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Mãe brasileira que mora no Líbano conta como é enfrentar o coronavírus tão longe da terra natal

arquivo pessoal
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Publicado em 06/05/2020, às 14h02 - Atualizado em 13/05/2020, às 10h43 por Jéssica Anjos, filha de Adriana e Marcelo


Sueli, 7 anos, e Kassem, 10 anos, filhos da Bárbara no Líbano (Foto: arquivo pessoal)

Bárbara Saleh, mãe de Sueli, de 7 anos, e Kassem, de 10 anos, vive com os filhos e o marido, Rada, no Líbano desde junho de 2018 e não esperava ter que enfrentar a pandemia do coronavírus tão longe da terra natal. A brasileira contou com exclusividade à Pais&Filhos como tem sido a rotina com as crianças desde que o vírus chegou ao país.

Primeiro, para entender a situação atual no Líbano é preciso saber o que aconteceu há alguns meses. “Este é um país que tem vários partidos e diversas religiões. Para cada parte do governo existe um representante de cada religião. Eles entraram em conflito e a população foi para a rua pedir a queda do governo pela primeira vez. Então, desde setembro estávamos numa temporada sem aula”, explica Bárbara. De acordo com a mãe, quando os ânimos se acalmaram e a rotina estava voltando ao normal, chegou o coronavírus.

“O Líbano é um país pequeno, é como se fosse o menor estado brasileiro. Se acontecer alguma coisa muito grave, pode acabar com a população. Por isso, o governo nos protegeu rapidamente. Entramos em quarentena em 20 de fevereiro. Somente supermercados e farmácias estão abertos”, conta a brasileira.

As crianças estão tendo aula online e no Líbano eles aprendem três idiomas: inglês, árabe e francês. Por isso, precisam de uma professora particular que é a única pessoa que está frequentando a casa da família. “A gente se protege, usa máscara, mas eles precisam dessa aula”, comenta.

Um detalhe que dificulta a vida em quarentena é que o país não está preparado para as pessoas pagarem as compras via cartão, tudo precisa de dinheiro vivo. “Você precisa retirar no banco (que está funcionando poucas horas por dia com rotatividade) e como ainda estamos em uma revolução, é a primeira vez que o dólar oscila, isso mexeu na moeda. Aqui podemos pagar com dinheiro libanês, lira libanesa e com dólar”, detalha Bárbara.

Assim como no Brasil, no Líbano há rodízio dos carros para diminuir a circulação das pessoas. Se o seu veículo termina com placa ímpar, não pode rodar nos dias ímpares, e quem tem placa par, não anda em dias pares. “Além disso, há um toque de recolher à noite. Aos domingos não podemos sair, só é permitido cada pessoa sair de casa três dias por semana”, explica.

Atualmente o Líbano tem 870 casos confirmados de coronavírus e 26 mortes. Bárbara comenta que a saúde no país é diferente do Brasil. Ela e a família moram há 20 minutos da fronteira com a Síria e quando precisam de algo vão até Beirute, que é a capital do Líbano. “Em Beirute temos a Universidade Americana, é como se fosse a Santa Casa e Hospital das Clínicas”, compara.

Bárbara com a família: o marido Rada e os filhos Sueli e Kassem. Na primeira foto eles estão no Egito e na segunda, em Dubai (Foto: arquivo pessoal)
  • Como a família chegou no Líbano

Bárbara conta que ela e o marido, Rada, após o casamento moraram no Egito por causa do trabalho dele. “Enquanto estava lá montei um blog que chamava ‘Uma Mãe das Arábias” e virou um portal de maternidade. Voltamos para o Brasil quando eu estava grávidaem 2009″, relembra. Quando ela chegou em São Paulo, abriu uma loja virtual de brinquedos educativos chamada “Bazar das Arábias.

Sueli, a filha mais nova, chegou para completar a família em 2012. Em 2015 eles se mudaram para Recife e Bárbara precisou fechar a loja.

“Trouxemos as crianças para o Líbano em junho de 2018 para aprender a cultura, porque somos muçulmanos e também queríamos que eles aprendessem árabe e inglês”, conta. A mãe diz que tudo foi conversado. Eles disseram para os filhos que seria um desafio familiar e que não seria fácil. “Mas deixamos claro que no futuro seria algo muito importante para todos nós. Eles toparam e nós viemos para cá”.

Uma história engraçada que Bárbara compartilhou com a gente é que Sueli chegou no Líbano com 5 anos e logo participou de uma colônia de férias. “Ela voltou para casa dizendo que passou fome, porque não sabia como explicar que gostaria de repetir o lanche”, conta a mãe rindo.

Já a adaptação à cultura não foi muito complicada. “Meu marido é libanês e nós já somos muçulmanos. A maioria das coisas foram fáceis, porque nós já usávamos a cultura dentro de casa”, explica. Bárbara conta que teve a oportunidade de reabrir a loja online “Bazar das Arábias”(@obazardasarábias) e enquanto ela cuida do negócio do Líbano, tem uma equipe cuidando da parte física aqui no Brasil, em São Paulo.

A brasileira comentou com a gente sobre uma festividade muito importante para os muçulmanos que este ano, por conta do coronavírus, será muito diferente: o Ramadã. A celebração vai até o dia 23 de maio, Bárbara explicou detalhes para a gente: “É um jejum completo de água e comida que você faz do nascer até o pôr do sol. Nos alimentamos assim que o sol se põe. Como o calendário muçulmano é lunar, a gente precisa ver a resposta da Arábia Saudita para saber quando iremos começar o jejum”.

Um detalhe importante é que após o pôr do sol, as famílias e amigos se reúnem para fazer a quebra do jejum. “São 4 ou 5 famílias juntas e cada um leva um prato de comida. É como se fosse o Natal do Líbano. Mas será a primeira vez que não vamos poder fazer esse ritual”, comenta.

Apesar da mudança que o coronavírus causou na rotina das famílias e ter tanta notícia triste em volta deste tema, não podemos deixar de ter esperança. “Esse vírus chegou para dar um pause no mundo e olharmos para dentro, enxergarmos as pessoas que realmente se preocupam com a gente”, defende Bárbara. Ela comenta que antes a desculpa dos pais era não ter tempo. “Mas não percebemos o que estava sendo perdido. Você percebe que tudo o que importa está dentro de casa”.

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