Publicado em 02/02/2021, às 12h26 - Atualizado em 19/02/2021, às 12h09 por Jennifer Detlinger, Editora de digital | Filha de Lucila e Paulo
Assim que o casal decide pela gravidez, começa uma jornada em busca dos mínimos detalhes. Esse momento é repleto de sentimentos, emoções e desafios. Quando a mulher decide engravidar, logo vem a ansiedade para que o teste de gravidez dê positivo e a tão sonhada gestação seja bem-sucedida. Mas essa notícia pode demorar mais que o planejado.
A infertilidadeatinge aproximadamente 15% da população, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) — ou seja, um em cada cinco casais têm problemas para engravidar. Antes de qualquer coisa, é importante reforçar que nem sempre a causa da infertilidade está relacionado a mulher. Segundo a Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida, diversos fatores podem colaborar para a infertilidade e a dificuldade para engravidar, sendo que 30% são fatores femininos, 30% masculinos e 30% um conjunto dos dois.
Apesar dos obstáculos, com informação e acompanhamento médico especializado, é possível entender a origem do problema e buscar alternativas. Por isso, é essencial recorrer a um especialista em reprodução humana para orientar no que for necessário durante este processo. Somente com a ajuda de um profissional é possível decidir de forma segura qual o tratamento mais adequado para o seu perfil. Para te ajudar nessa jornada e esclarecer as principais dúvidas, conversamos com o Dr. Emerson Cordts, ginecologista especializado em cirurgia endoscópica e em reprodução humana pela FEBRASGO (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia); mestre e doutor em medicina reprodutiva pela FMABC; diretor clínico do Instituto Ideia Fértil e da Embryo Genesis Reprodução Humana; membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA) e da Red Latinoamericana de Reproduccion Asistida (RedLara). Confira:
Fertilidade é a capacidade de engravidarnaturalmente, por meio de relação sexual. Para que um casal tenha um bebê, é preciso que os dois sejam considerados férteis. Em outras palavras, isso significa que tanto o homem quanto a mulher precisam estar saudáveis o suficiente e ter as condições biológicas necessárias para ter um filho.
Do ponto de vista biológico, o ideal é que a mulher já tivesse todos os filhos aos 35 anos de idade. Mas as mudanças sociais dos últimos anos, como a liberdade profissional da mulher, fazem com que famílias adiem cada vez mais a maternidade. Nos últimos 10 anos, tivemos um aumento de 35% nas taxas de gravidez após os 35 anos de idade, e de 50% nas taxas de mulheres que decidem engravidar após os 40 anos de idade, segundo o IBGE. Por isso, toda mulher/casal que não tem previsão de engravidar deveria congelar seus óvulos. É um seguro, caso a paciente precise utilizar no futuro. Assim, é possível fazer um planejamento com mais calma, sem ter a pressão social ou familiar, priorizando o poder e tempo de escolha. Os óvulos podem ficar congelados por tempo indeterminado, sem perda de qualidade. No futuro, caso a paciente queira utilizá-los, ela precisará fazer uma fertilização in vitro, após descongelar os óvulos.
Diferente das mulheres, os homens produzem novos espermatozoides a cada três meses. Então, o impacto da idade é menor. No entanto, estudos mais recentes têm demonstrado que com o passar do tempo, a taxa de fragmentação do DNA dos espermatozoides aumenta, e isso também pode impactar nas chances de engravidar do casal. À medida que o homem envelhece, ele fica mais exposto a doenças, sobrepeso, estresse, sedentarismo, tabagismo, alcoolismo, doenças como hipercolesterolemia, hipertensão e síndrome metabólica. Todas essas questões podem alterar a qualidade genética dos espermatozoides e comprometer o processo de fertilização.
Além do espermogramaou análise seminal — exame onde são avaliadas a concentração, a motilidade e a morfologia dos espermatozoides — os homens também podem fazer o teste de fragmentação espermática, para então avaliar qual a taxa de dano genético que pode ter nos espermas: quanto maior, mais comprometida estará o processo de fertilização.
A infertilidade conjugal é definida quando um casal não consegue engravidar após 12 meses de tentativas (sem uso de método contraceptivo), para mulheres até os 35 anos de idade; e após 6 meses, se a idade da mulher for acima de 35 anos. A procura de um especialista em fertilidade(que pode ser chamado de fertileuta) deverá então ser feita após esse período, de acordo com a idade.
A endometriose é uma doença extremamente frequente em mulheres na faixa etária reprodutiva. Até 50% das mulheres que têm dificuldade para engravidar podem ter endometriose; e da mesma forma, mulheres com endometriose podem desenvolver infertilidade em até 50% das vezes. Pacientes jovens e sem filhos e com diagnóstico de endometriose devem discutir com o seu ginecologista ou com um especialista em infertilidade qual a melhor estratégia a seguir. Isso porque, quando a paciente tem endometriose e dor, o tratamento de eleição é cirúrgico, por videolaparoscopia. No entanto, caso a paciente tenha lesões de endometriose nos ovários (cistos endometrióticos ou endometriomas), ao serem removidos cirurgicamente, pode haver dano reprodutivo; uma vez que junto com tecido doente, é retirado também um parênquima saudável do ovário, onde estão os folículos ovarianos. Uma das estratégias que se discute hoje para essas pacientes com endometriomas nos ovários, e sem filhos, é fazer o congelamento de óvulos antes da cirurgia da endometriose. Desta forma, caso o procedimento cause algum dano na reserva ovariana, a paciente já congelou alguns óvulos previamente.
No caso dos homens, o ideal seria que em algum momento da sua vida, antes dos 30 anos, ele fizesse um espermograma para avaliar a contagem de espermatozoides. Em algumas situações, pode haver baixa contagem, e nesses casos, além de uma investigação da causa e tratamento, muitas vezes ele também pode congelar sêmen. Isso é indicado, por exemplo, para homens com varicocele (varizes testiculares) e contagem seminal baixa, e no caso de câncer testicular.
Um fator de estresse importante, como a perda de um ente querido ou uma demissão, pode até mudar a ovulação, ou causar uma não ovulação. Mas isso é temporal. Não podemos culpar o estresse pela não gravidez ao longo de um período de 1 ano, por exemplo. Apenas se ele impactar significativamente a vida sexual do casal.
As clínicas de reprodução assistida no mundo inteiro seguem as recomendações das sociedades médicas especializadas, das agências sanitárias, e das agências governamentais. No início da pandemia, quando ainda não entendíamos os riscos às gestantes e ao feto, houve restrição em se fazer o tratamento e a transferência de embrião. Hoje, temos muitos estudos que nos norteiam e a observação da evolução de gestantes que contraíram COVID-19. A gestação, por si só, diminui a imunidade da paciente, em qualquer situação. No entanto, as grávidas que contraem COVID-19 não evoluem de forma pior porque estão grávidas. O SARSCOV-2 não causa malformação fetal, e as chances de transmissão entre mãe e feto durante a gestação são bem pequenas. Os recém-nascidos normalmente não são infectados, e quando são, evoluem bem.
Em relação ao tratamento e às técnicas de reprodução assistida, não existe risco de transmissão entre os gametas (óvulos e sêmen) e embriões. No Brasil, as recomendações das Sociedades Brasileiras de Reprodução Assistida (SBRA), Humana (SBRH) e da Agência de Vigilância Sanitária (ANVISA), é de que os tratamentos podem ser realizados, desde que os casais sejam adequadamente informados sobre os riscos e de que assinem um termo de consentimento informado e esclarecido (TCLE), onde todas as informações relevantes de risco precisam estar bem claras. Neste termo, é explicado que caso a paciente se contamine com COVID-19-19 durante o tratamento, ele terá que ser interrompido imediatamente, e a paciente só poderá retornar depois de 30 dias da infecção. É necessário também que não exista nenhuma restrição sanitária no município onde a clínica se encontre, no momento da realização do tratamento.
Como as questões que envolvem o tratamento causam ansiedade e as expectativas do resultado podem levar a frustrações iniciais, as clínicas de reprodução normalmente oferecem serviços de apoio e suporte psicológico, que costumam ajudar bastante os casais nesses momentos, algumas vezes difíceis. A chance que um casal jovem, com menos de 35 anos, sem problemas de fertilidade, e que mantenham uma média de três relações sexuais por semana, tem de engravidar é de 20% ao mês. Isso faz com que a média leve de 4 a 5 meses para engravidar. Alguns vão precisar de um tempo um pouco maior. A sociedade moderna, principalmente pessoas que trabalham no mercado corporativo, são acostumados com planilhas, metas, prazos e resultados. Mas a reprodução humana não é matemática assim, então é fundamental não se estressar ou se frustrar caso a gestação não esteja acontecendo na velocidade desejada. Se passar 1 ano (para casais com idade abaixo dos 35 anos) ou 6 meses (para casais acima dos 35), um especialista deve ser procurado e exames específicos realizados. Para os casais já em tratamento, também é fundamental o entendimento de que na maioria das vezes, a gestação não ocorre na primeira tentativa. A maioria vai precisar fazer 2 ou 3 vezes. A reprodução assistida melhora significativamente as chances naturais, mas não existe 100% de resultado. Então é preciso foco, planejamento, insistência e resiliência. E a gestação virá.
Para mulheres ou casais que tiveram que interromper o tratamento por casos de COVID-19, há programas suportados pela indústria que fornecem apoio nesse momento. O ideal é conversar com o profissional de reprodução assistida sobre o caso.
Para ver mais informações sobre fertilidade e os primeiros passos para os tratamentos, acesse o portal fertilidadenomeutempo.com.br.
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