Publicado em 29/07/2020, às 07h30 - Atualizado às 07h39 por Yulia Serra, Editora de conteúdo especializado | Filha de Suzimar e Leopoldo
Na última semana, um vídeo viralizou nas redes sociais e chamou a atenção para um assunto importante: riscos de queimaduras depois do uso de álcool gel. Na gravação, nada parecia estar acontecendo com um álcool gel dentro de um recipiente até que uma folha de papel é aproximada e queima em questão de segundos. Wagner Contreras, conselheiro do Conselho Federal de Química e gerente de fiscalização do Conselho Regional de Química de São Paulo, padrasto de Thales e pai do Thomas, afirma que o vídeo é verdadeiro e alerta para os riscos na hora de usar esse produto nas mãos.
O especialista começa lembrando algo muito importante: “Dentro de casa é ideal que as pessoas estejam com as mãos sempre lavadas com água e sabão. O álcool gel tem sido um complementar, principalmente quando se está fora de casa”. Por isso, quando for necessário utilizar esse produto, é fundamental seguir alguns cuidados, uma vez que ele é inflamável e, principalmente, porque as pessoas estão usando em grande quantidade e a todo momento.
“É possível se queimar após o uso do álcool gel. Por exemplo, se você acaba de passar mas não espera um tempo para evaporar e vai logo para o fogão, pode sofrer alguma queimadura com o resíduo que ainda está na mão, e, dependendo da quantidade, ela pode ser séria”, alerta. Dessa forma, depois de espalhar o produto não vá até o forno ou churrasqueira e nem acenda um cigarro. Esperar algum tempo pode fazer toda a diferença.
A principal questão, como aponta o vídeo que circulou no WhatsApp é a ausência de chama em queimaduras de álcool gel. “O álcool na forma líquida evapora mais rapidamente e esses vapores, no momento em que aciona a chama, também sofrem combustão, fazendo com que a chama vá alto. No gel, essa chama é muito baixa, quase imperceptível e, por isso, as pessoas não notam que ali há um foco de fogo”, pontua. Kátia Zutin, química, mãe de Arthur e Daniel, garante: “Porém, após o uso, com as mãos secas, o risco é praticamente nulo”.
A especialista também conta que levar as mãos à boca, olhos e narinas não é recomendado, porque pode causar irritações e ressecamentos. Caso, em algum momento, você sofra a queimadura, a química indica: “Independente do grau, deixe escorrer água corrente sobre a área queimada. Seque cuidadosamente com pano limpo, cubra com gaze e procure atendimento médico, se necessário”.
É isso que destaca Wagner, que justifica que na indústria, existe todo um cuidado e orientação de alguém habilitado para validar a eficácia. “Se uma pessoa faz em casa, além do risco de queimadura, pode causar irritação na pele”, completa. Ele desmente a eficiência de “fórmulas supostamente mágicas”, com gelatina e gel de cabelo no combate ao coronavírus: “Pelo contrário, quando utiliza matérias primas não adequadas e alguém que não domina a técnica, corre o risco de causar o efeito oposto”, ou seja, ao invés de conter a proliferação de microorganismos, colaborar com o seu crescimento. O álcool para veículos também é contraindicado, por não ter o mesmo grau de pureza necessário para essa finalidade.
Não apenas durante a pandemia, mas é fundamental deixar produtos de limpeza longe do alcance das crianças, uma vez que o risco de ingestão é grande e a concentração de etanol, por exemplo, é maior que em cachaças (com média de 40-50%). “Quando o uso for necessário, deve sempre ser feito com a supervisão de um adulto”, acrescenta Kátia. Reforçando que o álcool gel deve ser usado apenas quando não puder lavar as mãos com água e sabão. Até por essa questão, se recomenda deixar as crianças em casa. Caso precise ir ao mercado ou qualquer outro lugar e tiver mais gente morando com você, deixe seu filho com ele.
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