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Bela é realmente bela

Bela Gil dividiu opiniões - Reprodução/Instagram @belagil
Reprodução/Instagram @belagil

Publicado em 15/09/2014, às 11h24 - Atualizado em 06/09/2021, às 12h32 por Redação Pais&Filhos


A casa estava, literalmente, de pernas para o ar. Móveis afastados, papelão forrando o chão, cabos por toda a parte e seis crianças brincando de esconde-esconde enquanto aguardavam o retorno da gravação do último episódio da 2ª temporada. O programa Bela Cozinha, que vai ao ar em outubro pelo GNT, fala de alimentação infantil, e a convidada especial é sua filha, a Flor, de 5 anos. As duas se relacionam com extrema intimidade na cozinha, e foi uma delícia poder assistir, de tão pertinho, como ela conduz o programa, as receitas e o fogão.

Bela Gil fala com propriedade sobre alimentação e saúde. Não só no programa, que ela improvisa o texto na hora – não existe um pré-roteiro de falas, – como na nossa entrevista. Aos 18 anos, Bela mudou–se para Nova York, onde foi estudar nutrição e gastronomia por necessidade. “Queria aprender a cozinhar para comer bem”, diz ela. Formou-se em Culinária Natural pelo Natural Gourmet Institute e em Nutrição e Ciência dos Alimentos pela Hunter College. Ainda estudou Filosofia Macrobiótica e Ayurveda, onde descobriu que as escolhas alimentares afetam não só a nossa saúde, mas a de todo o planeta. Ela foi descobrindo como a comida mexe com nosso humor e nosso organismo.

Bela Gil dividiu opiniões(Foto: Reprodução/Instagram @belagil)

A preocupação com uma alimentação saudável e equilibrada Bela aprendeu dentro de casa mesmo. Gil é macrobiótico, e na mesa as escolhas sempre priorizaram a saúde. De volta ao Brasil para tocar o programa, Bela não poderia deixar de levar as mesmas preocupações às mesas dos telespectadores em casa. A ideia central do programa é mostrar como é possível comer bem de forma saudável, sem trabalho e com sabor. É a desmistificação de que comida natural e orgânica é ruim e sem sabor. O programa fala da alimentação em sua essência: como saúde, bem‐estar e educação à mesa. No cardápio da gravação teve biscoito de arroz coberto com cacau, bolinho de arroz com pesto, um guacamole que as crianças ajudaram a terminar e uma vitamina de banana com amora. E, no cardápio da Pais&Filhos, Bela Gil deu receitas deliciosas de como melhorar a alimentação das nossas crianças, falou de preocupações e revelou seus temperos – além dos da Flor, sua filha de 5 anos que come tão bem quanto a mãe. Vale cada letrinha da leitura.

Como você fez a escolha do cardápio?

BG: Queria um cardápio de lanche que também fosse comida. Lanche não é hora de besteira. Um sorvete não pode ser lanche. Um sorvete é um lanche esporádico num dia de sol na praia. O lanche deve conter nutrientes que reponha as energias gastas pela criança. Então escolhi fazer comida para mostrar que é possível incluir vegetais e grãos integrais. Além disso, todos esses pratos têm alguma coisa importante para o sistema nervoso. Eu usei linhaça na vitamina, que é muito rica em ômega 3, que é o alimento do nosso cérebro. As nozes que usei na receita também são ricas em ômega 3. O abacate é rico em ácido. Tudo muito focado nesse desenvolvimento intelectual. Para as crianças ficarem muito inteligentes e não comerem besteira quando crescerem.

Nós sabemos que existe um problema de obesidade infantil no Brasil porque se come muita besteira. Ao seu ver, o que está errado?

BG: A gente perdeu o contato da vida urbana com a vida rural e o efeito colateral disso está na saúde da população, porque a gente está sofrendo com essa distância na mesa. As crianças estão comendo menos comida de verdade e mais industrializados. Acordam de manhã e tomam leite fermentado, no lanche é um pacote de biscoito ou uma barra de chocolate. No almoço é nuggets ou batata frita congelada. Tudo muito rico em sal e açúcar e que faz as crianças ficarem viciadas e obesas. O açúcar no sangue vira gordura, e daí nós temos criança com 10 anos com diabetes.

E por que esses alimentos atraem mais o paladar infantil?

BG: São ingredientes, muitas vezes, que viciam mesmo. É o trio viciante do fast food: sal, gordura e açúcar. Se fizermos uma ressonância no cérebro, veremos que o açúcar mexe com as mesmas área que uma droga. Ele dispara as mesmas substâncias e estímulos de uma droga viciante. Libera mais serotonina, e com o tempo vamos ficando mais tolerante e você perde a sensibilidade. Ou seja, você vai precisar de mais para satisfazer. Você começa com um biscoito e depois de um mês está comendo o pacote. É a compulsão. A gordura é uma forma de reserva do corpo, só que em alta quantidade ela faz mal, porque bloqueia as veias e toda a corrente sanguínea. E o sal aumenta a pressão entre outros males. As crianças ficam sensorialmente dependentes de alguns produtos, infelizmente.

Qual um caminho possível para trazer à mesa alimentos mais saudáveis?

BG: Com certeza é comprar o menos possível de alimentos em pacotes.Não aos pacotinhos! Quanto menos pacotinho na despensa melhor é. Levar a criança ao supermercado, à feira, fazer com que ela participe da escolha dos alimentos e também do preparo são coisas muito importantes. Quando você tira o pacotinho, ela vai abrir a despensa, não vai achar nada e volta para mesa e come. Oferecer comida de verdade é primordial numa boa alimentação. Depois comece, aos poucos, a trocar a qualidade dos alimentos e ingredientes. Troque o arroz branco pelo integral, que é rico em fibras e satisfaz mais. Os refinados devem ser trocados pelos integrais. Estabelecer rotina e refeições equilibradas é extremamente importante, porque você educa a criança a comer quando estiver com fome. Senão ela come por gula, e daí você tem essa epidemia de obesidade.

O que você considera uma comida saudável ou comida natural?

BG: É aquela comida mais fresca, local, sem agrotóxico, conservantes, venenos, aditivos químicos… Menos refinada e industrializada possível. Como muitos dizem, é a comida que a vovó comia. Comida é estilo de vida e quando você faz uma escolha, do que vai comer, faz também uma escolha da forma de conduzir sua vida. Uma boa comida começa com bons ingredientes, e é importante garantir cinco nutrientes: as folhas verdes, as raízes, os vegetais, o cereal e a proteína. É o que chamamos de macro plate.

Você poderia dar dicas para ajudar as mães a fazerem trocas saudáveis na alimentação de seus filhos?

BG: Bom, para a criança que está acostumada a tomar refrigerante, a dica é diluir o suco, na água com gás. Ela vai ter a mesma sensação do gás, só que com um suco que é mais saudável. E, aos poucos, você vai diminuindo a quantidade de água. Funciona para retirar o vício do refrigerante. A bolacha recheada você pode substituir por cookies integrais ou essa da nossa receita de hoje, que é um biscoito de arroz japonês com calda de chocolate. Claro que se você tem uma criança viciada em biscoito recheado e você simplesmente troca pelo de arroz ela não vai gostar, mas se você a traz para o processo e mostra como faz, leva para a cozinha, ela toma gosto e estabelece outra relação.

O que desperta na criança quando você a leva para a cozinha?

B.G: Criança adora ajudar! E gosta de fazer tarefas de adulto, lavar louça, limpar o chão, cozinhar…elas se sentem úteis. E a cozinha gera uma supercuriosidade de querer saber o que aquilo vai virar. Cozinha é química, é transformação. E ela quer experimentar o resultado final daquele esforço que ela teve para fazer o prato. Mesmo que ela não goste vai experimentar, porque foi ela quem fez. É um orgulho para a criança. Uma conquista.

E como é você e a Flor na cozinha e na mesa? Ela come bem?

B.G: Ah é supersaudável! Ela adora vir para a cozinha comigo, ajudar. É dessas que pegam o talo de coentro e come e leva brócolis de lanche na escola. Grita que quer brócolis no supermercado. E também fico tranquila por ela comer um bolo ou um brigadeiro quando vai numa festa, por exemplo.  Eu era muito caxias, mas hoje em dia abri um pouco mais. Mas ela nunca comeu um cachorro‐quente na vida, nem um hambúrguer. Nunca pediu ou teve curiosidade, então acho bom. Por outro lado, ela é formiguinha e tem o paladar apurado para o doce. Mas ela sabe a quantidade certa que ela tolera, por isso a importância da criança conhecer os alimentos. Minha filha sabe que se ela comer mais que um brigadeiro vai ter dor de barriga e passar mal. E ela respeita isso. Então, de novo, levando uma criança para a cozinha, mostrando os benefícios dos alimentos, os efeitos dele no corpo e conversando você vai mostrar a importância de comer bem. Não é dizendo para ela “não coma isso que você vai morrer”.

O menu da Bela

  • Um ingrediente: arroz integral, sempre.
  • Uma fruta: seriguela
  • Um doce: chocolate
  • Uma combinação: constante na minha vida é arroz e feijão
  • Um tempero: coentro
  • Um cheiro de infância: tenho alguns! Tem o cheiro do acarajé e o cheiro do Coquitos, que é um biscoito de coco que eu comia muito em Salvador. Eu abro o pacote e me vejo no apartamento dos meus pais lá em Salvador comendo esse biscoito. É cheiro de férias. É meio trash, acho, mas é meu cheiro de infância.
  • Um prato de memória afetiva: o capelete da minha vó. Toda festa comemorativa ou toda vez que ela vinha para o Rio ela fazia. É a lembrança que eu tenho da minha vó. Minha vó para mim lembra capelete. E a gente fazia juntas.

Existe um saber popular que diz que alguns assuntos não se põem à mesa. O que é para você?

B.G: “Ah! Dinheiro. Não gosto de falar de dinheiro. É chato e só atrapalha”.

E o que se leva para a mesa?

B.G: “Muito amor, amor, amor, amor!!! Amor na comida, com a comida, com as pessoas. É amor”.


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