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Guerra da Rússia x Ucrânia: como falar sobre o assunto com seu filho caso ele pergunte

Guerra Rússia X Ucrânia: como falar sobre o assunto com seu filho caso ele chegue em casa perguntando - iStock
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Publicado em 03/03/2022, às 11h50 - Atualizado em 18/05/2022, às 16h41 por Helena Leite, filha de Luciana e Paulo


Você provavelmente não pensou que depois de uma pandemia teria conversas mais difíceis com seu filho por um bom tempo. Pois bem, aqui estamos de novo. Com toda essa situação da guerra que acontece na Europa entre Rússia e Ucrânia, é natural que seu filho escute algo sobre o conflito – seja no rádio do carro indo para escola, na televisão, na internet, ou até mesmo entre amigos e familiares. Um assunto como esses nunca é fácil de ser abordado e, assim como nós, é esperado que as crianças tenham muitas dúvidas sobre o tema.

Se seu filho chegar em casa perguntando sobre a guerra, a primeira dica é não se desesperar para falar sobre o assunto com ele. Para te ajudar com esse papo, conversamos com a Vanessa Abdo, embaixadora da Pais&Filhos, doutora em psicologia e CEO do Mamis na Madrugada, mãe de Laura e Rafael, que mostra caminhos para responder às dúvidas do seu filho. 

Segundo Vanessa, o primeiro passo é pensar na idade da criança: como tudo, a abordagem do assunto com crianças pequenas é diferente daquele com as mais velhas, que obviamente já podem entender mais do que está acontecendo. “Além da idade, é preciso olhar também para a maturidade com que a criança lida com esse tipo de assunto: morte, tragédia, qualquer coisa triste. Porque essa geração foi expostas a temas como esses de forma muito profunda e dramática, por conta da pandemia. Então é uma geração de crianças que já são assustadas, que foram expostas de maneira muito mais contundente do que a geração dos pais e dos avós”,  ressalta.

Guerra Rússia X Ucrânia: como falar sobre o assunto com seu filho caso ele chegue em casa perguntando
Guerra Rússia X Ucrânia: como falar sobre o assunto com seu filho caso ele chegue em casa perguntando (Foto: iStock)

Para a psicóloga, outro ponto importante a se avaliar caso o tema surgir é olhar um pouco para si mesmo e entender quais são seus sentimentos frente a tudo que está acontecendo. “A gente precisa saber como a gente está lidando com essas emoções, quem somos nós. Nós somos os desesperados? Os alienados? Como que nós próprios estamos lidando com esse monte de assunto pesado ao nosso entorno? Isso vai influenciar bastante em como as crianças vão lidar”, aponta.

Começando a conversa

“Como todas as estratégias, sempre que uma criança trouxer um assunto desconfortável, polêmico, tabu, a gente devolve a pergunta”, orienta Vanessa. Ou seja: se seu filho chegar em casa perguntando sobre a guerra, a melhor tática para começar o assunto é entender o que ele sabe e o que quer saber. Para isso, faça perguntas como: “Onde você ouviu isso?”, “o que ouviu sobre o assunto?”, “o que quer saber?”.

“Essa é uma maneira de fazer um diagnóstico do que a criança está falando. Entender o termômetro da profundidade da preocupação que essa criança está tendo. Logo depois, é importante acolher o sentimento da criança e explicar. Aí vem diferentes versões dependendo da idade”, diz a psicóloga. Vanessa orienta que, para crianças pequenas, você tente responder as questões usando metáforas e se apoiar em contos e histórias. Já para as mais velhas, explicar que a guerra realmente não é boa e deixar claro que você está por perto caso ela tenha mais dúvidas e queira conversar.

“No caso de crianças mais velhas, também é uma oportunidade de contextualizar em termo de conteúdo, de matéria. Quais são as relevâncias de estudar uma guerra. A importância de não esquecer o passado para mudar o nosso futuro. Então a próxima geração vai ser, ou deveria ser, a responsável por estratégias mais diplomáticas, de mediação de conflitos, de como a gente lida com os nossos conflitos no dia-a-dia. Então esses assuntos permeiam o nosso cotidiano”, avalia ela, mostrando como trazer o assunto a tona e ainda ensinar sobre tópicos importantes que ele aprenderia na escola.

Outro ponto levantado por Vanessa é a importância de mostrar para a criança que sim, isso está acontecendo, mas contextualizar a distância que estamos do problema, mostrando que a Ucrânia é bem longe de onde estamos. “Não é que a gente more em um país super seguro e não estamos expostos a nenhum tipo de violência, mas colocar em contexto o quão distante a gente é dessa realidade. Que apesar de ser bonita essa preocupação da criança, essa empatia, isso não faz parte da realidade dela”, conta. 

Não evite o assunto

Por mais que seja natural querer blindar as crianças de assuntos polêmicos e tristes, não podemos negar que eles sejam expostos a esse tema. A questão da guerra em específico está sendo muito abordada em todos os noticiários e até mesmo conversas do cotidiano, então é muito provável que seu filho escute sobre o assunto em algum lugar. “Então é importante a gente sempre pensar em deixar o diálogo das crianças com os pais e adultos responsáveis aberto. Que, se tiver alguma dúvida, quem acolhe e orienta são os pais. Os pais têm que ser essa figura sempre de referência para os assuntos, principalmente os polêmicos, os estressantes”, ressalta.

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Como falar da guerra da Ucrânia X Rússia com as crianças (Foto: iStock)

Tenho família na Ucrânia, como tocar no assunto com meu filho?

No caso de crianças brasileiras que têm família na Ucrânia, a questão da proximidade com o tema citada por Vanessa Abdo muda um pouco, já que, apesar de seguirmos geograficamente longe do território onde tudo está acontecendo, existe a preocupação afetiva. Para essas crianças, a orientação é tentar manter a calma na hora de falar sobre o assunto.

“Não é banalizar, ignorar, mas proteger nossas crianças de um assunto difícil. Se tem família lá, o importante também é considerar a idade da criança e tentar mostrar uma realidade com menos detalhes”, indica a mãe de Rafael. Ela ressalta a importância de tentar manter a criança atualizada sobre a situação dos parentes por lá, principalmente indicando que eles estão bem e à salvo. 

Outra dica é não esconder o que está acontecendo e seus sentimentos em relação à isso. “Se for um assunto que estiver abalando a família realmente, se a criança for ver você chorando, preocupado, é preciso demonstrar essa preocupação. Porque se não a criança pode passar a duvidar da própria sanidade, afinal, ‘poxa, estou vendo minha mãe e meu pai triste e quanto pergunto se eles estão tristes, falam que não? Será que eu não sei ler a realidade?’. Isso já confunde os adultos, as crianças também”, orienta.

Em suma, é importante acolher, orientar, entender a visão das crianças sobre o tema e dar respostas sinceras. “Temos que aprender a segurar as nossas próprias emoções e reorganizar as ideias. Uma hora que estivermos melhor para retomar o assunto, falamos sobre isso. Lembrando sempre que somos os pais, não temos 5 ou 10 anos. A gente protege, acolhe, informa e esse canal tem que estar aberto com segurança”, finaliza. 

Falando sobre política

Falar sobre política, direitos humanos e movimentos sociais com crianças é importante, mas pode ser muito complicado. O lado bom é que hoje em dia existe muito material sobre o assunto que dá para explorar e facilitar a vida! Um exemplo é a Coleção Para o Amanhã, da editora Boitatá.

Os livros explicam vários temas importantes e necessários, de uma forma lúdica, para que as crianças consigam entender. Eles são uma ótima opção caso você queira falar sobre o assunto de uma forma mais explicativa com seu filho! Você pode comprá-los na Amazon, clicando aqui.

Livros ajudam a falar sobre política com seu filho
Livros ajudam a falar sobre política com seu filho (Foto: divulgação)

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