Publicado em 28/02/2021, às 15h17 - Atualizado em 02/03/2021, às 08h32 por Letícia Mutchnik, filha de Sofia e Christiano
As gêmeas foram operadas em Blumenau há duas semanas, para uma cirurgia especial, receberam alta para voltar para casa, em Minas Gerais. As irmãs, de 19 anos, Sofia Albuquerck e Mayla Phoebe de Rezende, nasceram com o gênero masculino e se tornaram as primeiras gêmeas no mundo a fazerem a mudança para o feminino.
Segundo os médicos, as irmãs tiveram pouca dor no pós-cirúrgico, mas que faz parte e é previsto no pós-operatório. A partir de agora, segundo a Época, elas terão acompanhamento médico por telemedicina, num intervalo de 30 a 40 dias entre cada consulta.
O resultado estético final se dá, segundo os médicos, entre 18 e 24 meses após a cirurgia. A função urinária já foi reestabelecida e práticas sexuais podem ocorrer após 90 dias da operação. “Eu estou sentindo um alívio tão grande. Nós já passamos por tanta coisa, tanto preconceito e rejeição, mas também tivemos muita aceitação na nossa família. E hoje eu posso ser quem sempre fui, com todo mundo sabendo, sem esconder nada”, conta Mayla.
“Todo mundo que me conhece sabe que eu sou assim desde muito pequena. Mas quando eu era menor achavam que eu precisava de uma figura masculina por perto. Meus pais descobriram, mesmo, quando eu estava com uns 10 anos. Eles vieram conversar comigo e minha mãe chorou, mas não foi de vergonha, foi por medo da sociedade”, explica Sofia.
As duas tomaram conhecimento aos 8 anos da existência da cirurgia e começaram a fazer tratamento hormonal aos 15, quando entraram na Justiça para mudar o nome registrado em seus documentos. Os nomes foram alterados aos 16.
Irmãs gêmeas que nasceram em um corpo masculino passaram por uma cirurgia de readequação em um hospital de Blumemau entre a última quarta e quinta-feira, 10 e 11 de fevereiro. O procedimento é inédito no mundo e foi concluído com sucesso por dois cirurgiões, Dr. José Carlos Martins Junior e Dr. Cláudio Eduardo, sócios da Transgender Center Brazil, a primeira clínica especializada no tema. As jovens de 19 anos, que não quiseram se identificar, passam bem e devem receber alta nos próximos dias.
A cirurgia foi uma conquista para a dupla, que sonhava com o momento. Segundo o hospital, as irmãs começaram aos 15 anos o tratamento hormonalcom anticoncepcional. Vale lembrar que é necessário um ano de terapia psicológica para a aprovação do procedimento, além de um laudo técnico e da maioridade. Além disso, é necessário continuar o acompanhamento psiquiátrico mesmo depois da cirurgia.
O médico José Carlos Martins Junior contou em entrevista à Pais&Filhos que a terapia é uma preparação que envolve não só as pacientes, mas os pais e parentes. “Sem sombra de dúvidas é um acontecimento onde toda a família precisa ser trabalhada. Felizmente, cada vez mais vemos o apoio dos pais nisso, o cenário está mudando. Antigamente eram pacientes jogados para fora de casa, que acabavam tendo uma vida marginalizada ”, afirma.
O procedimento, feito em quatro mãos, teve duração de cinco horas. Retirado o órgão, as gêmeas agora têm o que os especialistas chamam de “neovagina”, e devem usar um dilatador para modelar o canal, como explica o cirurgião. Apesar do processo estar disponível no Sistema Único de Saúde (SUS), estima-se que só entre 3% e 5% das pessoas se submetem à cirurgia.
José Carlos explica: “A pessoa pode se entender como uma mulher e se relacionar afetivamente com outra mulher. Por isso temos poucas pacientes que vão para a sala de cirurgia, não necessariamente uma coisa guarda relação com a outra”, diz.
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