Família

Líder da área de comunicação da RiHappy conta sobre a carreira, a empresa e os desafios da maternidade

Carolina Braune Coelho, mãe de dois filhos, está à frente do time de comunicação da Ri Happy - Pais&Filhos
Pais&Filhos

Publicado em 29/06/2022, às 15h58 por Andressa Simonini, CMO (Chief Marketing Officer) | Filha de Branca Helena e Igor


Carioca, nascida em Friburgo, no interior do Rio de Janeiro, Carolina Coelho Braune, mãe de Gabriel, 6 anos, e Maria Luisa, 3 anos, conta em entrevista exclusiva à Pais&Filhos como tenta influenciar o mercado de trabalho para que mulheres, que querem ser mães ou que já são, tenham segurança, espaço e qualidade de vida.

Formada em administração de empresas pela Ibemec do Rio de Janeiro, hoje ela é líder da área de comunicação de uma das maiores empresas do segmento infantil no Brasil, a Ri Happy. Agora, há 12 anos morando em São Paulo, aos 38 anos, head de marketing do grupo, ela ganha voz para contar sua trajetória e também mudar a histórias de algumas mulheres que cruzam seu caminho.

Carolina Braune Coelho, mãe de dois filhos, está à frente do time de comunicação da Ri Happy (Foto: Pais&Filhos)

Pais&Filhos: Com quantos anos você entrou no mercado de trabalho?

Carolina Braune: Eu entrei no mercado aos 20 de idade, eu sempre fui acelerada e queria logo trabalhar. Ingressei na faculdade aos 17 anos.

P&F: Você já sabia o que gostaria de fazer?

CB: Eu fiz administração e a gente brinca que a administração é assim: você posterga a sua decisão! Mas eu sempre soube que eu queria marketing, era um desejo grande.

P&F: Aos 20 e poucos anos, você nem tinha ideia ou já passava na sua cabeça ser mãe?

CB: Eu tinha o objetivo. Eu sabia que seria mãe. Mas nunca fui aquela pessoa que botava no colo o filho dos outros ou queria me aproximar. Tenho dois irmãos, então ter uma família unida para mim é importante. Sempre soube que eu seria mãe em algum momento, mas tinha alguns objetivos que queria atingir antes de engravidar. Mas lá no passado era uma decisão totalmente racional, ainda não era uma questão emocional.

P&F: Qual objetivo, por exemplo?

CB: Eu queria ser gerente antes de virar mãe. Eu queria já estar casada. Era uma coisa que eu tinha na cabeça, que hoje em dia, sinceramente, não faz tanto sentido, mas para uma menina aos 20 anos, fazia todo sentido. Então, tinham algumas coisas que eu queria atingir na minha vida antes de ter filhos, que foram acontecendo.

P&F: Com quantos anos você teve o seu filho?

CB: O primeiro com 31 anos e a segunda filha com 34.

P&F: Quando engravidou, você sentiu algum medo em relação ao trabalho ou não teve medo nenhum?

CB: O primeiro medo é: “A minha carreira vai estagnar”. Hoje em dia eu vejo, cinco meses de licença-maternidade não são nada. Eu não tive licença-maternidade estendida, então eu tive os quatro meses e mais um de férias nos dois lugares em que trabalhei, mas o meu medo era esse. Por isso que eu tinha lá atrás a cabeça de: “Preciso ser gerente antes de ser mãe”. O meu medo era: “Durante um tempo, será que a minha carreira vai estagnar? Será que depois as pessoas vão entender que eu continuo sendo uma boa profissional? Que eu continuo entregando os resultados que eu preciso só porque tenho um bebê pequeno em casa?” Então a minha angústia era essa, que eu acho que é a angústia mais comum, geralmente o que mais escuto.

P&F: Quando engravidou pela primeira vez, qual área você estava?

CB: Eu trabalhava numa área, só com homens, de planejamento estratégico em uma franqueadora de varejo farmacêutica. Mas a minha sorte é que eu tinha um gestor homem que era incrível, ele falava: “Sua hora de ser mãe é a sua hora de ser mãe. Você decide, você não tem nem o que pensar” Eu sempre tive muito apoio. Eu tinha medo, mas das pessoas mais próximas, eu sempre tive o apoio e essa tranquilidade.

Conhecemos de perto o escritório da Ri Happy para fazer esta entrevista! Na foto, está a Carol e Andressa Simonini, editora-executiva da Pais&Filhos (Foto: Pais&Filhos)

P&F: Mas é engraçado que o medo não deixou você se parar ali, né?

CB: Não.

P&F: Ficar colocando metas faz você atingir e criar novas, certo? Se pensar muito, a maternidade acaba sendo deixada de lado!

CB: É isso! Você tem o primeiro objetivo, depois outro. Aí você sempre pensa: “Poxa dá para ir mais um pouquinho”. Mas o mais engraçado é que, racionalmente, eu tinha as metas, mas me lembro perfeitamente do momento que decidi ser mãe. Lembro de estar sentada no sofá da minha casa olhando para a quina de um móvel que eu tinha da casa antiga e falei: “Caramba, quando um bebezinho começar a andar, a altura do móvel está exatamente na cabecinha do neném”. Eu nunca tinha pensado nisso. Lembro que eu virei para o meu marido e falei: “Acho que tá na hora da gente pensar em ter filho”. Foi assim.

P&F: Você acha que se não tivesse atingido a meta profissional que você mesmo estipulou como ideal antes de ser mãe, você não teria sido naquele momento?

CB: Acho que eu teria sido, mas seria um conflito maior para me convencer o seguinte: Qual é a minha prioridade? Por que quando você vira mãe, você começa a elencar prioridades. Eu acho que teria pensado: “Tudo bem, não bati essa meta. Mas essa é a minha prioridade agora”. Eu falo que até você ser mãe, você faz uma série de escolhas, mas pode ter uma prioridade um dia, ter outra prioridade em outro. Você pode mudar. Quando você vira mãe, pelo menos para mim, é uma prioridade muito clara e o resto orbita em volta da maternidade. Por mais que eu seja extremamente dedicada ao trabalho, se o colégio me liga e fala: “Seu filho tá passando mal”, esquece, saio correndo na hora.

P&F: Como foi sua gravidez no trabalho?

CB: Das minhas amigas próximas, eu fui a primeira a engravidar. Então, a ignorância é uma benção. Minha gravidez foi muito tranquila. Eu fui uma pessoa que não enjoei, não tive nenhum problema, ia a pé para o trabalho, eram 20 minutos de caminhada. Depois chegou um período que eu demorava meia hora, porque ia andando com a respiração pesada. Eu sou bem pequenininha e engordei bastante. Você começa a ter uma locomoção mais complexa. Uma vez um ônibus passou e eu estava atravessando na rua. O ônibus parou, o motorista olhou para mim e falou: “Você está indo para lá?” Eu falei: “estou”, ele respondeu: “Você quer subir?” Eu já estava super grávida precisando de ajuda, aí eu falei: “Poxa, não, obrigada”. Porque eu ia andando devagar, mas consegui até o final da gestação. Já no trabalho, quando eu contei, não sentia nenhum tipo de retaliação ou questionamento, nada disso e eu sempre tive muito na cabeça o seguinte: “A minha área é a minha responsabilidade”. Então, se eu vou passar 15 dias de férias, ou cinco meses de licença, ou eventualmente precisar de uma licença médica, preciso deixar a área pronta para responder pelo que precisa.

P&F: E como foi contar sobre a gravidez na empresa?

CB: Esperei três meses, até porque eu perdi um primeiro. Na verdade eu tive dois abortos. Perdi um, em seguida veio o Gabriel, meu primeiro filho. Tentei de novo, perdi, e em seguida veio a Malu, minha segunda. Eu falo que tenho dois bebês arco-íris. No momento que contei, disse: “Estou grávida de 3 meses, então a data prevista é mais ou menos em março. Uma preocupação que vocês não precisam ter é que a área vai funcionar, independente de mim”. Eu sempre trabalhei para que eu seja um diferencial no que estou fazendo, mas que eu não seja básica. Porque no básico não precisa de mim, certo? Foi uma gravidez tranquila, todas as vezes que eu precisei ir ao médico, fui,  e não precisei fazer repouso.

P&F: Sua experiência foi boa, mas você já viu ou ouviu alguma retaliação em ambientes de trabalho?

CB: Já escutei: “Cuidado, quando você for contratar veja se tá em idade reprodutiva”. E na época, como eu não era mãe e eu tinha poucas amigas (mães), eu nem entendia o quanto isso era absurdo. Eu nunca executei porque sempre priorizei mulheres independente de serem mães, mas achava estranho. Eu lembro de um diretor que tive durante pouco tempo. Assim que retornei da licença-maternidade, ele me chamou e falou sobre uma outra funcionária assim: “Fulana está indo bem? Ela está grávida?”. Eu respondi novamente: “Que ela tenha aberto para mim, não”. Ele falou: “Porque ela tá meio gordinha, eu fiquei preocupado de ela estar grávida”.

P&F: Como se sentiu?

CB: Eu já era mãe. Então essa foi a primeira vez que eu ouvi uma coisa que não era direcionada a mim. Eu não confrontei ele nem nada, mas lembro que falei: “Se ela está grávida tem o direito de contar ou não para mim”. Eu lembro que eu falei: “Olha que surreal”. E era um pai, tinha uma filha mais velha e eu pensei: “Oi? Como assim?”. Fui conversar com uma amiga no RH e alertei: “Só para vocês saberem com quem estamos lidando aqui”. Eu lembro que uma própria menina do RH, que era bem mais nova, falou: “O pessoal mais velho às vezes pensa assim mesmo, né?”. Você vê que era um modelo isso. Eu estou falando de algo há sete anos, não tem muito tempo, mas era assim. É ruim, mas infelizmente é bem normal ouvir uma coisa dessas. Ainda justificam que porque a pessoa tem mais de 60 anos é normal ouvir isso.

P&F: É muito duro mesmo, é violento para nós! Ainda mais para você que tem uma menina e um menino. Como é a profissional Carol antes e depois do primeiro filho?

CB: A maternidade traz uma urgência pela produtividade, porque você não tem tempo a perder. Então a minha essência é a mesma, isso eu realmente acho que não mudou, mas fiquei muito mais focada, e eu já era uma pessoa prática. Eu falo: “Gente, direto ao ponto”. Às vezes as pessoas falam: “Nossa, será que você ficou impaciente?” Não, eu acho que eu fiquei direta e assertiva. Mãe não tem tempo para perder porque para você equilibrar essa rotina é muito difícil, então eu tenho pouco tempo para ficar com as crianças. Quando chego em casa, meus filhos vão dormir, então para mim qualquer hora é relevante.

P&F: Quanto tempo você fica com eles, por dia, durante a semana?

CB: Eu fico uma hora de manhã, porque faço lancheira, arrumo para ir para o colégio e fico mais uma hora meia-noite, de segunda a sexta é isso.

P&F: E você conta com uma rede de apoio? Porque você mora em São Paulo, sua família não é daqui, como é a sua rede de apoio para cuidar dos seus filhos hoje?

CB: Eu tenho a Edna lá em casa que é a babá das crianças. Se ela me ligar hoje e pedir demissão, eu ligo para o Ronaldo (CEO do grupo RiHappy) e também peço demissão. Ela está comigo há três anos e é muito maravilhosa, me ajuda demais. É um grande apoio. Eu tenho o meu marido, mas ele trabalha no mercado financeiro, então as horas disponíveis são menos do que as minhas. Quando tem alguma urgência, a gente se organiza. Acaba ficando um peso um pouco mais em mim, mas a gente consegue se organizar. Mas é com isso que eu conto. Quando eu preciso e é planejado, eu conto com a minha mãe e minha sogra, que moram no Rio de Janeiro.

P&F: No dia a dia então, são vocês dois e a Edna apenas?

CB: Tem também a vizinha maravilhosa que ajuda de vez em quando, eu tenho uma irmã que é mais nova, ela mora aqui em São Paulo, mas também trabalha de segunda a sexta, então se acontece algo, eu vou viajar, a Edna está doente, por exemplo, eu falo: “Bruna, dá uma ajuda aqui? Trabalha aqui de casa?”. Ela é “dinda” das crianças, mas também tem que ser planejado. A gente vai se organizando…

P&F: Quando se é mãe tem que ser tudo mais prático, fácil, porque não tem tempo a perder. Mas você fica cansada?

CB: Cara, eu fico exausta, A gente trabalha muito aqui assim e quando chega sexta-feira o pessoal fala: “Nossa que bom, né? Final de semana, você vai descansar” eu falo: “Não gente, o descanso é praticamente de segunda a sexta”. Porque segunda a sexta é o intelecto, é você resolver “pepino” e tal. No fim das contas, você não tem a vida de ninguém dependendo de você. Meus filhos acordam às 6:40! As pessoas falam: “Que horas eles acordam no dia em que eles não vão para o colégio?” Na hora de ir para o colégio! Porque essa é a realidade, então é nonstop, de sábado e domingo não descanso.

P&F: Para priorizar a profissional, a mãe, a namorada e amiga que é, você consegue tirar um tempo para si mesma? Tem alguma coisa na sua rotina que você fala: “Isso aqui eu faço para mim toda semana, todo dia”?

CB: Olha, são pequenas coisas. Quando eu falo pequenas, de repente quem não é mãe pode não entender. À noite, eu faço um chazinho e leio o meu livro, no Kindle. São tipo 30 minutos antes de dormir, mas é o meu momento. Há seis meses, eu comecei a fazer massagem toda terça-feira à noite. Um dia ou outro eu tenho uma reunião, ou a criança está doente, neste caso eu despriorizo.

P&F: A maternidade pode ser um benefício para as empresas?

CB: A mulher fica mais produtiva, mais focada, mais segura. Porque depois que você é mãe — pelo menos essa é a minha experiência — você sente que você pode tudo. Porque depois que você amamenta, você vê que é o alimento do seu filho, a existência daquele ser que depende única e exclusivamente de você. Eu falo que a minha meta de bônus era chegar na pediatra e ela falar: “Engordou”. Minha missão de vida é manter essa criança nutrida e crescendo. Isso me deu uma segurança, uma autoconfiança, porque assim, eu sou muito apaixonada pelo trabalho, sempre trabalhei pra caramba, mas hoje eu falo que isso aqui é só o trabalho. E não é porque eu despriorizo o trabalho, eu trabalho muito. Mas quando você tem a vida dos seus filhos em casa, você consegue até priorizar melhor. Às vezes as pessoas falam: “Carol, tem um problema!”, eu falo: “Senta, calma” porque o problema é a morte. Qualquer coisa se resolve”.

P&F: Quem está bem consigo mesmo trabalha melhor. Ser produtiva não quer dizer ficar horas a mais no trabalho, certo?

CB: Para ser exatamente produtiva eu sei o que preciso fazer, eu sei para quem eu preciso delegar. Tenho um time hoje que é excelente. Quando você vai crescendo, vai ganhando segurança e autoconfiança, você começa a ver o seguinte: “O que depende de você?” Tanto que hoje eu falo que eu sou uma facilitadora do meu trabalho aqui, se eu saio da companhia hoje, a companhia não muda. Eu sou uma facilitadora, eu consigo criticar nos momentos certos, eu faço as provocações que acho que leva as pessoas a irem para outros patamares, mas o time toca e a gente dá essa confiança para todos os times tocarem. O que é delegado, o que você tem que ver, o que que você tem que aprovar, o que que não tem? O que você gera é confiança e autonomia em cada um para ter autonomia para tocar.

P&F: Você sempre foi assim ou só depois que virou mãe?

CB: Eu fiquei muito melhor depois que eu virei mãe, muito melhor. Eu era mais insegura, eu dava menos a cara a tapa, quando alguém chamava para alguma coisa eu ponderava mais falava: “Aí, não, mas será que eu tô pronta? Será que faz sentido?” Hoje eu falo: “Pronto, 100%, ninguém está”. Quando as pessoas me procuram e falam: “Eu estou pensando em ser mãe, mas não estou me sentindo pronta”, eu falo que até hoje não estou, então fica tranquila. A mulher é isso, pronta para a próxima posição, pronta para ser mãe. Mas eu acho que esse é o grande ponto, porque você ganha uma segurança, uma autoconfiança gigante, que faz com que você consiga primeiro empoderar outras pessoas. Agora eu estou sem grávidas na área. Eu falei: “Gente, ‘bora”.

P&F: Isso é uma coisa legal. Como você enxerga as contratações hoje na Ri Happy? O que você enxerga o mercado como um todo?

CB: Eu acho que evoluiu um pouco, mas a gente ainda tem um caminho gigante para evoluir na contratação de mulheres, de grávidas. Temos que não perguntar mais se a pessoa está tentando ter filhos, se você vai ser mãe, não vai ser mãe. Enfim, a gente precisa normalizar que isso vai acontecer e tudo bem. Por exemplo, aqui na companhia tem uma coisa muito legal que eu nunca vi em lugar nenhum, toda vez que alguém entra de licença-maternidade você pode contratar um [funcionário] temporário. Se não estiver internalizado nas pessoas que o sistema tem que funcionar, a companhia coloca uma pessoa para ajudar.

P&F: E quando contrata essa pessoa temporária vocês também deixam muito claro para essa mulher que está “saindo” que não precisa ter uma insegurança na hora de voltar?

CB: Eu senti isso mesmo na minha área, sou uma pessoa que fala abertamente disso, pergunto isso porque priorizo mesmo. Eu sempre me apresento como: “Eu sou a Carol, mãe do Gabriel e da Malu”. No meu LinkedIn tem “Mãe” e há quanto tempo eu sou mãe. Quando pergunto, não estou julgando absolutamente nada. Tem a Camilinha na área que já foi pro terceiro fillho, eu falei: “Camilinha, vamos para o quarto?” e ela: “Não, não”. Falei: “Mas se quiser, luta pelo quarto, hein? Tem problema não!”. Eu tive aqui na área uma pessoa maravilhosa. Para uma recém-contratada, eu já falei: “Carol, o seu lugar está aqui. Não se preocupa, tira a sua licença-maternidade, tira a sua licença-amamentação”. As pessoas já entenderam que esse é o modelo. Então, empodera mesmo.

Carolina fala abertamente dentro da Ri Happy sobre a importância de não só contratar mães, mas sim priorizá-las em um processo seletivo (Foto: Pais&Filhos)

P&F: Você acha que tem uma grande parcela na mudança desse pensamento aqui na Ri Happy hoje?

CB: Como mãe, sim. Mas na discussão de mães e da importância disso, da gente não olhar, da gente não perguntar, acho que eu e a Alexandra, que é a nossa diretora de RH e tem um filho pequeno também, somos bastante responsáveis por trazer esse assunto à tona, falar disso com naturalidade e deixar as pessoas à vontade de fazer as suas escolhas. A maternidade não pode ser uma decisão que tem que partir da empresa. Isso é uma decisão pessoal. Eu falei que aqui a gente vai acolher, a empresa tem que engolir isso como uma coisa natural, porque os homens estão sendo pais, entendeu? Eu quero gente boa na minha equipe. Eu quero gente que entrega, que é competente, que é engajada. O que são cinco meses para uma pessoa que vai passar três, quatro anos aqui? Que diferença vai fazer? E se a pessoa é boa mesmo, ela deixa as pessoas organizadas. Sério, não tem impacto.

P&F: Qual mensagem você deixaria para as mulheres que estão no mercado ou em empresas, mas que não têm um ambiente tão cuidadoso como aqui? Não só “vá procurar um lugar como a Ri Happy”. Como lidar? O que ela pode fazer?

CB: Dá medo mesmo. Você escolhe uma empresa e a empresa escolhe você. Então, se isso é algo relevante para você, pesquise antes ou entenda se aquela empresa é para você. Porque a gente se coloca às vezes numa posição de: “Vou fazer uma entrevista, ter alguém me avaliando”. Você também está avaliando a empresa, então avalie se aquela empresa é para você. E fale, procure pessoas que estejam na mesma situação, procure outras mães, procure as mães que estão no RH, procure mães que estão na liderança, procure mulheres que, de repente, não são mães ainda, mas entendem. Procurem. Na última empresa que eu trabalhei, quando entrei na Óticas Carol, fiz entrevista com a diretora da época que não era mãe. Eu não estava no mercado porque resolvi parar por 6 meses para ficar com o Gabriel, e na entrevista eu falei: “Olha eu vou ser mãe ano que vem”. Na época, meu marido disse: “Você é doida, falou na entrevista que vai ser mãe do segundo ano que vem”. Eu falei que sim. E a resposta foi: “Carol, é você”. Lá na Óticas Carol eu perdi um bebê e depois tive a Malu, lembro que eu falei: “Eu preciso falar com você”, puxei minha diretora para uma sala, e ela perguntou: “Você vai sair?” eu falei que não, disse que havia sofrido um aborto, ia ter que fazer uma curetagem e que precisaria tirar a sexta-feira, ela falou: “Carol, minha preocupação foi você me falar que ia sair, fica tranquila”. Então eu acho que você encontra pessoas! A gente tende a achar que só as mães entendem. Claro que é muito mais fácil, mas quanto mais a gente fala, mais a gente faz com que homens e mulheres saibam sobre isso.

P&F: Carol, no começo desta entrevista, você falou que tinha uma meta para ser mãe. Hoje você já tem dois filhos, quais são as próximas metas?

CB: A minha meta hoje é ver meus filhos crescerem como bons cidadãos no mundo. Quando meu filho nasceu, eu falei: “Caramba, um menino!” Eu quero que ele seja um cara respeitador, que ele entenda a posição das mulheres. Um cara que seja bom para a sociedade. E aí quando eu descobri que eu estava grávida de uma menina eu falei: “Minha filha vai ser o que ela quiser”. E hoje em dia minha filha de 3 anos é o que ela quiser, então estou aqui pra ser a facilitadora das pessoas no time, que eu prezo muito pela gestão de pessoas aqui dentro, e para empoderar mais mulheres e dar mais autonomia para elas terem mais confiança e mais segurança. Desejo que a gente não precise ficar fazendo ponto para mostrar que gravidez não é doença, filho é maravilhoso para quem quer ter, e não deveria ser um problema para ninguém. Então minhas metas agora são essas.

P&F: Família é tudo para você?

CB: Família é tudo para mim. Porque eu tenho a minha família dentro de casa, a minha família no trabalho, tem a minha família que não mora aqui. Mas família para mim é tudo.


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