Publicado em 23/03/2022, às 08h45 por Luiza Fernandes, filha de Neila e Mauro
O projeto da ‘Lei Henry Borel’ foi aprovado e prevê que crimes praticados contra menores de 14 anos tenham a pena aumentada. Por causa disso, Leniel Borel, pai de Henry, se pronunciou e comemorou a chegada da nova lei.
“Obrigado a todos por esta grande vitória pelas nossas crianças, pelo nosso Brasil! Gratidão aos nobres Senadores(as), aos Ilmos Deputados(as), os quais representam uma grande nação que clama por justiça: 76 votos = Sim e 0 votos = Não, é o que verdadeiramente nos representa!”, publicou Leniel, nas redes sociais.
E ainda completa, “As nossas crianças precisam ser protegidas! Hoje o Brasil inteiro torceu, chorou e vimos juntos um marco na história em defesas das crianças e adolescentes. Assim como eu, existem também outros pais na mesma situação caótica e monstruosa, sem seus filhinhos, sem seus amores, roubados desta vida por tamanha brutalidade. Hoje tenho representado esses pais, com uma luta grandiosa, porém árdua a seguir. Junto com estes milhares de pais brasileiros que lutam por justiça pelos seus filhos e contra todos os monstros agressores de crianças”.
A publicação foi acompanhada de um vídeo com uma série de fotos de Henry. Diante disso, ele escreveu: “A Lei Henry Borel não se aplica na justiça pelo meu filhinho, mas criará mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra qualquer criança e adolescente do nosso país (…). Juntos podemos fazer a diferença, pois sempre seremos mais fortes unidos! Filho, a sua morte despertou um desejo de justiça em toda uma nação. Hoje não é apenas o papai que luta por você, mas o Brasil inteiro está lutando por você e todas as crianças vítimas de maus-tratos”.
Henry Borel foi morto em março do ano passado, e os principais acusados pelo crime são a mãe de Henry, a professora Monique Medeiros e o padrasto do menino, Dr. Jairinho – que chegou a ser vereador antes das acusações.
O Senado aprovou na última terça-feira, 22 de março, um projeto de lei que torna crime hediondo o homicídio contra menor de 14 anos, quando o crime é cometido pelos pais. A proposta havia sido protocolada pelo deputado Hélio Lopes em 2020 e ganhou força após a repercussão da morte de Henry Borel, em março de 2021.
O texto já havia sido aprovado pela Câmara, mas como agora foi alterado pelos senadores, precisará voltar para a análise dos deputados mais uma vez.
Um crime é considerado hediondo quando é praticado com crueldade e causa certa repulsa e muitas reações negativas da sociedade no geral. Quando é chamado de hediondo, o criminoso não tem mais direito de fiança, induto ou anistia. Nesse caso, o acusado também precisa cumprir o início da pena em regime fechado.
O projeto de lei também olha para outros crimes relacionados à infância. Ele amplia as punições relacionadas ao abandono de incapaz, quando a negligência dos pais gera lesão ou até a morte da criança ou adolescente. Hoje, o Código Penal prevê pena de reclusão de quatro a 12 anos, em caso de abandono de incapaz que resulte em morte. O novo texto cria a classificação “homicídio contra menor de 14 anos” e a coloca como uma variação de homicídio qualificado, em que a pena é de reclusão de 12 a 30 anos.
Além disso, o texto também aumenta a punição em em dois terços se o responsável pela morte do menor de 14 anos ocupar os seguintes papéis: pai ou mãe, padrasto ou madrasta, tio, irmão, cônjuge, companheiro, tutor, curador, preceptor (que orienta na educação da criança), empregador da vítima ou qualquer outra pessoa que exerça autoridade ou cuide dela. A punição também pode ser dobrada caso a criança ou adolescente tenha alguma deficiência ou doença que faz com que ela seja mais vulnerável.
Para o advogado Alexandre Aroeira Salles, pai de Thiago, Francisco e Izabela, o que vai mudar, de fato, a situação e impedir que casos como o do menino Henry Borel aconteçam de novo é uma mudança no comportamento das pessoas: “Isso vai acontecer no momento em que elas perceberem que existem dois movimentos concomitantes: presença de uma polícia cortes, educada e preventiva, que identifica rapidamente casos de violência infantil e uma educação na sociedade”.
Isso está diretamente ligado à normalização da violência e ao entendimento de que a palmada é uma maneira de educar a criança. Diversos estudos já comprovaram que, além de não existir nenhum efeito positivo, os castigos físicos também comprometem a saúde mental daquele indivíduo em formação e aumentam as chances dessas crianças desenvolverem depressão, ansiedade, baixa autoestima e dificuldade para tomar decisões. Publicado pela Universidade de Oxford, uma pesquisa mostrou que bater em crianças prejudica, inclusive, o desenvolvimento neurobiológico do cérebro.
Muito além das palmadas, os castigos físicos também são os empurrões, beliscões, sacudidas ou até mesmo tapas como forma de interromper um comportamento de desobediência. Desta maneira, a tendência é que a criança passe a entender a situação como “normal” e comece a reproduzir os fatos no dia a dia. “A base para uma boa educação começa com uma relação de qualidade entre pais e filhos, para que os filhos possam ter nesses pais uma referencia e assim, absorvam os limites e ensinamentos que lhes estão sendo passados. E uma relação de qualidade não é construída pelo medo, mas com firmeza e amor!”, explica Francielle Tosatti, Pediatra, da Sociedade Brasileira de Pediatria, especialista em Emergências Pediátricas pelo Instituto Israelita Albert Einstein e filha de Mari e Vilson.
Segundo dr. Ronaldo Coelho, psicólogo e psicanalista, os castigos físicos podem trazer diversos traumas ao comportamento da criança, além de prejudicar no desenvolvimento saudável. “O grande problema de bater numa criança com o intuito de educá-la é que assim os pais estão ensinando a seus filhos ao menos três coisas que estão erradas. A primeira é de que a violência educa, e assim seria legítima forma de proceder com as pessoas vida adentro, sobretudo as mais fracas”.
“O segundo é que se pode resolver os problemas por meio da força física, que esse é o meio. Deste modo, o último ensinamento é de que no mundo vale mesmo a lei do mais forte, quem pode mais chora menos. Assim a criança aprende que justiça e razão não são importantes, o que importa é saber se ela é mais forte ou mais fraca que o outro. Esse é um efeito nefasto que traz danos sociais importantes e que vão para muito além do desenvolvimento individual”, comenta. Entenda mais sobre castigos físicos.
Em março de 2021, mais um caso de violência infantil passou a repercutir nos meios de comunicação após o assassinato de Henry Borel, de 4 anos, vir à tona. O padrasto, o vereador carioca Dr. Jairinho, e a mãe, Monique Medeiros, estão sendo investigados acusados de causar a morte do menino. O caso aconteceu em 8 de março de 2021 e desde então o Brasil vem acompanhando seus desdobramentos.
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