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“Me sinto culpada por trair minha própria filha”, desabafa mãe

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Publicado em 12/07/2018, às 16h11 - Atualizado às 17h21 por Redação Pais&Filhos


Linda McFadden, de 53 anos, de Richmond, Londres, compartilhou sua história de como o uso de álcool durante sua gravidez prejudicou a filha Claire, que nasceu pesando apenas 900 gramas e tinha apenas 50% de chance de sobreviver por ter sido diagnosticada com Síndrome Alcoólica Fetal (SAF). A história traz um alerta para muitas mães. Leia:

“Quando eu olho para minha filha Claire, há tantas coisas que eu quero dizer a ela, como o quanto a admiro e estou orgulhosa. Mas às vezes eu só quero dizer que sinto muito. Com apenas 23 anos, Claire superou muitos obstáculosem sua vida e a culpa é toda minha.

Eu tinha 15 anos quando experimentei minha primeira cerveja em uma festa. Eu costumava ser tímida, mas a bebida fazia com que eu me sentisse feliz e confiante. Não demorou muito para que eu fosse ao bar todo final de semana. Aos 22 anos, o álcool consumia todos meus pensamentos e, por viver com os meus pais, eu escondia latas na borda da janela externa para que eles não soubessem.

Em junho de 1988, eu estava no bar quando David entrou. Ele era gentil e tinha um grande senso de humor, então não demorou muito para que nos tornássemos um casal. Ele gostava de beber nos fins de semana e, nos primeiros dias, achava que eu era apenas uma bebedora social, como ele. Apenas dois meses depois de nos conhecermos, eu fiqueigrávida.

Eu sabia que o álcool não era bom para o bebê, então eu tentei diminuir, mas não consegui. “Você tem certeza que não quer uma limonada?”, David me perguntava enquanto eu pedia outra cerveja quando estava grávida de cinco meses.

Nossa filha Sarah nasceu pesando apenas dois quilos e foi levada para o hospital para ser alimentada por tubos. “Estamos preocupados que Sarah tenha Síndrome Alcoólica Fetal”, disse-me o médico. Me informaram que as crianças com essa síndrome geralmente têm dificuldades de aprendizado, mas, felizmente, quando ela tinha seis meses, os médicos estavam confiantes de que ela não tinha nenhum problema.

Fiquei aliviada, mas enquanto Sarah estava crescendo, eu estava tomando cerca de oito litros de cerveja por dia. Eu escondia as latas, mas não conseguia esconder as ressacas. “O que há de errado, mãe?”, me perguntou Sarah, com cinco anos, quando me pegou vomitando no banheiro.

Em março de 1994, descobri que estava grávida de novo e nem pensei em parar de beber. Mas em outubro do mesmo ano, dois meses antes do nascimento, eu não senti o bebê se mexer. Recebi uma cesariana de emergência e minha filha foi levada para um cuidado especial. Quando a vi pela primeira vez, me senti culpada. Claire pesava 900 gramas e tinha apenas 50% de chance de sobreviver. “Podemos dizer pelas características que ela tem SAF”, disse o médico.

(Foto: Matthew Barbour)
(Foto: Matthew Barbour)

Quando trouxemos Claire para casa um mês depois, ela estava atrasada no desenvolvimento, mas eu não queria admitir que minha bebida tinha a afetado, então eu continuei. Minha pele estava pálida, meu cabelo estava ficando ralo sentia como se estivesse em uma neblina constante. Então, em maio de 2001, quando David estava no trabalho, deixei o fogão e adormeci, bêbada. “Mãe!”, ouvi Sarah gritar. O corpo de bombeiros apagou o incêndio, mas eles devem ter sentido o cheiro do álcool em mim porque logo depois os serviços sociais chegaram e ameaçaram levar as meninas para morar com um parente. A família se reuniu e minha irmã Margaret sugeriu que eu me mudasse para sua casa enquanto David cuidava das crianças.

Em junho de 2001, me registrei em uma clínica de abuso de substâncias. Percebi como era importante para mim ficar sóbria. Desistir foi difícil. Eu sofria com suores, vômitos e meu corpo tremia, mas toda vez que sentia vontade de beber, eu pensava nas minhas duas filhas. Três meses depois voltei para casa. As garotas estavam tão empolgadas para me receber de volta, que vieram correndo para me ver e eu gostei de ser uma mãe sóbria. Mas na minha sobriedade, pude ver o quanto Claire foi afetada pela minha bebida. Ela sofria de ansiedade e seu progresso estava muito atrás das outras crianças na escola. Contar a ela que foi o resultado da minha bebida foi a coisa mais difícil que eu já tive que fazer. Quando ela começou a escola secundária, as crianças a intimidaram por ela “ser diferente” e muitas vezes ela voltava para casa chorando.

Já faz 17 anos desde a última vez que bebi álcool, mas Claire, agora com 23 anos, vive com os efeitos da minha bebida todos os dias. Ela vive de forma independente e tem um namorado, mas luta socialmente. Felizmente somos muito próximas.

Claro, nunca vou me perdoar. Eu me sinto culpada por trair minha própria filha”

Álcool na gravidez

Um estudo feito nos Estados Unidos, com cerca de 14 mil crianças filhas de mães que beberam durante a gravidez, aponta que recém-nascidos que não apresentaram a Síndrome Alcoólica Fetal (SAF), podem apresentar depois de alguns anos de vida.

Na pesquisa, apenas duas crianças haviam sido diagnosticadas inicialmente com a SAF. Mas, as famílias foram acompanhadas durante anos e, depois de um tempo, o total de crianças confirmadas com a síndrome foi de 222.

Os médicos já são treinados a orientar as grávidas a não ingerir nem uma gota de álcool, de qualquer bebida, desde o momento em que elas decidem engravidar. “A tolerância deve ser zero, tanto para as gestantes, quanto para as que estão pensando em engravidar. Já as mães que descobriram a gravidez com alguns meses e bebiam, devem parar imediatamente. Não dá para saber se o bebê já foi afetado ou não, só depois que nascer”, explica Dr. Conceição Segre, coordenadora de campanhas da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e coordenadora do grupo de Prevenção da Síndrome Alcoólica Fetal de São Paulo e mãe de Mônica e Fábio e neonatologista.

O que o álcool faz?

Os efeitos que pode ser causados com o consumo de álcool é chamado de “espectro de distúrbios fetais relacionados ao álcool”, que inclui a SAF. “A vida média de uma pessoa atingida pelos efeitos do álcool é de 34 anos”, afirma Dr. Conceição.

Bebês com SAF podem ter transtornos irreversíveis, dos mais graves a situações como atrasos de desenvolvimento, de aprendizado, entre outros. Isso acontece porque o álcool entra na corrente sanguínea e atravessa a placenta. A Dr. Conceição conta que “A SAF pode causar más formações faciais, cardíacas, podendo afetar qualquer órgão, principalmente o sistema nervoso central”.

Para as crianças maiores, os traços faciais ficam mais difíceis de perceber, mas o retardo mental causado pelo álcool permanece. Segundo a pesquisa, problemas motores, de aprendizagem (principalmente matemática), memória, fala, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade. Nem todos os bebês são afetados, mas a probabilidade é alta, e melhor não arriscar, não acha?

Campanha #gravidezsemalcool

A Sociedade de Pediatria de São Paulo, junto com a Sociedade Brasileira de Pediatria, têm uma campanha permanente que chama #gravidezsemalcool, que procura conscientizar futuras mães sobre o risco da ingestão de qualquer quantidade de álcool durante a gestação.

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