Publicado em 19/09/2020, às 08h51 por Letícia Mutchnik, filha de Sofia e Christiano
A médicapatologista e professora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), Marisa Dolhnikoff, segundo a BBC, buscando entender mais sobre as mortes infantis pelo Covid-19, um grupo brasileiro ganhou destaque por usar um método de autópsia diferente para estudar os casos.
Tendo em vista o seu objetivo, a Universidade foi a primeira no mundo a identificar o novo coronavírus no coração de uma criança, que faleceu de uma manifestação anormal da doença. O estudo dessa descoberta saiu na Lancet Child and Adolescent Health, Lancet Saúde da Criança e do Adolescente, em português, ganhando destaque internacional. Para seguir com a missão, o grupo quer entender outras quatro mortes infantis pelo Sars- CoV-2, no Hospital das Clínicas da FMUSP.
Com o costume de usar a autópsia como instrumento de pesquisa, em busca de futuramente conseguir salvar mais crianças, a Faculdade de Medicina, está trabalhando sem parar. Eles buscam entender o que está fazendo essas crianças morrerem, o que também pode ser crucial às demais.
“O estudo que a gente quer fazer seria mostrar o espectro de possíveis apresentações da covid grave em crianças que chegaram a morrer e em que pudemos fazer autópsia”, disse a médica Marisa.
A Sindrome Infamatória Multissistêmica Pediatrica (SIM-P), segundo Ferranti: “É uma doença em que diferentes partes do corpo podem ficar inflamadas, incluindo o coração, pulmões, os rins, pele, olhos e orgãos gastrointestinais”. Apresentando vários outros sintomas, dentre eles, dor abdominal, vômitos, manchas na pele, olhos vermelhos e sensação de cansaço.
O estudo publicado na revista relatou o caso de uma criança de 11 anos, que faleceu com um grave caso de SIM-P. Mas a dúvida que restava era a conexão entre o coronavírus com a síndrome inflamatória, que a bióloga e professora da FMUSP revelou: “A maior parte do citoplasma está preenchido por miofibrilas (que aparecem aqui como massas escuras). Ao se contraírem, as miofibrilas promovem o batimento cardíaco eficiente e regular em um coração normal”.
No entanto, ao observar a imagem, percebe-se que em determinados lugares (como o circulado em vermelho) essas miofibrilas aparecem degeneradas. “No caso dessa criança havia muitas células musculares cardíacas total ou parcialmente degeneradas.”, adicionou. O coronavírus fica presente nessas células lesadas, mostrou o Chefe do Centro de Microscopia Eletrônica da FMUSP, Caldini.
A patologista Marisa Dolhnikoff contou que no trabalho mostraram que a insuficiência cardíaca tinha sido causada pela presença do vírus no coração. Mas não só como o coronavírus danificou os tecidos do órgão, ele também foi responsável pela resposta inflamatória no lugar.
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