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Cordão da cura

Imagem Cordão da cura

Publicado em 20/11/2011, às 22h00 por Redação Pais&Filhos


Aquele pedacinho de pele que liga você ao seu filho pode ser utilizado para salvar vidas no futuro. Entenda o que são as tais células-tronco e por que armazenar o sangue do cordão umbilical

Por Suzanna Ferreira, filha de Pedro e Maria

Se tem um assunto que está na moda, é o armazenamento das células-tronco do cordão umbilical do bebê. De uns tempos para cá, pessoas famosas levantaram essa bandeira, as clínicas se multiplicaram e muita gente ficou se perguntando: afinal, para que serve isso? Ou: será que vale a pena?  

Essas células são retiradas logo depois do nascimento e podem ser utilizadas para o tratamento de doenças do sangue, como a leucemia, pois elas possuem uma grande capacidade de regeneração e podem se transformar em outros tecidos do corpo. Ali, no cordão umbilical, se concentram bilhões delas, que são captadas um pouco depois do médico realizar o corte.

A questão que tem gerado polêmica é: onde armazenar as tais células? Existem dois tipos de banco, o público e o privado. No primeiro caso, o procedimento não tem custos para o doador e o cordão pode ser destinado para qualquer pessoa que tenha compatibilidade com as informações genéticas que ali estão. No privado, o cliente paga para que o cordão seja congelado e somente a sua família poderá utilizar essas células, caso necessário.

No caso do banco privado, embora as células estejam “reservadas” para aquela família, muitas vezes a criança ou o adulto não poderá usar suas próprias células. Por um lado, pode não haver compatibilidade, por outro, a doença pode ser congênita, ou seja, adquirida antes do nascimento. “A carga genética nasce junto com a criança, e se essa possuir algum tipo de leucemia, a informação já estará lá desde o teste do pezinho, e não poderemos utilizar o sangue de uma criança com leucemia para o tratamento”, diz a médica hematologista, hemoterapeuta e diretora do Serviço de Transfusão e do Banco de Sangue de Cordão Umbilical da Unicamp, Ângela Luzo, mãe de Fernando e Julia. De qualquer forma, existe a possibilidade de doação de células-tronco entre irmãos, cuja chance de compatibilidade é de 25%.

Mas os pesquisadores ainda acreditam ser possível essa doação autóloga (para uso próprio mais tarde). “Aconteceu um caso recente de cura da paralisia cerebral, estudado pela Universidade de Duke, nos Estados Unidos, onde a criança utiliza o transplante do sangue do cordão dela mesma”, lembra Dra. Lygia da Veiga Pereira, mãe de Gabriela e Maria, chefe do laboratório nacional de células-tronco embrionárias da USP, e professora de Biociências da Universidade de São Paulo.

Depois de retiradas do cordão, essas células são armazenadas em nitrogênio líquido a uma temperatura de 196 graus negativos e são monitoradas 24 horas por dia. Claro que todo esse procedimento não é barato. Os bancos privados cobram em média R$ 3.500 para coleta e mais cerca de R$ 500 anualmente. Essas células ficam congeladas por aproximadamente 20 anos, de acordo com os registros disponíveis.

Transplante de medula x transplante de células-tronco
Você já deve ter escutado falar muito mais do transplante da medula óssea. A diferença é que depois de achar o doador compatível, ele tem que ser contatado para verificar se ainda há interesse de doação, além de quando haverá disponibilidade para essa doação, que envolve internação e anestesia geral. Já no caso do cordão, quando se acha uma amostra compatível, ela já está pronta para ser transplantada.

Outra diferença entre as duas fontes de células-tronco. Segundo a Dra. Lygia Pereira, para uma amostra de medula poder ser transplantada, ela deve ter compatibilidade completa com o paciente, enquanto que o sangue de cordão pode ter uma compatibilidade menor e mesmo assim funcionar. “Os procedimentos são bem equivalentes, mas na prática, é mais fácil achar um cordão transplantável do que uma medula”, ilustra Lygia. Além, claro, da coleta do cordão ser mais simples e indolor que a da medula.

Por dentro dos Bancos Privados

Muitas mães conhecem os bancos privados diretamente na maternidade, quando o bebê está para nascer. Alguns desses profissionais visitam os hospitais e explicam para a família os procedimentos de armazenagem. Por esses bancos já passaram casos de sucesso em doações de sangue do cordão umbilical entre parentes.

Para as mães que terão seus filhos em hospitais privados, essa é a única alternativa a não jogar no lixo o cordão do bebê, já que os bancos públicos abrangem somente as redes públicas de maternidade, com exceção de hospitais filantrópicos, como Albert Einstein e Sírio Libanês, localizados em São Paulo. Nesse último, não há maternidade, então ele recebe as doações diretamente de um hospital público que participa do programa Mãe Paulistana, o Amparo Maternal.

Para escolher o procedimento pago, os pais têm de ter segurança e garantia de que conseguirão pagar pelo procedimento pelos próximos anos. “Se o armazenamento privado fosse gratuito, ninguém jogaria fora este material. Porém, além de pago, é relativamente caro. A recomendação para se guardar no banco privado vai depender de vários fatores: o poder aquisitivo desse casal, o nível de preocupação e a existência de histórico familiar de doenças”, opina Lygia Pereira.

Segundo Ângela Luzo, acontecem muitos casos de mães que engravidam apenas para salvar outro filho que tem leucemia ou outra doença grave. “O bebê que nasce para aparentemente salvar o irmão doente pode não ser compatível”, conta Ângela.

Por dentro dos bancos públicos  

Na Europa, os bancos privados são proibidos. Nos Estados Unidos, assim como no Brasil, eles são permitidos, apesar de causar divisão de opinião entre profissionais.

Nos bancos públicos, a utilização das células congeladas pode ser feita por qualquer receptor, desde que compatível, o que aumenta consideravelmente a probabilidade de que essas células sejam realmente usadas. O objetivo é aumentar o número de doadores, para que não seja necessário recorrer a células fora do Brasil, o que causa um grande gasto na compra e no transporte, além de poder ultrapassar os três ou quatro meses de espera do receptor.

O banco de cordão umbilical do Hospital Sírio Libanês, ligado ao hospital Amparo Maternal, recebe células de mães provenientes de várias localidades. São gestantes nordestinas, bolivianas, peruanas, chinesas e americanas.

A maior parte é retirada no parto normal, onde é colhido o cordão e um pouco da placenta também, de acordo com a hemoterapeuta do banco, Dra Cyntia Arrais, mãe de Helena. “As mães assinam um termo de aprovação dessa doação, respondem um questionário sobre os cuidados com a saúde e seus hábitos, e após a realização de todos os testes e exames para verificação de que não possuem doenças contagiosas, ainda convocamos essa mãe até quatro meses após o nascimento do filho, para vermos se a criança está saudável, e se não houve a manifestação de nenhuma doença nesse período”, explica Cyntia.

No caso de algum teste dar positivo, ou se houver algum indicativo de risco, como tatuagem recente e inexistência de consultas pré-natal, a bolsa é automaticamente descartada. E quando os exames da mãe doadora apontam alguma doença, o hospital realiza uma consulta pediátrica e acompanhamento do caso.

É difícil enxergar que um pedaço tão pequeno de pele possa fazer tanta diferença no futuro. Mas pode. Pense nisso, seja para ajudar seus filhos ou qualquer outra pessoa.

Passo a passo

Entenda como é feita a retirada das células do cordão do bebê

– Assim que a criança nasce, o médico possui um tempo médio de um minuto para cortar o cordão umbilical, a chamada clipagem. Esse procedimento não pode ser muito precoce, pois pode ocorrer a poliglobulia, quando as células voltam para a criança, e não pode ser muito tardio, pois a criança corre o risco de ganhar anemia. É o prazo para o bebê chorar, sentir um pouco o cheiro da mãe.

– Após esse período, o médico coleta o sangue do cordão umbilical e um pouco da placenta, e depois realiza a drenagem do sangue e deposita numa pequena bolsa, que será levada por meio da equipe do banco escolhido, privado ou público.

– Essas bolsas devem ser transportadas no período de 48 horas.

– No banco, é feita a separação dessa bolsa, que geralmente pesa 150ml, e são retiradas as hemácias, o plasma, e todas as outras partes do sangue. Desse conteúdo, sobram geralmente 25ml de células-tronco.

– Elas serão codificadas e congeladas em um tanque de nitrogênio,
a uma temperatura de 196 graus negativos. De lá, essa bolsa sairá somente quando um doador compatível precisar, o que pode levar mais de 20 anos.

Alguns dos bancos privados brasileiros

São Paulo
BCU
(11) 2950 0141
www.bcubrasil.com.br

Clínica Criogênesis
0800 773 2166
www.criogenesis.com.br

CordVida
(11) 3094 2673
www.cordvida.com.br

Curitiba
Cryogene
(41) 3014 3009
www.cryogene.com.br

Rio de Janeiro
Cryopraxis
(21) 2141 7777
www.cryopraxis.com.br

Consultoria: Ângela Luzo, mãe de Fernando e Julia, é hemoterapeuta e diretora do Serviço de Transfusão e do Banco de Sangue de Cordão Umbilical da Unicamp. Cyntia Arrais, mãe de Helena, é hemoterapeuta do banco de cordão umbilical do Hospital Sírio Libanês. Lygia da Veiga Pereira, mãe de Gabriela e Maria, é chefe do laboratório nacional de células-tronco embrionárias da USP, e professora de Biociências da Universidade de São Paulo.


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