Publicado em 17/05/2018, às 16h13 por Redação Pais&Filhos
Estamos sempre falando sobre a educação que devemos dar as crianças, trazendo dicas sobre as melhores formas de ensiná-las, como ajudá-las a aprender e etc. Mas e o contrário? Sim, os filhos podem educar os pais e o relato que Sandra Maria de Andrade fez à BBC Brasil comprova isso.
Até 2016 ela não sabia nem ler nem escrever. E não é só ela que passa por essa situação. No Brasil, cerca de 13 milhões de pessoas com mais de 15 anos também não sabe. Já no mundo, de acordo com estudo da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco), 758 milhões de adultos são analfabetos.
Em reportagem ela contou que não sabia escrever nem o próprio nome. “Ah, se eu soubesse também. Se tivesse uma coisa que eu pudesse roubar, queria que fosse um pouquinho daquela leitura”, disse à BBC Brasil. Ela tentou estudar, mas não pode.
Sandra foi forçada a trabalhar desde cedo na lavoura, em casas onde a mandioca é ralada ou triturada e fazendo faxina. Ela via crianças passando na rua indo estudar, mas não podia e isso a deixava triste.
O mundo para ela era como uma folha em branco e ela precisava pedir ajuda a quem cruzasse seu caminho porque não sabia ler. Mas, sofrimento maior foi, anos depois, quando fez sua carteira de identidade e teve de estampar no documento a impressão digital em vez da assinatura.
Filho de um segundo casamento e com aproximadamente três anos de idade, Damião, ouviu a mãe falar do tamanho da vergonha e fez um combinado com ela naquele dia: “Eu vou aprender e, quando aprender, vou ensinar à senhora”.
A mãe já catava lixo para vender à reciclagem e a outros compradores que batem à porta e não sabia o que era carteira assinada. Ver Damião ir e voltar da escola eram seus momentos de alegria. Cada dia que ele chegava e contava a ela tudo o que havia lido e aprendido ela se orgulhava: “Ele vai ser o que eu queria ser”.
“Eu tomava banho, deitava na rede, ele vinha e me chamava pra ler. Eu queria ver os desenhos, mas também queria aprender as letras. Ficava curiosa”, contou Sandra ao jornal.
Damião foi desvendando as letras para a mãe e ensinou o nome dos dois. “Quando eu aprendi, disse: vou fazer outra identidade que é pra quando chegar nos cantos eu dizer: eu sei fazer meu nome. Pra mim, já era tudo eu saber. Chegar lá, o povo dizer assine aqui e eu dizer: agora eu já sei, não sinto mais vergonha”, relatou à BBC Brasil.
Escrever o próprio nome foi uma conquista. A palavra “mãe” também. Em uma reunião da escola, “morreu de felicidade” ao assinar a primeira vez como responsável da criança. Damião não parou por aí e ainda continua ensinando a mãe.
De acordo com a BBC, mãe e filho leram, juntos, 107 livros em 2016, se considerados apenas os contabilizados na escola. A lista, porém, fica maior se incluir outros títulos que Sandra encontrou no lixo. Na casa onde Damião ensina a mãe, juntos escreveram a frase em verde: “Cantinho da felicidade onde há Deus nada faltará”.
(Foto: Agil fotografia/ BBC Brasil)
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