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Desenhos e cores para vestir

Imagem Desenhos e cores para vestir

Publicado em 19/04/2012, às 21h00 por Redação Pais&Filhos


Por Ivy Tinoco, filha de Cris e Zé Maria
Fotos Divulgação

No armário da criançada, o mais difícil de achar são peças lisas. Normal… Impossível não se apaixonar pelas estampas superdivertidas e coloridas que são usadas na confecção infantil de forma geral. Os desenhos são sempre lindos e bem coloridos. E o que acontece é que as estampas acabam pegando uma carona na alegria das crianças. Por trás de todos estes divertidos traços e cores, há um trabalho intenso, que a gente resolveu conhecer melhor.

Nem sempre foi assim. Durante muito tempo, a estamparia infantil acompanhou a moda dos adultos, até porque o conceito de infância como conhecemos hoje só passou a existir no final do século 18. “É um processo lento, mas que ao longo de cem anos constrói uma nova imagem, afastando a criança de ser apenas uma miniatura do adulto”, afirma a professora e pesquisadora de Design de Moda da PUC-Rio, Sílvia Helena Soares, mãe de Lourenço.

As crianças deixaram de ser colocadas em armações e espartilhos e começaram a usar batas simples e confortáveis. De acordo com a professora, um ícone da mudança do vestuário infantil é o traje de marinheiro de Eduardo, filho da Rainha Vitória, presente da marinha britânica: “No momento em que ele aparece em Londres utilizando esse traje, o uniforme transformou-se em tendência para a roupa infantil.”

É só a partir das décadas de 30, 40 e 50 que há uma distinção clara entre as faixas etárias na moda. As modelagens e os tecidos das roupas infantis não eram diferenciados por gênero. Quem fazia esse papel eram as cores e as estampas: o vestuário de meninos – geralmente em cores escuras – envolvia temas de esporte, meios de transporte e animais selvagens; já as meninas, tinham suas roupas decoradas com flores e animais domésticos, em cores claras, como rosa, amarelo e verde. O poá sugere descontração e liberdade e ainda hoje é frequente nas roupas infantis.

A impressão de palavras e frases na moda infantil é um fenômeno relativamente recente: “A aproximação dos universos das faixas etárias é novamente parte de uma transformação. Acho pitoresco, mas curioso, ídolos do rock, movimentos musicais e apelos à ecologia estarem fazendo parte das estampas, das peças infantis e dos bodies dos bebês. Eles representam muito do gosto dos pais, da identidade dos mesmos através dos filhos. Os bens materiais não são mais exibidos, mas em seu lugar, o capital cultural acumulado pelos pais e que se deseja trasmitir aos herdeiros aparece nessas tendências,” explica Sílvia Helena.

A estampa de hoje

A tecelagem Santaconstancia, por exemplo, que existe há mais de 60 anos e atua no segmento infantil desde 2010, tem mais de 30 mil desenhos em arquivo. Para a diretora da tecelagem Gabriella Pascolato, mãe de Isabella e Carolina e filha de Costanza Pascolato, o desafio em criar para os pequenos é “não perder a essência da criança, tomando cuidando para (a estampa) não parecer ‘boba’. Tem que ter personalidade e estilo.” Um dos maiores sucessos até hoje, segundo a gerente de estamparia da Santaconstancia, Helena Aouada, mãe de Letícia e Natália, foi inspirado na atmosfera dos países nórdicos, com corações decorativos que dão a impressão de colcha de retalhos.

A grande preocupação da empresa no desenvolvimento dos desenhos é mesclar tendências internacionais ao comportamento nacional. Para isso, Costanza Pascolato idealizou o projeto Estampa Brasileira Sta, que valoriza a essência brasileira. Traços estéticos e figurativos que remetem ao país, como cajus, borboletas, periquitos e flores, aparecem de maneira estilizada.

Na La Estampa, a equipe sempre começa a trabalhar um ano antes das peças chegarem às lojas. “O primeiro passo é a pesquisa inspiracional que o departamento de estilo faz para as linguagens da coleção. As ferramentas mais usadas são os desfiles, o comportamento do mercado e as viagens, aliados ao briefing passado pelo cliente. Após o briefing, os desenhistas desenvolvem as estampas. Já com a aprovação do cliente, enviamos a estampa para a produção digital produzir uma amostra, que servirá como prova de cor antes da produção final”, conta Marcelo Castelão, pai de Manuela e Giovana, diretor presidente da La Estampa.

Do portfólio de estampas da La Estampa, 10% são voltados ao segmento infantil. Acha pouco? Prepare-se: ao todo, são 3 mil desenhos. Para a coleção de inverno, a empresa produziu 350 mil metros de tecidos com estampas infantis, que atenderão além do mercado nacional, Chile e Argentina. Marcas como Fábula, Reserva Mini e Ronaldo Fraga para Filhotes estão entre seus clientes. As estampas dessas marcas são exclusivas e desenvolvidas a quatro mãos, aliando as características da estamparia ao DNA de cada marca.

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Ganhando forma

As inspirações começam a surgir na cabeça da coordenadora de estilo da Fábula, Marta Rodrigues, mãe de Antônio, João e Rosa, nove meses antes das coleções chegarem às lojas. Um monte de referências de imagens, músicas, fotos e filmes são reunidas em um blog fechado. “Para não perdermos essas referências, e para nos comunicarmos com pessoas que não estão aqui, mas que acabam ajudando a desenvolver a estampa, fazemos um blog fechado. Lá, toda a equipe vê, comenta, dá opinião e posta coisas que acha ter a ver com o tema.”

É a estampa que vai dar a cara da modelagem da peça. Voltada exclusivamente para meninas, a grife carioca trabalha com o que chama de “engenharia de estampa”, que é o aproveitamento do desenho da estampa para enriquecer a modelagem. “Não encaixamos qualquer desenho em qualquer modelo. O desenho é feito para uma modelagem específica”, explica a coordenadora. “Sabemos que estampa e Fábula são coisas que as pessoas associam diretamente”, revela a gerente geral da Fábula, Clarisse Carvalho, filha de Paulo e Rosane.
Cerca de 20 estampas exclusivas fazem parte da coleção da Fábula. Corujas, raposas, ursos e borboletas aparecem em batas, vestidos e até nos acessórios. O floral clássico Liberty está presente também em meias-calças e até nos tênis. Segundo Marta Rodrigues, a intenção da coleção de inverno era “vestir a página de um livro infantil”. A inspiração vem da adaptação para o cinema do conto de fadas “Pele de Asno”, do escritor francês Charles Perrault. A peça parece uma grande tela. A estampa, batizada com o mesmo nome da marca, tem, na barra, uma floresta com os animais, árvores e cogumelos; na parte superior, há um céu verde com uma constelação de bichos.

Inspirações para o inverno

A estilista e proprietária da Bébé Sucré, Tatiana Ganme, mãe de Pedro, Maria e Artur, mergulhou na história das estampas para criar a nova coleção, chamada “Pure Heritage”. Três clássicos ganharam novas versões nas mãos da estilista. O floral Liberty, o cashmere indiano e o tartã, ou xadrez escocês, remetem ao século 19. Para Tatiana, são estampas que fizeram história e se mantiveram atuais graças às técnicas de impressão e recoloração, que modernizam e criam outras histórias a partir de estampas clássicas.

Na Escócia, o xadrez servia para identificar os clãs. “Em 1815, os tartãs passaram a ser catalogados e registrados pelas famílias que os representavam. Por volta de 1900, não eram só as famílias nobres escocesas que estavam adotando os xadrezes  oficiais. Organizações militares, companhias privadas e até cidades estavam solicitando tartãs exclusivos, que os representariam em registros oficiais. Hoje, o xadrez escocês foi incorporado à moda. “Há mais de 7 mil diferentes versões registradas nos livros oficiais da Escócia, e aproximadamente 150 novos tartãs são registrados por ano”, explica Tatiana.

Inspirada pela tradição, ela desenvolveu o tartã Bébé Sucré, que fará parte de todas as coleções da marca, com mudanças apenas na cartela de cores, de acordo com a estação. E todas as estampas ganham a assinatura da marca. “Acredito que a assinatura confirma a exclusividade da estampa, faço questão”, enfatiza Tatiana, que acredita não haver mais diferença de cores para crianças e adultos: “O importante é vestir criança como criança, mas não necessariamente através da infantilização das estampas”, finaliza.

A marca paulistana Green, idealizada pela pediatra Marcia Missako Oura, mãe de Leonardo, Guilherme e Gabriel, vem buscando cada vez mais se inspirar no Brasil para vestir bebês e crianças de 0 a 10 anos. Depois de uma temporada focando a região Norte, o projeto Redescobrindo o Brasil continua e, agora, a grife volta o seu olhar para o Sul. As estampas mostram de forma lúdica e criativa toda a riqueza da região em formas e cores. Referências como a arquitetura enxaimel, a Ópera de Arame, as árvores araucárias, os pinhões, os chocolates, o lobo guará e até o Festival de Cinema de Gramado aparecem nas roupas.

“Digamos que a coleção é uma obra de arte para todos nós da criação, e as estampas corridas seriam as cores que damos a ela, as primeiras pinceladas, os traços fortes, que vão definir os objetos a serem desenhados. Com as estampas definidas, escolhemos os tecidos que combinam com elas e as formas desenvolvidas pelas estilistas. Juntando estes processos artísticos, cria-se a nossa obra de arte, a nossa coleção. É um universo lúdico. Trabalhamos com coleção e tema. Conseguir unir estes dois pontos, criando artes que se tornem irresistíveis tanto aos pais, que vão comprar, quanto para a criança que escolhe o que vai vestir, é um prazer”, conta Carlos Yuen, filho de Yuen e Yim, designer de estilo da Green.

Estampa é arte mesmo. Às vezes são tão lindas, mas tão lindas, que a gente quer emoldurar, e assim não correr o risco de perder quando a roupa ficar pequena para nossos filhos.

 Liberty Art Fabrics: tecelagem une tradição e vanguarda

Parada obrigatória em Londres, a Liberty of London continua no mesmo endereço desde 1875. Fundador da empresa, Arthur Liberty começou importando tecidos indianos, peças decorativas do Japão e tudo mais que encontrava pelo mundo que tivesse qualidade e beleza. Aos poucos, a loja se expandiu e passou a ter uma área destinada a móveis e objetos de decoração. Em 1884, as roupas ganharam espaço por lá. Quando Arthur passou a tingir e a estampar, através de técnicas artesanais, os tecidos originários do Oriente, Paris ainda era a capital da moda. Os corantes em tons pastel, aliados aos motivos florais, caíram no gosto dos clientes. Londres passou a fazer parte do circuito fashion.

Liberty Art Fabrics, setor da empresa dedicado ao desenvolvimento de padrões de estamparia, conta com um rico acervo permanentemente abastecido e revisitado. O pro-cesso de estamparia digital também foi inserido na empresa. Além de contar com uma equipe de criação numerosa, a empresa contrata designers freelancers e seleciona anualmente cinco estudantes da Central Saint Martins College of Art and Design, famosa faculdade londrina, para o desenvolvimento das coleções de estampas.

Esse ano, a Liberty of London criou um departamento infantil com uma seleção de produtos de importantes designers e marcas, como Stella McCartney, Paul Smith, Levi’s, Petit Bateau, Barbour e Kidscase, só para citar algumas. Em parceria com a famosa marca de carrinhos de bebê Bugaboo, dez modelos foram feitos com estampa Liberty. Até hoje, a Liberty é símbolo de tradição aliada à vanguarda do design.

Tendências de estampas para o Inverno 2012 apontadas pela SantaConstancia

Wild Craft
texturas e motivos folclóricos

College
xadrezes, listras e bolas

Rock Star
estrelas, caveiras e monstrinhos

Favola
pele de bicho e cenas de historinhas

Floral encantado
flores românticas, aquareladas e arabescos


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