Transtorno bipolar tipo maníaco é o mais comum em crianças
Com 8 anos já são capazes de pensar sobre suicídio
Transtorno bipolar parece ser coisa de adulto, mas pode afetar seu filho também. Essa doença, caracterizada por uma desregulação no funcionamento do sistema nervoso, é capaz de alterar o comportamento da pessoa em dois extremos (por isso o nome “bipolar”): ou ela fica depressiva ou acelerada. “Mas não é apenas o humor que muda, é mais complexo que isso”, alerta Diego Tavares, psiquiatra do Hospital das Clínicas de São Paulo e filho de Sonilda e Wasthon.
Há dois tipos de transtorno bipolar. O mais comum em crianças é o denominado Tipo I Maníaco, que altera completamente o comportamento, deixando o indivíduo muito acelerado. No entanto, nem sempre as crianças ficam eufóricas, ranzinzas, explosivas ou agressivas, o que dificulta ainda mais o diagnóstico. Por isso, é preciso estar atento a todas as mudanças de conduta. Até porque há o risco de suicídio em crianças a partir de 8 anos, pois, a partir dessa idade, começa-se a entender situações não visíveis, como a vida e a morte.
Conheça os dois tipos de transtorno bipolar
Tipo I Maníaco: É mais raro, ocorre em apenas 1% da população e tem uma herança hereditária maior. A pessoa tem crise maníaca e se altera totalmente. “Fica acelerada, ‘ligada no 220 volts’ por uma desregulação da cabeça. Não dorme durante o dia, fica falante, agitada, com o humor desinibido, conversa com pessoas estranhas, passa por situações vexatórias, tem compulsão por gastos, sexo, jogos, drogas, álcool”, explica o psiquiatra. Esse perfil é muito reproduzido em livros e filmes.
Tipo II: É mais depressivo e comum. Atinge 8% da população e demora de 10 a 14 anos para ser diagnosticado. Se diferencia da depressão clássica pelo fato de ser uma doença de altos e baixos. O indivíduo fica anos com quadro de depressão e melhora muito rápido. Ao contrário da própria depressão que é mais constante e demora mais tempo depressivo para a pessoa melhorar.
Transtorno bipolar X depressão
É comum confundir transtorno bipolar e depressão. Isso ocorre porque as duas alterações afetam “os impulsos e o nível de energia, fazendo as pessoas se sentirem dispostas ou cansadas”, acrescenta Diego. Mas há diferenças: “na depressão, os impulsos sofrem uma queda, por isso a pessoa fica mais desmotivada. Já no transtorno pode acontecer o oposto, ou seja, a pessoa fica muito acelerada, toma decisões impulsivas”, completa o especialista.
Outro ponto distinto é a velocidade e a quantidade de pensamento. Na depressão, há uma redução; transtorno, acelera. “A pessoa pensa muito mais, se sente agitada, acelerada, tem menos concentração, dificuldade de memorização, não consegue dormir, troca o dia pela noite. Tem gente que passa o dia dormindo e a noite acordado”, diz.
Diagnóstico
Para ter um diagnóstico precoce, você tem que ficar ligado ao comportamento do seu filho. Se ele gosta de esporte, de se arrumar, sair e agora não quer mais, fica tímido (e não por ser da personalidade), mais irritado. Ele não vai saber identificar porque está se sentido daquele jeito e pode ficar ainda mais confuso. Pode perder a vontade de viver, por isso é importante conversar abertamente sobre todos os tipos de problemas, para estimular seu filho a se abrir.
Se um dos pais ou os dois são diagnosticados com transtorno bipolar pode facilitar o diagnóstico porque é uma doença genética. “Mas pode acontecer dos pais não saberem que têm transtorno bipolar.”
O tratamento, segundo Diego, é com uso de reguladores\estabilizadores de humor e psicoterapia. “É assim que a pessoa vai aprender a identificar as próprias alterações de humor e comportamento e presumir consequências negativas na própria vida.” A doença bipolar não escolhe idade, sexo, raça, orientação sexual, profissão, nível socioeconômico. É uma realidade e precisa de atenção.
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