essa referência. Sempre converso muito com eles no nosso dia a dia, trabalho com a verdade por mais dolorosa que ela seja porque dessa maneira dá para resolver tudo muito mais fácil. 

Como seriam esses mínimos detalhes na prática? 

FG: Quando me perguntam se eu vou voltar para casa cedo, por exemplo, eu sou verdadeira e falo que não. Daí explico que vou trabalhar até tarde, não vou vê-los antes de dormir, mas que quando eu chegar, vou dar um beijo e no outro dia a gente acorda junto. Se por acaso eles virem eu e a Priscila discutindo, eu explico o que aconteceu, mas mostro que todo mundo se ama e que estamos resolvendo algumas coisas. Isso é o que eu quero que eles tenham: de sempre falar a verdade, de ser olho no olho. 

E como é ser madrinha do Lucas? 

FG: Maravilhoso! Não é à toa que a “madrinha” é a segunda mãe. As coisas se misturam, é uma carta de confiança muito grande. Eu me senti muito honrada, foi um presente e eu agarrei isso para mim para não decepcioná-los nenhum dia. 

Fernanda Gentil (Foto: Divulgação)

Como foi a reviravolta depois que a mãe do Lucas faleceu? Quando rolou o estalo de que era com você? 

FG: Foi instantâneo. O pai dele sempre foi muito presente e dividíamos muito tudo. A gente já sabia que isso ia acontecer, porque era câncer, então fomos nos preparando. As coisas foram acontecendo e ficaram conturbadas, foi uma tragédia na família, mas sempre fomos muito unidos e é isso. Infelizmente eu tive que exercer essa função… Eu queria muito ter sido apenas “dinda”, porque isso significaria que ela ainda estaria aqui com a gente, mas foi natural. Depois disso a gente começou a acalmar o coração e ficou tudo bem. 

Como a sua vida mudou depois disso? 

FG: Completamente. O Lucas me abriu as portas para tudo de bom nessa vida. Ele é meu afilhado, mas que eu amo como um  lho. Ele tocou em um gatilho meu que era realmente o que eu queria sentir. Eu estava em um momento muito importante, mas um pouco desfocada e aí ele me colocou no trilho. Eu tinha que dar certo na vida, porque essa criança ia estar sempre comigo. Ele me fez ver o mundo completamente diferente, me fez tirar tempo de onde eu não tinha, me mostrou que eu tinha forças mesmo quando eu achava que não tinha, eu virei uma leoa. Foi realmente o chamado da maternidade. 

E qual é a sensação de se tornar mãe? 

FG: Para mim, o lance do sentimento, da descoberta, o Gabriel só veio para confirmar tudo isso que vivi antes com o Lucas. 

Então você sentiu isso duas vezes… 

FG: Sim e fui sortuda por isso, e quem sabe eu não sinta três vezes né, tomara que dê tempo de fazer mais um! O que o Gabriel me trouxe de novidade foi a barriga, a descoberta incrível de sentir o bebê mexer e você apalpar, fazer os exames… Esse processo foi inédito e eu curti bastante. O momento que a criança nasce, o choro, o primeiro olhar, o contato, eu nunca tive essa relação com um ser tão novinho. 

E como foi? 

FG: Essa é uma relação que você constrói com o tempo, né… Eu ficava muito nervosa, mas ainda bem que é um caminho sem volta! Depois que engrena, nada para esse sentimento e eu desejo que todo mundo um dia possa sentir esse amor por alguma coisa, é um tipo de amor que te dá sentido para a vida. Eu tenho certeza de que vim ao mundo para sentir isso por duas crianças, e posso sentir por outras. 

Você sempre teve o pé no chão assim? 

FG: Eu tenho muito esse perfil de dar ao problema o exato tempo que ele merece, eu não fico remoendo o negócio. Quando vi que eu não tinha leite, por exemplo, levei numa boa e já preparei a mamadeira. Foi um processo. Eu achei que ia amamentar, tinha aquela fantasia na cabeça, de olho no olho, aquela coisa romantizada. Mas isso acontece porque ninguém avisa essas coisas e eu aprendi que você trilha a sua própria realidade. 

Rolou culpa em algum momento? 

FG: Por causa da amamentação, não. Mas rolou frustração. E quando eu entendi que as tentativas frustradas estavam me causando esse sentimento, eu parei porque vi que não tinha para onde ir. Culpa eu sinto hoje de trabalhar muito, de voltar tarde, de sair cedo… 

É muito difícil conciliar carreira e maternidade e não sentir culpa, né? 

FG: É impossível. Nasce um filho, nasce a culpa. Mas assim, ela é completamente minha, eu não divido com ninguém e nem com os meninos, porque maior que a culpa que eu sinto, é o orgulho que eu tenho de dar esse exemplo para eles. Por isso que eu trato isso na terapia, não em casa. E eu tive esse exemplo em casa, meus pais trabalharam a vida inteira para mostrar para a gente que nada cai do céu.

Você consegue definir a mudança na sua vida depois da maternidade? 

FG: Difícil. Mas costumo dizer para minhas amigas que quando estiverem indo parir e passarem pela porta da maternidade, olharem para ela e decorar bem como ela é: a cor, o formato, a altura. Quando sair com o filho no colo, olhar de novo. Ela vai estar completamente diferente, porque o mundo se transforma completamente. Ela vai estar com as cores mais fortes, mais bonita, mais limpa, brilhante. Aquela vai ser a porta pro mundo, a partir dali tudo fica diferente, porque você vai estar com o seu filho no colo. 

E como é a relação do Lucas com o Gabriel? 

FG: De irmãos, eles se chamam assim mesmo. O Lucas é o super-herói do Gabriel e o Gabriel é o brinquedo preferido do Lucas. Eles são muito próximos, estão sempre juntos literalmente, rola muito contato físico. 

O que eles te ensinam? 

FG: Nossa, tá com tempo sobrando? A gente pode falar até amanhã! (risos). Eles me ensinam a viver, me ensinam realmente o que é a vida. Eles me dão um tapa na cara todo dia me mostrando que estou amando, vivendo e sorrindo só agora. Eles me ensinam o sentido de estar aqui, me tornam a melhor Fernanda que eu pude ser. 

O que você deseja para o futuro deles? 

FG: Desejar que eles sejam felizes é muito óbvio. O futuro deles para mim não tem nome nem sobrenome, só essência. Desejo que eles lidem de forma honesta, clara, respeitosa, que julguem o outro pelo que ele faz, não pelo que ele veste, que eles quebrem a cara sim com algumas coisas, que eles se frustrem, que conquistem, que tenham uma vida real. Espero que o futuro deles seja cheio de dor e delícia, como a de qualquer pessoa honesta e verdadeira. Porque essas pessoas têm as dores das quais a gente tira grandes lições e delícias que dão mais orgulho. 

Você tem vontade de ter mais filhos? 

FG: Sim! Tenho muita vontade de sentir mais esse amor, criar mais gente, passar mais valores, de me melhorar mais, já que a maternidade é uma via de mão dupla. A gente acha que está ensinando, mas na verdade está aprendendo mais do que qualquer outra coisa. Ainda não sabemos quando e como vai rolar, mas é um grande desejo nosso.

PARA VOCÊ, FAMÍLIA É TUDO? 

FERNANDA GENTIL: Não, tudo ainda é pouco. Família é a vida, é o ar que a gente respira, é mais que tudo. Família é a minha essência e o que me faz procurar a minha melhor versão sempre. Família é a minha vida.

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