Publicado em 11/01/2021, às 16h57 - Atualizado às 16h57 por Maria Laura Saraiva, Filha de Laise e Carlos
Uma mãe de 47 anos fez um relato contando sobre como saiu de um relacionamento abusivo graças aos filhos. Em depoimento para a UOL, a moradora de Balneário Camboriú, em Santa Catarina, disse que só percebeu a agressão psicológica quando foi alertada pela filha de 15 anos e por um acontecimento vivido com o caçula.
“Fui casada por 15 anos e vivia uma relação que, se eu visse uma amiga minha vivendo, teria percebido que era abusiva. Eu tinha 30 anos, e duas filhasdo primeiro casamento. Ele sempre deixou claro que não queria gravidez, mas, depois que eu engravidei, em 2007, decidimos morar juntos em outra cidade, em Balneário Camboriú (SC).’ No começo do relacionamento, você entra cheia de expectativas. Era uma convivência cheia de condições que hoje eu vejo que eram agressões. Ele me dizia: ‘Eu não quero esse bebê, mas já que você está grávida…”, iniciou ela, que não teve a identidade revelada.
“Ele nem contou para a família dele sobre a gravidez. E eu não tenho família, fui criada por dois tios que já morreram, e só tenho primos distantes, em outras cidades. No segundo ou terceiro mês da gestação, tive um início de aborto e fui para o hospital. Como minhas filhas, que tinham 2 e 3 anos, ficaram na casa da mãe dele, elas ficaram perguntando se o bebê tinha nascido. Foi assim que a família dele descobriu que eu estava grávida. Os amigos, só depois que o bebê nasceu”, explica.
A mãe lembra que o bebê não era nem sequer mencionado pelos familiares do companheiro “Ia a almoços da família dele e ninguém perguntava nada. Parecia que não tinha um bebê ali. Fiz pré-natal, e imprimiram um ultrassom, mas acho que joguei fora. Só me lembro de quando eu levei minhas filhas no hospital para ver, e elas disseram que o bebê ‘parecia um alienígena’”.
“Meu filho nasceu no dia 6 de dezembro. Foi cesárea, e meu então companheiro convidou a família inteira dele para passar o Natalcom a gente. Fiz a ceia sozinha, porque ele passou o dia na praia. Quando meu filho tinha 6 anos, uma ficha caiu: percebi que não tinha fotos de quando estava grávida. Ele ia fazer um trabalho de Dia das Mães na escola, e fizeram um mural onde colocaram a foto da mãe grávidae do filho do lado. Eu não tinha nenhuma para ele levar. Até hoje, não consigo me visualizar grávida”, relata a mãe.
“Eu estava muito sozinha, e ouvia muito isso dele. O bebênasceu e ele continuou vivendo a vida dele. Ele saía e me dizia: Você quis o bebê, então vai ficar em casa com ele. Ele até era gentil com minhas filhas e passeava com elas, mas quando era lugar que não podia levar criança, era assim. Eu ficava em casa e achava isso normal”, diz.
A submissão, ao contrário de muitos casos, não tinha qualquer relação com fatores econômicos, como conta ela: “Ele nunca gritou comigo, mas a minha sensação permanente é de que eu era errada. Que eu estava descontrolada porque chorava quando ele falava ou fazia algo que me agredia. E olha que eu não dependia financeiramente dele, não era uma sensação de ‘não tenho para onde ir’. Além de antes eu ter um bom salário, nossas contas eram separadas. Nunca comprei um batom com o dinheiro dele”.
O conselho veio de alguém que ela não esperava; a própria filha. “O tempo foi passando e minha filha, que é minha feminista favorita, tinha uns 15 anos e começou a tomar minhas dores. Ela não queria mais falar com ele, falava que eu era submissa e me perguntava por que eu aceitava aquilo. Comecei a ver outras mulheres falando sobre o que viviam, em publicações na internet. E desde que meu filho pediu minha foto grávida, fui percebendo a situação. Se eu pudesse, teria saído dela antes, é que a gente acha que o homem vai mudar. Sempre que ficamos mal, eles são gentis. Por isso, foi muito difícil largar essa estabilidade, que as pessoas achavam que eu tinha. A única solução para as mulheres é se afastar e ir embora. No começo eu pensava no que eu perdi. Mas, hoje, vejo que não perdi nada”, conclui.
Livre do relacionamento abusivo, hoje a mãe vive com o filho de 13 anos em um apartamento que comprou recentemente. “Faço curso de técnico de enfermagem e no estágio cuido de pacientes que estão se recuperando da covid. Voltei a me sentir útil. Faço 47 anos nesta semana, e estou começando a gostar de mim, a me ver como mulher. E mudou com meu filho também: antes, ele me achava incapaz, ‘burra’, porque era o que meu ex falava de mim. Agora, ele quer me proteger”, conta.
“Não digo que superei. Todo dia eu supero. Mas, uma coisa que eu diria para as mulheres que estão vivendo isso é: não se isolem. Eu era uma pessoa sociável, e depois de casar, meu mundo se resumiu a ele. O que eu tive foi uma dependência emocional. As pessoas têm aquela ideia que só a mulher pobre, vulnerável, é agredida. Ou que você está sofrendo só quando aparece ensanguentada. Mas a dor que a gente tem. Ela diminui, mas tem vezes em que ela volta com tudo. Todos os dias a gente tem que encontrar aquela pessoa que você era e não voltar a ser uma vítima. Não é nada fácil”, finaliza.
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