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Gravidez não é doença!

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Publicado em 07/03/2012, às 07h00 por Redação Pais&Filhos


Por Sofia Benini, grávida de Maria Beatriz

Escrevo estas linhas no dia exato em que entro no nono mês de gravidez, segundo as contas da minha médica. No momento, estou sentada com os pés apoiados em um banquinho alto (para ver se melhora o inchaço – embora, a esta altura do campeonato, eu já esteja acostumada a vê-los nesta forma de pãozinho) e exausta por ter passado os últimos 10 minutos em pé, pendurando as roupinhas da bebê no varal. É minha primeira gravidez e, agora, na reta final, me sinto privilegiada por tudo ter corrido tão bem durante todos os meses. Mas chego ao final desta aventura com a sensação de que “tudo correr bem” não é garantia de que vamos “estar bem” o tempo todo. Recapitulando todos os sintomas que tive até agora, vejo que alguns deles me pegaram de surpresa – e me deixaram desesperada. Outros eu já sabia que sentiria, mas nunca imaginei que fossem me incomodar tanto. Todos estes sintomas, que são normais e acometem a grande maioria das grávidas, eu compartilho com vocês. Os sintomas inesperados e que nos impacientam. E os já conhecidos, mas que de tão chatos, tão chatos, nos fazem pensar se realmente está tudo ok lá dentro. Sim, sim, está tudo bem! No fim das contas, tudo se explica de uma maneira simples: estamos grávidas. E quando dois seres dividem o mesmo corpo, muita coisa acontece. Coisas maravilhosas, emocionantes e que nos surpreendem a cada dia. Mas, cá pra nós, não é moleza, não!

Contrações na barriga

Talvez você imagine que só vai sentir as contrações quando estiver de fato em trabalho de parto. Engano. Para mim, tudo começou com uma leve cólica. Estranha, nada muito intenso, mas sem dúvida uma cólica. Apalpei minha barriga e ela estava dura. Liguei para minha médica, ela disse que isso era completamente normal e definitivamente eu não estava em trabalho de parto. Mas assustei!

Por que isso acontece?
“São contrações fisiológicas da gravidez. Normais e desprovidas de dor, que aumentam de frequência quando a mulher está mais próxima do final da gestação”, conta Edilson da Costa Ogeda, ginecologista obstetra e pai de Filipe e Beatriz. Elas podem aparecer a partir da metade da gravidez, de maneira bem esporádica. São, na verdade, uma prévia das contrações efetivas – e, estas, sim, indicam o trabalho de parto.

Como agir?
Primeiro, repare se tais contrações são regulares, ou seja, estão acontecendo de tempos em tempos. Em caso negativo, o segundo passo é reparar na movimentação do bebê. Ele continua com seus chutinhos a todo vapor? Se sim, ótimo. Agora, avalie: sente dor? Houve perda de líquido ou sangramento? Se a resposta é não, fique tranquila. Mais um sintoma clássico da gravidez.

Quando se preocupar?
Se as contrações acontecerem em intervalos regulares cada vez menores, talvez você esteja entrando em trabalho de parto. Ligue para o médico já! Outro sinal de alerta é menor
movimentação fetal. Além de, claro, sangramento e perda de líquido vaginal.

Cansaço, muito cansaço

É uma das primeiras mudanças, e você pode sentir antes mesmo de saber que está grávida. Um dia, eu notei que andava meio mole, como se estivesse com gripe. De repente, minha energia sumiu. Tal cansaço e sono me acompanharam até o quarto mês de gravidez – meu grande divisor de águas, pois, a partir daí, tudo começou a melhorar: o enjoo foi embora, a energia voltou, minha autoestima foi lá em cima e eu pude então curtir o tal estado de graça que as grávidas dizem sentir.

Por que isso acontece?
Você deve imaginar porque nos sentimos tão cansadas nestes primeiros meses: gerar um ser humano é complexo. Existe um aumento metabólico em nosso corpo, a ação hormonal sofre uma brusca mudança e ocorre dilatação vascular. A Dra. Bárbara Murayama, ginecologista obstetra e mãe de Pedro, explica: “Mulheres gestantes estão produzindo um ser dentro de si e para todo esse gasto energético interno é preciso economia de energia com atividades externas”. Em outras palavras, é como se seu corpo pedisse para você sossegar um pouco, para que ele dê conta de fazer todas as maravilhas que está fazendo por seu bebê.

Como evitar?
Bem, nem tudo nesta vida pode ser evitado. Nesta situação, o melhor é pegar leve com você mesma e pedir a compreensão da família, de seu chefe, do marido… Descanse o máximo que puder, principalmente depois das refeições. Não coma exageradamente e prefira alimentos leves, sem muita gordura. Relaxe, pois no segundo trimestre, as coisas começam a voltar ao normal.

Inchaço

Era uma sexta-feira e eu beirava meu sétimo mês. Estava ótima e cheia de pique: trabalhei pela manhã e tarde, depois fui me encontrar com meu marido no shopping, perambulei por várias lojas, comemos um lanchinho e entramos no cinema (na companhia de minha adorada pipoca doce). Cheguei em casa cansada depois de um dia tão cheio, claro, e fui direto para o banho. Quando olhei para meus pés… Eles estavam inchados de uma maneira como nunca eu tinha visto antes.  

Por que isso acontece?
Fui descobrir depois que na gravidez o útero comprime veias importantes do nosso corpo. Uma delas é a veia cava inferior, que recolhe o sangue de nossos membros inferiores, como pernas e pés. Além disso, “na gestação o volume de nosso sangue aumenta em 50%, e esse excesso de líquido pode 'extravasar' para o meio extravascular, causando o inchaço ou edema”, diz Edilson.

Como prevenir?
Infelizmente, não há como evitar, mas algumas medidas aliviam: colocar seus pés ao alto o máximo que puder, principalmente ao final do dia. Usar meias de suave ou média compressão, que devem ser colocadas pela manhã, antes de você se levantar da cama. E repousar com seu corpo deitado para o lado esquerdo, para ajudar seu sangue a retornar dos membros inferiores para o coração.

Quando se preocupar?
Quando o inchaço é acompanhado do aumento da pressão arterial, ou quando ele é súbito, de um dia para o outro, acometendo outras áreas que antes não inchavam, como face, mãos ou até a raiz da coxa, com aumento súbito do peso. Na dúvida, seja inchaço leve ou não, é sempre bom ligar para seu médico.

Top 5 dos sintomas

• Os mais comuns
São chatinhos e figurinhas carimbadas. Toda grávida sabe que uma hora ou outra vai sentir um deles.
     Enjoo
     Cansaço
     Vontade de fazer xixi
     Inchaço
     Dor nas costas

• Os que assustam
Nem sempre estamos preparadas para um deles. São normais e não necessariamente indicam que algo vai mal (mas na dúvida, deixe seu médico informado).
     Contrações irregulares antes da hora
     Vertigem e desmaio (pressão baixa)
     Tristeza
     Dor interna na barriga
     Cãibras no meio da noite

• Os urgentes
Se sentiu algum destes, não bobeie. Ligue para o seu médico já!
     Sangramento
     Perda de líquido vaginal
     Contrações regulares
     Inchaço repentino nos pés, nas mãos, pernas e outras áreas do corpo
     Baixa ou nenhuma movimentação fetal em um intervalo de uma hora

Dor na barriga ao acordar
Este sintoma costuma aparecer só no final da gravidez. No meu caso, aconteceu no sétimo mês. Quando eu acordava pela manhã, minha barriga doía de uma maneira esquisita. A impressão era que algo se passava lá dentro com meus órgãos, só não sabia dizer o que e nem com qual. Na primeira vez que senti isso, fiquei amedrontada. Achei que havia algo errado com o bebê. Mas a sensação passou depois de alguns minutos em pé.

Por que isso acontece?
O útero no início da gestação tem o tamanho aproximado de uma pera. Já entre o oitavo e nono mês, seu tamanho é quase igual ao de uma melancia. Detalhe: nenhum outro órgão do abdome (intestinos, estômago, bexiga), saiu de lá para dar lugar ao útero. Ou seja: conforme ele cresce, os outros são empurrados para o lado. “Durante a noite, ficamos muito tempo na mesma posição, podendo haver sobrecarga em alguns órgãos internos. À medida que a grávida se movimenta, esse desconforto melhora, pois acontece uma reacomodação dos órgãos internos”, esclarece Bárbara.

Como evitar?
Durante a noite, você vai ficar na mesma posição mesmo, não tem jeito. Mas esse sintoma pode aparecer durante o dia também, se ficar muito tempo na mesma posição. A saída é: movimente-se! Várias vezes durante o dia. E, ao acordar, levante da cama, faça seu xixi e dê uma caminhada pela casa.

Quando se preocupar?
Isso tudo é completamente normal e esperado. Eu mesma já estou acostumada a senti-lo todos os dias pelas manhãs. Mas se ele vier acompanhado de outros sintomas, ligue para seu médico. Quais são eles? Endurecimento da barriga que vai e vem, que pode indicar presença de contrações e um possível trabalho de parto antes da hora, e também se houver perda de líquido pela vagina e/ou sangramento.

Vertigem e desmaio
Estava no aeroporto dos Estados Unidos, naquela correria: despachar as malas (que estavam com excesso de peso, lógico, com tantas compras para o bebê) e passar pelo embarque. No fim, não tive tempo de tomar meu café da manhã. De repente, comecei a me sentir leve demais. Falei para o meu marido que não estava muito bem. Logo minhas mãos ficaram frias, minha visão escurecida e senti uma fraqueza que me fez sentar no chão. Aos poucos fui voltando ao normal e logo estava bem, principalmente depois de devorar meu lanche no avião.

Por que isso acontece?
A pressão arterial tende a ser mais baixa na gravidez. E quando há uma queda de pressão, os sintomas clássicos são estes mesmo: vertigem, desmaio, visão turva, mãos frias.

Como agir?
Deite com as pernas mais altas do que a cabeça e permaneça nesta posição até seus sentidos voltarem por completo.

Como evitar?
Mantenha-se hidratada, com água, sucos e líquidos em geral. Faça pequenas refeições de 3 em 3 horas,  e nunca fique muito tempo em jejum.

Quando se preocupar?
É bom que seu médico saiba sobre qualquer desmaio que você tenha. Principalmente  se este sintoma  vier acompanhado de sangramento, cólicas, contrações e dores de cabeça.

Tristeza e desânimo
É estranho, a gente não sabe o motivo, mas acontece. Passados os três primeiros meses, eu entrei em uma fase de plena graça. Estava ótima, bem-humorada, disposta e me achando linda. Achei que nunca fosse vivenciar aquele estado “manteiga derretida” que acomete as grávidas. Mas vivenciei, sim. Para minha sorte, durou pouco: apenas uma semana. Acho que só eu sei o quanto sofri nestes dias. E não me pergunte com o que eu sofria. Por que e nem como começou. Eu fui dormir feliz e acordei triste.  

Por que isso acontece?
Para formar dentro de nós um ser humano, estamos sendo bombardeadas de hormônios a cada dia. Um dos protagonistas na gravidez é a progesterona, que tem como um de seus efeitos colaterais esta mudança de humor. Agora, some ao fator fisiológico de peso outros de cume psicológico: lidar com as mudanças que vêm no pacotinho da gravidez não é fácil.Temos de nos adaptar a uma nova imagem diante do espelho, aceitar as limitações que um barrigão traz e estar preparadas para receber uma criança que será nossa para sempre.

A psicóloga Lidia Aratangy, mãe de Cláudia, Sílvia, Ucha e Sérgio, resume com maestria o que sentimos nesta fase: “Existe o cansaço do peso do corpo, a ansiedade pelo parto, as fantasias em torno de como seria aquele bebê, de como vou reagir a ele, como ele reagirá a mim, como o marido vai reagir a nós dois…”. É um turbilhão de emoções, maravilhosas e assustadoras. E um período de enorme ambiguidade.

Como agir?
Não sinta vergonha por andar meio tristinha. E nem pense em reprimir tal sentimento. “Se a tristeza não encontra seu canal natural de expressão (que são os longos suspiros, as lágrimas, os momentos passados contemplando a ponta dos próprios sapatos), procure outras saídas. E é aí que aparecem as irritações, os maus humores, as angústias – isso quando já não se transforma em sintomas físicos, como dores de barriga, insônia, erupções cutâneas etc.”, explica a psicóloga. Tenha em mente que você está dando o melhor de si neste momento e saiba que um possível desânimo não vai fazer com que seu bebê se sinta rejeitado. “Tudo isso pode até fazer mal à gestante, mas o bebê passa incólume!”, completa Lidia. Compartilhar o que você está vivendo com outras mulheres que estão passando ou já passaram por isso ajuda muito. É quando a gente vê que não somos “as estranhas”. Este sentimento é normal. E passa, viu?

Quando se preocupar?
Tristeza e desânimo não podem ser confundidos com depressão. A depressão é uma doença que interfere na vida da mulher, esteja ela grávida ou não. Como saber se o que estou sentindo é tristeza ou depressão? Lidia explica: “Se for capaz de levantar da cama, escovar os dentes, tomar banho e ainda escolher uma roupa combinadinha para vestir, pode chorar sossegada que vai passar.  Se não, marque rapidinho uma consulta com o ginecologista”.

Consultoria: Bárbara Alencar Rolim Murayama, mãe de Pedro, é médica ginecologista e obstetra, diretora da Clínica Gergin. barbaramurayama.blogspot.com Edilson da Costa Ogeda, pai de Filipe e Beatriz, é ginecologista obstetra da Cordcell. Tel.: (11) 0800 77 222 00. cordcell.com.br Lidia Aratangy, mãe de Cláudia, Sílvia, Ucha e Sérgio, psicóloga e psicoterapeuta.


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