Publicado em 18/05/2022, às 08h11 por Helena Leite, filha de Luciana e Paulo
Você já ouviu falar do ‘teste da linguinha‘? Obrigatório no Brasil desde 2014, o teste é um procedimento usado para a detectar a anquiloglossia, alteração no tecido que se estende da língua até a cavidade inferior da boca. O exame avalia se o freio da língua é curto, o que pode dificultar a pega na amamentação. Ter esse diagnóstico desde cedo ajudaria a prevenir problemas na amamentação, mastigação, deglutição e desenvolvimento da fala, como língua presa.
A ideia pode parecer boa e simples, mas gera muita discussão no meio médico e científico. Isso porque alguns médicos se colocam a favor da realização do teste e outros se apresentam totalmente contra essa obrigatoriedade. Esse é o caso da Sociedade Brasileira de Pediatria, que desde 2019 emitiu uma carta ao Ministério da Saúde se posicionando contra a obrigação da realização do teste.
“A referida lei foi publicada sem consulta prévia às entidades envolvidas com esse aspecto da saúde da criança, sobretudo a Sociedade Brasileira de Pediatria. A entidade, por meio de seus Departamentos Científicos de Neonatologia, Otorrinolaringologia e Aleitamento Materno, já havia se manifestado contrária à lei e à obrigatoriedade da aplicação do protocolo para avaliação do frênulo lingual em recém-nascidos”, diz o texto da SBP. Para os membros da Sociedade Brasileira de Pediatria, o teste em questão levaria a muitas cirurgias desnecessárias. Eles apontam, também, que boa parte dos problemas detectados poderiam ser resolvidos posteriormente, simplesmente com a amamentação.
Desde a obrigação do teste, há 8 anos atrás, a discussão silenciosa permeia entre as maternidades públicas e privadas do país, com muitos médicos defendendo o teste e outros abominando-o. O exame costuma ser feito 48 horas depois do nascimento do bebê e a fonoaudióloga e especialista em linguagem Raquel Luzardo, mãe de Gabriel, explica que ele não traz dores ao bebê. “É simples, indolor e consiste em examinar com os dedos o movimento da língua e a posição do frênulo”, aponta ela.
Cinthia Calsinski, mãe de Matheus, Bianca e Carolina, enfermeira obstetra, consultora de amamentação e nossa colunista é a favor de manter a obrigatoriedade do teste. Para ela, o exame é fundamental para avaliar a necessidade de uma atenção especial na amamentação. A profissional explicou ainda que, diferente do que alguns profissionais e a própria Sociedade Brasileira de Pediatria apontam, o problema no freio não pode ser facilmente corrigido com a amamentação. “Isso não acontece. O freio lingual não se alonga e não regride com o passar do tempo, nem com exercícios, a sua resolução é única e exclusivamente cirúrgica”, explica.
“Quando há suspeita de anquiloglossia é necessário uma avaliação ainda mais criteriosa da pega do bebê ao seio, é comum que haja fissuras mamilares importantes em decorrência do frênulo alterado. Também são comuns baixo ganho de peso, e em decorrência da pega inadequada e consequentemente baixo ganho de peso, pode ocorrer baixa produção de leite“, completa, explicando um pouco sobre os sintomas que normalmente são aparentes na suspeita do problema.
A SBP é contra a obrigatoriedade do teste porque acredita que somente um médico pode dar o diagnóstico da anquiloglossia e dizer a melhor maneira para corrigir o problema. “O diagnóstico para esse transtorno pode ser feito apenas pelo médico, como prevê a lei que define o escopo de atuação da categoria (Lei nº 12.842/13). Da mesma forma, qualquer prescrição de tratamento ou mesmo intervenção que se faça necessária somente pode ser realizada por este profissional. Esse é um cuidado importante para com a saúde e o bem-estar de todos, em especial de crianças e adolescentes”, destaca o secretário-geral da SBP, Dr Sidnei Ferreira.
“A Sociedade Brasileira de Pediatria já solicitou que essa lei seja revogada, devido à baixa frequência de anquiloglossia, ao reduzido risco envolvido, à ausência de dificuldades de diagnóstico de casos graves e acima de tudo, porque o exame da cavidade oral do recém-nascido e lactente já faz parte do exame físico realizado pelo pediatra, de forma simples e indolor, nas maternidades e nas consultas de puericultura”, continua o texto.
O documento da SBP conclui que um exame clínico bem realizado e uma observação completa de uma mamada podem ser suficientes para o diagnóstico de anquiloglossia, não sendo necessário um protocolo específico para a avaliação e, menos ainda, a necessidade de uma lei que obrigue a realização.
“Todo e qualquer procedimento que tenha como meta intervir na dinâmica e no sucesso do aleitamento materno deve ter critérios muito bem embasados, estabelecidos e analisados criteriosamente por todos os setores profissionais envolvidos em questão”, conclui o documento.
Para Cinthia Calsinski, essa ideia de retirar a obrigatoriedade pode ser considerada um passo para trás. “O teste é um rastreamento, ele não quer dizer que será realizado o procedimento e sim que esse indivíduo precisa de uma avaliação global. A equipe multidisciplinar fica atenta a questões como dor, fissuras, baixo ganho de peso, baixa produção de leite. No entanto, a língua não é utilizada única e exclusivamente para mamar. A fala, respiração, mastigação, deglutição dependem da função da língua, é um comprometimento da sua função pode trazer impacto a qualidade de vida da criança”, defende ela.
Alguns médicos que vão contra o procedimento apontam, também, o aumento de cirurgias para corte de freio sem a real necessidade, podendo colocar o bebê em algum tipo de risco. No geral, as pessoas que vão à favor do teste afirmam que ele não causa danos e pode ser essencial para solucionar, logo cedo, problemas que podem vir a aparecer. Já aquelas que são contra apontam que existe uma preocupação maior que a necessária em relação ao freio e que essa preocupação pode levar a cirurgias antes da hora.
Cinthia explica que a cirurgia para correção deste problema não costuma trazer grandes complicações. “Em qualquer procedimento existe algum risco, mas neste caso os riscos são baixos. Pode haver dor, sangramento e infecção local, embora seja bem raro”, aponta.
O procedimento, que se chama frenotomia ou pique, pode ser feito por um dentista ou por um cirurgião plástico e consiste em um pequeno corte nesse pedaço de pele. “Após o procedimento é indicado a terapia com fonoaudióloga para auxiliar o bebê a realizar os todos movimentos adequadamente”, ressalta a enfermeira obstétrica.
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