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Pense antes de falar: como ter uma comunicação assertiva e clara no relacionamento

Estar há muito tempo em um relacionamento não te dá o direito de falar o que você quiser da maneira como bem entender - Getty Images
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Publicado em 08/08/2022, às 08h00 por Cecilia Malavolta, filha de Iêda e Afonso


Amor é ação. Não acontece de uma hora para a outra, pede coragem e paciência. É conquistado como se conquista o respeito e a confiança: com tempo. Nas relações, mesmo nas mais duradouras, esse sentimento-ato faz parte do pacote de coisas que ajuda a manter duas pessoas juntas, mas coexiste com outras atitudes de forma igualmente importante.

Resultado dessa construção relacional, a intimidade traz à tona o que há de mais complexo da dualidade das pessoas: o bom, o divertido, a cumplicidade e o acolhimento; a falta de paciência, pequenos hábitos que não são agradáveis, algumas brigas. Nesse cenário em que não existe preto no branco, mas uma mistura cinza que forma cada um dos envolvidos na relação, trabalhar juntos para que o relacionamento percorra caminhos saudáveis, ainda que com algumas pedras, é a saída para conseguir levar adiante algo que ambas as partes almejam.

O desgaste e o amor

Muita intimidade derruba todas as cortinas e você se mostra completamente despida de qualquer tentativa de não se mostrar exatamente como você é – não há disfarce nem das partes feias, algo que o amor dá conta por si só de enxergar de maneira bonita e tranquila. Junto disso, a rotina e o cansaço quebram o encantamento do belo e expõem as rachaduras de uma relação, e essa dupla é implacável.

Estar há muito tempo em um relacionamento não te dá o direito de falar o que você quiser da maneira como bem entender
Estar há muito tempo em um relacionamento não te dá o direito de falar o que você quiser da maneira como bem entender (Foto: Getty Images)

Mesmo quando há muito carinho, amor e admiração, é natural que alguns casais briguem. As divergências de opiniões e vontades acontecem, mas é preciso saber os limites: estar há muito tempo ao lado de alguém não é justificativa para você falar o que quiser, da maneira como bem entender, e faltar com respeito.

“Existem algumas coisas que fazem com que isso aconteça. Nenhuma delas é boa, obviamente. A primeira delas é que eu tenho confiança e certeza nesse relacionamento e eu vou me dar ao direito de ser eu, de descarregar minhas sombras naquela pessoa porque ela vai suportar. Eu vou pedir desculpas, ela vai aceitar”, cita Tatiana Paranaguá, psicóloga clínica junguiana, mãe de Luísa e do Davi, professora da PUC-Rio, Casa do Saber e diretora do Centro Junguiando.

Sem romantizar

“A gente nasceu para amar e ser amado, não tem nada além disso. Pense bem: o que tem no mundo, além de amar e ser amado? O que se chama felicidade é o que? É estar apaixonado. É estar amando, amando os filhos. Então a vida existe para o amor”, cita Viviane Mosé, filósofa, psicanalista e poeta.

Se na teoria o amor tudo sofre, crê, espera e suporta, na prática nem sempre é assim. Quando trazemos para a sombra os limites que permeiam uma relação, conseguimos entender que existe uma linha tênue entre essa confiança de que nada vai acontecer ao descarregar meu cansaço e frustração no meu parceiro e passar do ponto de uma relação saudável para outra cansativa e dolorosa.

“Quando eu estou em um relacionamento muito verdadeiro, ele resiste muito mais a investidas agressivas. Tem um limite, que são palavras indelicadas, uma rispidez. Depois, uma das partes percebe que está de cabeça quente, diz que vai mudar e realmente muda, senão não adianta nada”, contextualiza Tatiana Paranaguá. “Aquilo vai ter um lugar de acomodação onde eu posso ser acolhido também nos meus defeitos. Às vezes por teste, para saber se ela gosta de mim até nas minhas imperfeições”.

“Tudo isso tem um limite, principalmente quando falamos de manifestações agressivas. Se chega em um limite em que aquilo pode causar um dano físico, moral e psicológico muito profundo, é preciso parar e pensar se realmente vale contornar aquela situação. Precisamos saber de que tipo de situação estamos falando”, argumenta Tatiana.

Estabelecer limites é extremamente importante para o bem dos relacionamentos
Estabelecer limites é extremamente importante para o bem dos relacionamentos (Foto: iStock)

Nos relacionamentos saudáveis, em que há amor, compromisso e companheirismo, o lado feio desses parceiros vai dar as caras. Ter um dia ruim, estar sem paciência e, sem pensar direito, descontar a frustração no outro acontece, mas não pode se tornar um padrão de comportamento. Aqui, vale a frase: pense antes de falar. Respire, entenda de onde está vindo o sentimento de descontentamento e porque você vai falar de uma determinada maneira com a pessoa com quem você é casada e divide as intimidades de uma vida se, diante da mesma situação, você não falaria dessa maneira com um amigo. “Toda pessoa tem sombras. O que precisamos ver é como elas vão se manifestar ali dentro”, alerta a psicóloga junguiana.

Quando os filhos entram na conta

Mesmo em uma relação com muito amor, é fato que os filhos entram para somar não só em fatores positivos, mas também no cansaço. E é preciso ter a cabeça no lugar quando dois viram três (ou mais) e você passa a ser inteiramente responsável pela criação e formação de um novo ser humano.

“Ter filhos e cuidar deles é uma demanda que só quem tem sabe. Não dá para falar dessa demanda doação e transformação, de deixar de ser quem você era enquanto pessoa e casal para se transformar em pai e mãe no imaginário”, diz Tatiana. Se for identificado que as falas mais ríspidas têm como razão a falta de colaboração de uma das partes, é fundamental dizer.

“O filho precisa ser visto como dos dois. Se uma das partes estiver se sentindo sobrecarregada, é necessário falar, ver o que pode ser feito, escutar o que está acontecendo com o outro, mas saber superar também. Quando o casal se apoia um no outro para fazer o que podem, eles conseguem fazer tudo ficar mais leve”.

Comunicar é a solução

É preciso coragem para ser claro e dizer o que está realmente acontecendo, por menor que seja o incômodo. Quando não comunicada, uma questão pequena pode crescer até ficar sufocante. “O ideal é que a pessoa que está com você, que te escuta e apoia, seja preservada também para que você possa ter para onde correr e não fique envenenada com aquilo”, orienta Tatiana.

Dizer o que você está sentindo não é uma coisa simples. A comunicação não violenta, em um primeiro momento, pode parecer mais difícil de ser colocada em prática do que realmente é. Aqui, você não aponta para o outro para dizer o que está acontecendo, mas sim para você – e ser claro é extremamente importante.

Comunicar seus sentimentos de maneira clara e assertiva é a solução para vários relacionamentos
Comunicar seus sentimentos de maneira clara e assertiva é a solução para vários relacionamentos (Foto: Getty Images)

“Muitas vezes o que gera agressividade na pseudo comunicação é porque as pessoas não se comunicam de uma forma clara e assertiva. Às vezes, eu quero que a pessoa entenda que eu não quero ir para certo lugar, que alguma situação não me agrada, e eu simplesmente fecho a cara. A pessoa ‘tem que’ saber, tem que ler os pensamentos, é algo que a gente passa a cobrar de quem convive conosco de maneira muito próxima. É uma reação infantil que inviabiliza a verdadeira comunicação, que é a expressão daquilo que eu estou sentindo sem que eu coloque a culpa no outro”, explica a psicóloga junguiana. “Quando eu me expresso, eu abro o caminho para que o outro fale e a gente consiga chegar a um consenso”.

Para que as coisas funcionem, é preciso que ambas as partes cuidem do relacionamento no qual estão envolvidos. “Tudo o que mexe tem atrito, desgaste, precisa de manutenção, de troca e transformação. Casamento não é uma coisa estática. O relacionamento sou eu, o outro, a construção de vida, são dois indivíduos fazendo a mesma coisa, sem perder a noção de quem se é”, diz Tatiana. Não esquecer que vocês dois são pessoas diferentes, que se uniram em propósito de algo, é fundamental para que a relação funcione. Lembrar que ser honesto não é dizer tudo o que você pensa de qualquer maneira, mas sim comunicar de maneira clara e não violenta para que vocês dois consigam traçar estratégias juntos em prol de algo que é importante para todos.


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