Publicado em 04/08/2020, às 10h12 - Atualizado às 10h17 por Camila Montino, filha de Erinaide e José
Há dois meses, completou neste último domingo, 2 de agosto, o sofrimento de um mãecomovia Pernambuco. O fato, que depois emocionou o Brasil e, finalmente, chegou ao conhecimento da imprensa internacional foi o falecimento do garoto Miguel, 5 anos, no dia 2 de junho.
O menino não resistiu ao cair de uma altura de 35 metros do 9º andar do edifício Pier Maurício de Nassau, bairro de São José, após ser deixado sozinho no elevador pela patroa da mãe, a primeira-dama do município de Tamandaré, Sarí Corte Real.
Sessenta dias depois do ocorrido, a mãe de Miguel, Mirtes Renata de Souza, conversou com o Diário de Pernambuco sobre como está a rotina, as homenagens recebidas que mais a emocionaram e o que espera da Justiça depois que o Ministério Público de Pernambuco denunciou Sarí por abandono de incapaz com resultado de morte.
“Estou bem, na medida do possível. Hoje (domingo) pela manhã fui treinar com o pessoal do grupo de corrida Os Coiotes, do qual participo. Estou recomeçando aos poucos, caminhando antes de correr. Eles fizeram uma homenagem a Miguel e a mim lembrando estes dois meses com cartazes, rezas. Foi simples e bem emocionante. Agora, estamos esperando o juiz marcar as audiências após Sarí apresentar sua defesa, mas não sei quando e se ela recebeu a notificação”, disse.
A mãetambém detalhou como está a rotina sem o filhoe disse que está tentando recomeçar. “Voltei a caminhar. Fora isso, fico em casa, assisto filme, ligo para os meus advogados para tirar dúvidas… vou levando. Tenho procurado, entretanto, sair para resolver uma coisa ou outra, sempre buscando fazer algo porque ficar em casa é pesado. Está muito difícil o silêncio na minha casa. Miguel era a alegria daqui, a luz e agora estamos só eu e minha mãe. Eu pretendo trabalhar, até já recebi propostas. Agora, entretanto, não posso me comprometer porque estou precisando resolver coisas com os advogados, em breve ir às audiências. Então, não posso segurar nenhuma oportunidade de emprego”, afirmou.
Mirtes ainda falou sobre o apoio das pessoas após o caso ganhar repercussão. “Elas me trazem palavras de conforto, dizem que estão junto conosco, rezando, e me dão muita força. Esta semana encontrei uma mulher que chorou dizendo que sente minha dor como se fosse a dela. Muita gente se apegou a Miguel como se fosse um filho, um parente e também querem justiça, que o caso não fique impune”, desabafou.
Ela ainda contou sobre as homenagens que o filho recebeu e agradeceu os gestos. “Todos me tocaram muito. Me emocionei muito com as grafitagens, caricaturas. Dentre elas, uma que representou Miguel como um anjo; o canto de uma moça, Daniele Rebelo, no Facebook (toda vez que assisto, choro), e a do Ilê Vivo, da Bahia, que fez uma música muito forte e extremamente verdadeira sobre o meu filho. Algumas pessoas de fora do país também me chamam para conversar, então exponho o caso e agradeço a todos que pedem justiça junto comigo, para que Miguel não seja mais um na estatística”, ressaltou.
A mãe, falou sobre as expectativas para os próximos passos na luta por justiça. “Que a marcação das audiências não se prolongue muito e que Sarí seja condenada, presa, que pague pelo erro dela e que isto sirva de lição pra muitas pessoas”, finalizou.
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