Publicado em 05/11/2013, às 16h19 - Atualizado em 18/06/2015, às 14h16 por Redação Pais&Filhos
O parto é um dos momentos mais importantes na vida de uma mãe e de seu bebê, mas nem sempre acontece o que se espera. Perguntamos às nossas leitoras se o parto havia sido como planejado e o resultado mostrou que 57% das mulheres não tiveram o parto como queriam. O planejamento do parto aconteceu antes mesmo da gravidez para 38% das mulheres, e 41% decidiu como queria assim que o exame deu positivo. 35% das que esperavam ter um parto normal tiveram que passar pela cesárea.
Claro que nem sempre é possível decidir como será este momento porque não controlamos o que acontece com o nosso corpo. 6% das mulheres que responderam a nossa pesquisa não tiverem o parto normal, como desejavam, por causa de pressão alta e líquido amniótico em baixa.
A leitora Sol Oliveira contou que sofreu com diabetes gestacional e teve que deixar de lado o sonho. “O médico achou melhor antecipar o parto e fiquei triste porque foi induzido. Sempre imaginei o que estaria fazendo quando a bolsa estourasse, mas tive que marcar hora e local”, contou.
Um cardápio completo para quem tem diabetes gestacional
Ainda de acordo com a nossa pesquisa, 50,5% das mulheres fizeram cesárea, contra 30% que fizeram parto normal. O chamado “parto humanizado” representa apenas 5%. Segundo especialistas, o que acontece em alguns casos é uma banalização da cesariana e isso é decorrente da falta de informação durante o período pré-natal. A mulher deve ter informações consistentes e confiáveis para saber o que é ideal para sua própria saúde e a do bebê.
Cesárea no Brasil
De acordo com relatório do Ministério da Saúde de 2010, o parto cesariana alcançou 52% no Brasil. Para a Organização Mundial da Saúde, taxas acima de 15% representam abuso.
Qual o futuro da humanidade nascida por cesariana?
“Existe uma questão cultural no Brasil em relação à cesárea, mas o que tenho visto é que com pré-natal e boa orientação aumenta a demanda do parto normal”, afirma a obstetra Carolina Mocarzel, mãe de Pedro, perceptora da residência médica e rotina da unidade Materno-Fetal do Hospital Federal dos Servidores do Rio de Janeiro.
“As mulheres vivem a mistura do medo de entrar em trabalho de parto e a questão de ter um resultado imediato”, diz a doutora. “E existe a falta de um suporte consistente no pré-natal, a paciente não tem oportunidade de ouvir sobre os dois lados.” Quando se está preparada para o que vem por aí é muito mais fácil aceitar as dores do parto e participar ativamente desse momento, seja ele como for.
Algumas leitoras comentaram que a opção pela cesárea foi voluntária. Disseram ter ouvido muitos relatos sobre o parto normal e suas complicações, por isso descartaram essa opção, ou então que nunca pensaram em outra alternativa. Nem por isso, segundo elas, viveram momentos menos emocionantes.
Segundo a pesquisa Percepções e Práticas da Sociedade em Relação à Primeira Infância, realizada em 2012 pelo Ibope a pedido da Fundação Maria Celícia Souto Vidigal, para 32% das mulheres que fizeram cesárea nesse ano, o médico aparece como o primeiro fator na hora da decisão, enquanto 41% das mulheres que tiveram parto normal apontam como primeiro motivo a fácil recuperação. E das que fizeram cesárea, apenas 13% preferiram dar à luz dessa maneira.
“O compromisso do médico é garantir bebê e mãe saudáveis. Qualquer evidência de que alguma coisa está errada, convertemos para a cesariana. Mas se está tudo bem, não há porque não viver o parto normal”, diz a doutora Carolina Mocarzel. O que deve ocorrer é a clareza da opção desde o pré-natal e com possibilidade de mudança na hora do parto.
De acordo com a Fundação Maria Cecília Souto Vidigal, a cesariana fez com que a prematuridade iatrogênica – quando o bebê nasce prematuro de uma cesariana agendada em que a maturidade era suposta – aumentasse. Dados do Ministério da Saúde indicam que em 2010 a proporção de bebês prematuros foi maior nas cesáreas, representando 7,8%, contra 6,4% em parto normal. Ainda segundo o Ministério da Saúde, entre 1992 e 2010 as mulheres que passaram por cesariana tiveram 3,5 vezes mais chances de morrer.
Mas é claro que existem casos em que não há outra solução e é por isso que a cesariana existe. Por exemplo, se é a sua primeira gravidez e o bebê está sentado, o mais indicado vai ser a cesariana, assim como disproporção cefalopélvica, que é quando a cabeça é muito grande, falta espaço e o bebê não desce. A pressão alta não é necessariamente sinônimo de cesariana. “Se controlado, mesmo com quadro de hipertensão, é possível seguir com parto normal”, afirma Carolina.
Consequências psicológicas
A mulher que não tem o parto da forma que esperava, pode carregar traumas que, de certa maneira, atingem também o bebê. Por isso, o esclarecimento médico é de extrema importância durante o pré-natal.
“A mulher precisa entender o que está sentindo para poder trabalhar com isso no momento em que vai dar à luz. Quando ela entender não vai ser uma dor insuportável, e que a cada contração estará mais próxima de seu filho, vai querer passar por isso. Mas para chegar até aí é preciso muito apoio”, diz a piscóloga Teresa Piccolo, mãe de Rafael, Thomaz e Matheus, articuladora do programa regional Primeiríssima Infância.
Durante a gestação, pai, mãe e bebê são um só, é uma relação simbiótica, segundo a doutora Tereza. O momento do parto deve ser especial para que a mãe, que antes tinha um bebê ideal na imaginação, possa ter um vínculo com o seu bebê real. “O bebê é naturalmente arrancado da mãe e se ela passou por maus momentos durante um parto traumático ou se não vê o filho logo que nasce, pode ter problemas de depressão pós-parto, dificuldade de se relacionar com o bebê e até mesmo problemas com o parceiro”, afirma a psicóloga.
A Sociedade de Ginecologia e Obstetrícia do Rio de Janeiro afirmou em nota que defendem “a escolha da via de parto pela mulher em gestações de baixo risco, após corretamente informadas, e o respeito por parte do obstetra a essa decisão. Devemos, sim, criticar médicos que optam pela cesariana contra o desejo da paciente. O parto é um evento fisiológico, como envelhecer, adoecer e morrer. Acreditamos que a tecnologia existe e deve ser usada para melhorar todos eles, isso inclui, por exemplo, acesso a analgesia de parto para minimizar qualquer sofrimento e fazer a gestante passar por esse momento sublime da melhor forma. A Sociedade de Ginecologia e Obstetrícia do Rio de Janeiro defende que parto humano e seguro é feito com a presença de médico obstetra e neonatologista, dentro do hospital.”
Consultoria
Carolina Mocarzel, mãe de Pedro, é obstetra, perceptora da residência médica e rotina da unidade Materno-Fetal do Hospital Federal dos Servidores do Rio de Janeiro.
Teresa Piccolo, mãe de Rafael, Thomaz e Matheus, é psicóloga, articuladora do programa regional Primeiríssima Infância.
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