Publicado em 23/02/2022, às 06h31 por Redação Pais&Filhos
Uma jovem de 25 anos que nasceu em Bom Sucesso, Minas Gerais, comemora a futura graduação em medicinaapós sofrer diversos preconceitos. Isabella Maria da Silva é filha de pedreiro e uma boia-fria, e por ser negra muitas pessoas não acreditavam que ela se tornaria médica, ainda mais por ser PCD (pessoa com deficiência).
Em 2014, em plena adolescência, a jovem mudou-se para Divinópolis, também em Minas, onde começou a nutrir o sonho de fazer Medicina. “Só tive certeza que queria isso mesmo no ensino médio”, disse ela ao portal Universa. “Venho de uma família de cinco irmãos. Na minha casa, a gente nunca passou fome, mas já passamos vontade de muitas coisas. Durante cinco anos, antes de eu me mudar para Divinópolis, morávamos eu, meus pais, minha irmã, meu irmão e a família dele, cunhada e os três filhos”, explicou.
Para se preparar para o vestibular, Isabella participou de diversos processos seletivos, onde ganhou uma bolsa de estudos de 80% – o pai ajudava a pagar os 20% restantes. “Na época era uns R$ 120. Depois, mudei de cursinho e ocorreu da mesma forma. Fiquei conhecida na cidade e três professores me ofereceram aula particular gratuitamente, porque sabiam que eu queria muito medicina, mas não tinha dinheiro para investir nos estudos”, contou.
Estudar foi um desafio para a mineira, que ao chegar em Divinópolis não tinha o básico em casa. “[Eu e meu irmão] Sem emprego, chegamos a ficar seis meses sem água e luz. Além disso, eu tinha dinheiro para definitivamente nada no início”. Com a falta de recursos, Isabella não tinha dinheiro sequer para o ônibus, e só comia em casa. “Eu dormia em um sofá porque não tinha um quarto. Esse sofá ficou com um buraco exatamente na posição que eu deitava. Meu irmão o tem até hoje, mas atualmente eu dei um novo de presente para ele”, relembrou.
Com o passar dos anos, ela conseguiu um emprego como vendedora de sapatos, e depois como atendente de telemarketing. Em seguida, migrou para a assessoria de cobrança, onde foi promovida. “Mas tinha uma carga horária muito pesada. Trabalhava das 12h às 21h e estudava até de madrugada quando chegava em casa. Minha saúde mental ficou péssima”, disse Isabella.
A jovem também contou sobre os episódios de preconceito que sofreu: “Infelizmente, vivemos em uma sociedade ainda muito preconceituosa. Então, o racismo e a discriminação já me atingiram algumas vezes nessa trajetória. As pessoas sempre me diziam que eu não tinha ‘cara de médica’, no sentindo de que, para elas, uma mulher preta, de cabelo crespo e PCD (Isa tem uma deficiência no braço) não era a cara da medicina”.
Certa vez, a mãe dela a levou para uma consulta ao médico. Quando disse ao profissional que a filha queria ser médica quando crescesse, ele respondeu. ‘Primeiro ela tem que aprender a falar direito’. “Disse exatamente com essas palavras”, relembrou a mineira. Houve momentos em que muitos a criticaram, dizendo que ‘medicina não era para pobre’ e que ela devia desistir.
Na faculdade, o preconceito com viés racialnunca foi explícito, mas Isabella já passou por situações em que as pessoas falavam que ela era tudo, menos estudante de medicina. “Ou de questionarem se o que eu fazia era medicina mesmo, me pedindo até para ver documentos e fotos. Eu falo que são situações que as pessoas nunca irão assumir que são racistas, mas o viés racial está a ali, a todo momento”, lamentou.
Apesar disso tudo, ela aprecia lembrar que seus antepassados morreram para que, hoje, ela ocupasse essa posição. “Há menos portas fechadas para mim do que havia para eles. Logo, eu vou continuar lutando para que as crianças pretas possam crescer com menos dores do que eu e que possam ter mais oportunidades do que eu tive”, afirmou.
Atualmente, pensar que será a primeira médica de sua família, após ciclos de posições de “subalternidade”, como Isabella define, lhe dá mais força para seguir em frente. “Toda profissão é digna, mas se, por gerações, uma família inteira ocupa apenas uma posição, é porque tem algo de errado acontecendo”, explica.
“Na minha família, faltaram oportunidades, mas nunca faltou esforço. Meus pais trabalham desde os 13 anos de idade e, se eu for retroceder mais um pouco na minha árvore genealógica, já chego nos meus parentes que eram escravos, infelizmente”, completou. Por meio da conquista do diploma, a futura médica pretende mudar a realidade de sua família e da geração futura dela. “Infelizmente, eu ainda sou a minoria na medicina, mas a minha luta é para que mais Isabellas se formem médicas”, concluiu.
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