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Síndrome da Impostora: entenda o que é esse comportamento e como ele impacta a maternidade

Entenda o que é e como a Síndrome da Impostora pode afetar as mães - Reprodução/ Instagram
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Publicado em 16/01/2023, às 05h47 - Atualizado às 08h18 por Hanna Rahal, filha de Lydiana


“Eu sempre me questiono se eu sou boa o suficiente e me cobro por não poder estar com a minha filha em todos os momentos que eu queria. Sinto que posso ser descoberta a qualquer momento”. Pensamentos como o da Regilene Finamor, 35 anos, mãe de Mariah e CEO de uma agência de marketing 360°, passam na cabeça de milhares de pessoas sem dar tempo de anotar a placa.

Afinal, tão grave quanto isso, é a sensação (e crença) diária de que você não merece absolutamente nada que conquistou. Como se tudo fosse fruto da sorte ou do acaso. Se essas informações ainda estão confusas para você ou fazem algum sentido, você precisa entender a síndrome da impostora, um fenômeno analisado por psicólogos desde a década de 1970.

Entenda o que é e como a Síndrome da Impostora pode afetar as mães
Entenda o que é e como a Síndrome da Impostora pode afetar as mães (Foto: Reprodução/ Instagram)

Apesar de antigo, ele é popular. Isso porque, segundo uma recente revisão bibliográfica do International Journal of Behavioral Science, estima-se que 70% das pessoas já passaram por experiências deste tipo.  Ou seja, têm dificuldades em validar e reconhecer as evoluções e conquistas, mesmo em um contexto que as deixe evidentes.

Saiba se você tem a síndrome de impostora e conheça os sintomas

De acordo com a doutora em psicologia e CEO do blog Mamis na Madrugada, mãe de Laura e Rafael, Vanessa Abdo, todo mundo já desqualificou ou não reconheceu o esforço que fez pelo menos uma vez na vida. Sabe aquela dificuldade de lidar com elogios?  “As pessoas que sofrem dessa síndrome em geral são muito perfeccionistas. Elas têm a sensação de que serão descobertas a qualquer momento, têm um medo enorme do fracasso, e todas as conquistas são atribuídas a uma fraude ou a sorte – como se tudo o que a pessoa conquistou, não fosse mérito dela”, explica.

Para a especialista, as mulheres sofrem mais dessa síndrome porque em geral são muito cobradas. “Somos criadas para sermos excelentes profissionais, mães, esposas e donas de casa. Então, o nível de exigência que a gente tem sobre as mulheres não é atingível. Então, ao longo do tempo, as mulheres sentem que não são suficientemente boas em determinados quesitos – seja no campo profissional ou pessoal”, avalia Vanessa.

Aline Melo, filha de Angelina e Reginaldo, psicóloga no Grupo São Cristóvão Saúde, acrescenta: “As pessoas que sofrem com a Síndrome do Impostor têm dificuldades em lidar com elogios, podem desenvolver quadros em paralelo de ansiedade e estresse, bem como, apresentar sua autoconfiança e autoestima extremamente abaladas”.

“Tem que lutar, não se abater”

Claro, não é fácil lidar com essas emoções transitando os pensamentos, mas abraçar essas inseguranças pode afetar todas as áreas da vida. Além de ser um problema para a convivência com toda a família, de acordo com especialistas, ambientes de trabalho e ambientes acadêmicos podem ser fortemente atingidos na vida de pessoas que sofrem dessa síndrome. Uma vez que a mulher pode autossabotar sua evolução, tendo inseguranças em aceitar novos desafios, possibilidades de crescimento e oportunidades que a direcionem para o sucesso nessas áreas.

“Toda essa recusa apresenta-se associada ao medo de ser descoberta como uma ‘fraude’. Outro ponto que também pode ser afetado são as habilidades sociais, tendo uma tendência maior a serem pessoas com baixo convívio social e maior isolamento”, avalia Aline.

A Síndrome da Impostora pode afetar a rotina das mães
A Síndrome da Impostora pode afetar a rotina das mães (Foto: Reprodução/ Instagram)

Para Vanessa, a Síndrome da Impostora forma mulheres que em geral não conseguem crescer profissionalmente por que elas estão sempre inseguras de dar um passo maior. “Elas acabam não exercendo nenhuma das funções da vida bem feitas — porque não se sentem suficientemente boas donas de casa, boas mães e sempre ficam diminuídas ou na zona de conforto e sem vontade de crescer”, diz.

O que causa isso é a somatória de diversos fatores de risco. Como quem veio de uma educação muito rígida que precisava sempre da aprovação dos pais. Então elas precisam ser aceitas para garantir que são merecedoras. “Enquanto pais, uma das formas de evitar isso é fazer as crianças entenderem que se elas conquistaram uma boa nota na prova, por exemplo, é por elas mesmas. É uma conquista por terem se esforçado,  estudado e tido nota”, explica Vanessa.

Nasce uma mãe, nasce uma culpa?

Regilene Finamor, mãe de Mariah, lá do início da reportagem, conta que foi durante a terapia que descobriu a Síndrome da Impostora. “Sou CEO de uma agência de marketing 360° e tenho uma rotina intensa, assim como sou mãe e esposa. Eu sempre me questiono se eu sou boa o suficiente e me cobro por não poder estar com a minha filha em todos os momentos que eu queria – o que leva a uma autopunição que não deveria acontecer”, começa.

“E conversando com a minha terapeuta, ela passou a me questionar: ‘Por que você acha que não é merecedora disso? Por que você acha que foi ruim nisso?’ E no fim, ela me fez entender tudo”, explica. “Acho que todas as mães, sempre têm uma impostora dentro delas e sofreram em algum momento ou em vários deles com essa impostora”.

Regilene Finamor, 35 anos, mãe de Mariah e o marido
Regilene Finamor, 35 anos, mãe de Mariah e o marido (Foto: Arquivo Pessoal)

O que mais afeta Regilene enquanto mãe é o peso que carrega de sempre se sentir culpada por achar que não entregou o melhor que podia. Mas ela também diz saber que as mães têm outras responsabilidades “e está tudo bem se nem tudo sair perfeito”, avalia.

“Eu sou aquela mãe que acorda cedo, busco a melhor alimentação para a Mariah, incentivo que ela pratique atividades físicas, assim como eu pratico, converso com ela e tento estar sempre presente. E é engraçado, porque quando me elogiam e dizem que eu sou uma super mãe, a primeira coisa que passa pela minha cabeça é: ‘será que sou tudo isso mesmo?’. Às vezes eu me posiciono, falando que a pessoa está exagerando. Mas a verdade é que a gente precisa se aceitar e realmente se achar o máximo”, conta a empresária.

Cada recorte, uma realidade

A gente sabe que esse sentimento de desencaixe, de fraude, de insegurança e dificuldade de tomar os créditos pelo sucesso, diz muito mais do contexto e dos recortes sociais que as mulheres fazem parte, do que delas próprias enquanto indivíduo. Cada pessoa tem uma experiência e convive de forma diferente com tudo isso, mas é fato que as mulheres acabam mais atingidas por essa síndrome.

Aproximadamente 70% das pessoas se sentem “uma fraude” no ambiente de trabalho alguma vez na vida, de acordo com uma pesquisa da Universidade Dominicana da Califórnia. Para a pesquisa “Acelerando o futuro das mulheres nos negócios”, produzida pela KPMG, 81% das mulheres que atuam em cargos de liderança afirmaram que, diferente dos homens, colocam mais pressão sobre si mesmas para não fracassar.

“Eu acho que tudo isso é uma questão cultural principalmente ligada à maternidade. Existe uma imposição da sociedade para o padrão perfeito de uma mãe e esse peso nunca cai sobre o pai”, reflete Regilene. “Com a mãe é diferente, ela sempre carrega todas as responsabilidades perante a sociedade. E não é bem assim. Se a posição da sociedade fosse diferente, talvez as mães não carregassem tanta culpa. Claro, que o posicionamento dos pais com os filhos tem melhorado muito. Em casa, por exemplo, meu marido faz o papel dele e nós temos isso muito claro. Mas eu vejo que isso não acontece com todas as famílias e acredito na importância desse apoio”, conclui a mãe.

Como evitar a Síndrome da Impostora?

Segundo as especialistas, existem algumas coisas que precisam ser inseridas na rotina das mães:

  • É preciso focar nas conquistas reais e não nos problemas imaginários;
  • A opinião das pessoas importam, mas não devem definir a sua felicidade;
  • Não tente controlar tudo;
  • Combata seus medos e inseguranças;
  • Reserve um tempo para você, afinal, mãe também é gente;
  • Ninguém é perfeito, e está tudo bem;
  • Você sempre será a super-heroína do seu filho.
Entenda o que é e como a Síndrome da Impostora pode afetar as mães
Entenda o que é e como a Síndrome da Impostora pode afetar as mães (Foto: Reprodução/ Instagram)

“Para romper esse padrão é preciso fortalecer a autoestima. A terapia ajuda a formar uma autoimagem saudável e reconhecer as potências e os desafios”, indica a psicóloga. Para ela, uma boa ideia é começar atividades em que se já é bom. “Não precisa se desafiar o tempo todo. É preciso um processo gradativo e olhar para nós mesmos com honestidade”, pontua.

E se eu for uma fraude?

O amor não é automático ou instintivo e as mulheres não nascem sabendo ser mãe. De acordo com especialistas, é natural que após o nascimento e todas as coisas que envolvem a chegada de uma criança, as mães se questionem se fizeram a escolha certa. E está tudo bem.

Parte dos sinais da Síndrome da Impostora é quando a mãe tenta se punir por acreditar, por exemplo, que o amor materno é instinto e não uma conquista. Assim como tudo que envolve a maternidade. Mas calma! Seu filho está aprendendo a viver nesse mundo e você também está. O melhor de tudo, é que agora vocês poderão aprender juntos.

Para as especialistas, ignorar a impostora é pior do que falar sobre. Acolher esse sentimento e falar sobre isso faz toda a diferença e torna a maternidade mais leve e com menos culpa. “Está tudo bem querer ser uma mãe sempre melhor e mais dedicada, mas é importante lembrar de cada uma das conquistas que teve e lembrar que mãe também é gente”, conclui Vanessa.


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