Família

Relato de pai: “Não seja esse cara que arranha o coração do seu filho para sempre”

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Publicado em 20/08/2019, às 14h26 - Atualizado às 14h53 por Redação Pais&Filhos


(Foto: reprodução / Instagram)

Beto Bigatti, pai de Gianluca e Stefano, nosso blogueiro parceiro do blog Pai Mala, compartilhou com a gente um texto que escreveu sobre o quanto aprendeu com o pai a respeito da paternidade que vive hoje com os dois filhos. As palavras tocaram nosso coração e a gente tem certeza que vai tocar o seu também. Leia o relato completo abaixo:

Meu pai morreu sessenta e sete dias após receber o resultado do exame de DNA que confirmava a certeza de uma vida. Era uma manhã chuvosa de março quando me ligou, voz embargada, para contar que meu avô biológico estava reconhecido oficialmente.

Foram sete décadas tentando receber, em vão, um abraço do seu pai. Mais de 70 anos de uma ferida que nunca para de sangrar.

Meu pai foi o pai que pode comigo justamente porque nem filho havia sido direito. Não se sentia habilitado para amar, muito menos para a paternidade.

A regra é simples, mas nem sempre considerada: amor gera amor. E foi este o ingrediente que faltou a meu pai porque vivemos em um planeta onde homens acreditam que assumir seus filhos é uma escolha.

Talvez ter passado a vida escutando meu pai falar com tanta paixão daquele homem tão igual a ele, mesmos traços, mesmo cabelo ruivo, mas que o afastava a cada tentativa de afeto, talvez seu olhar vazio e as histórias duras das vezes em que se negou a receber meu pai até mesmo para conversar, todas essas feridas abertas me fizeram sentir, desde sempre, a importância de um pai na vida de um filho.

Foram estas dores que pulsavam no dia em que me ligou para contar que sim, era filho de seu pai.

A ciência precisou provar o que o orgulho não deixou meu avô sentir. Tão simples e tão duro. Das chagas, lágrimas brotaram porque, apesar da felicidade, a vontade maior era de ter escutado da boca de seu pai: “sim, você é meu filho! Sempre foi!”. Eu, do outro lado da linha, cai num choro imediato. Era um segundo nascimento para meu pai. Nós sabíamos o que aquilo significava.

Mesmo sem perceber, meu pai me ensinou a não repetir as dores da sua história. Sempre soube que não tinha o direito à escolha que alguns homens se autoconcedem. E nunca quis ter.

Estou criando dois homens, confio no meu exemplo, mas ainda hoje, décadas após meu avô ter se negado a amar seu filho, é necessário reforçar, até para os meus, que nossa sociedade é limitada, machista e preconceituosa. Mas que acima disso tudo, está o nosso amor.

Deste afeto, espero que brote uma geração de homens melhores, que compreendam verdadeiramente que a paternidade (e a maternidade) são uma imensa missão, a de criar homens e mulheres íntegros a partir do afeto e da presença.

(Foto: reprodução / Instagram)

O número de homens que não fogem dos sorrisos apaixonados de seus bebês, da primeira corrida de bicicleta sem rodinhas, de levar seus filhos na emergência ou de ir às reuniões da escola, é cada vez maior.

Então, falo sobre o coração do meu pai sangrando pela rejeição, justamente para o homem que, sendo pai, escolhe a fuga. Não está interessado em saber o nome da professora do seu filho, desconhece seu desenho animado favorito ou nunca derramou uma lágrima na festa de dia dos pais na escolinha, até porque nunca foi em uma. É o homem que opta pela presença seletiva. Ou até mesmo, pela ausência completa. Atenção: você irá se arrepender. E poderá ser muito tarde.

Uma cena sempre me emocionou:enquanto meu avô negava sua paternidade, a mãe dele, minha bisa, às escondidas, convidava seu neto de 5, 6 anos para entrar e comer biscoitos com leite. Porque quando o afeto transborda, um copo de leite diz tanto. Por tempo demais, esse foi o amor que aquele menino conheceu: biscoitos e leite em segredo. Fico pensando que o grande sonho do meu coroa era de que seu pai entrasse naquela cozinha e o calor da cena amolecesse seu coração de pai. Nunca aconteceu.

Repito: não seja esse cara que arranha o coração do seu filho para sempre.

Ser pai é não fugir.

Beto Bigatti com os filhos e a esposa (Foto: reprodução / Instagram)

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