Publicado em 26/07/2013, às 17h01 - Atualizado em 18/02/2021, às 08h02 por Redação Pais&Filhos
A jornada dupla de mãe e profissional está te deixando sem forças? Às vezes somos nós mesmas que, na ânsia de querer abraçar o mundo, tornamos nossa vida mais complicada. Essa conversa com a psicóloga Meiry Kamia, mãe de Kevin, mostra bem isso. Meiry é também palestrante e mestre em Administração de Empresas e Consultora Organizacional.
Não há como negar que as mulheres chegaram ao mercado de trabalho para ficar. Entretanto, essa conquista social não amenizou a responsabilidade da mulher com relação aos afazeres domésticos e educação dos filhos. E muitas mulheres acabaram assumindo jornadas duplas ou até triplas de trabalho por conta disso.
O sentimento de culpa é o grande vilão da história. Durante séculos as mulheres aprenderam que seu papel na sociedade era ser submissa, servindo o lar e o marido (provedor), procriando e, depois, cuidando da educação e saúde dos filhos. Ou seja, seu papel e importância ocorriam dentro da casa. Cabia apenas ao homem a projeção social.
Sim, existe um grande paradoxo nessa questão do papel social da mulher como dona de casa e como trabalhadora. A mulher ainda hoje é vista como responsável pela educação das crianças. E é justamente através da educação que passamos ideologias e valores. Ainda hoje vejo muitas mães educarem suas filhas dizendo ‘trate de arrumar um homem bem rico para casar!’.
Ao aconselhar uma filha dessa forma, ela reforça a ideia de que as mulheres são incompetentes para fazer gestão financeira por isso precisam de alguém que ganhe dinheiro e façam gestão por elas. Conheço muitas mulheres que trabalham fora e que entregam todo o salário para o marido fazer a gestão. Isso significa que a própria mulher não se apropriou do seu direito de ir e vir e sentir-se bem com suas escolhas profissionais. Esse é o ponto principal. Essa incompatibilidade entre o que se pensa (ser profissional independente) e o que se faz (educa as filhas para serem dependentes e submissas) mostra que a questão ainda não foi bem resolvida com as próprias mulheres. Dessa forma, somos vítimas de nós mesmas.
Enquanto houver incoerência de valores dentro das mulheres, elas sofrerão ao executar os dois papéis. Por conta dessa culpa, a mulher acha que não conseguirá ser uma boa profissional se não for antes uma boa mãe. Como se não bastasse o conflito interno, as mulheres ainda hoje são vítimas de preconceito no trabalho. Elas perceberam que, para serem reconhecidas como competentes e inteligentes, precisam mostrar muito mais trabalho. Esse cenário faz com que as mulheres acabem assumindo uma carga de responsabilidade maior do que podem suportar. Tanto no ambiente doméstico como profissional, elas evitam pedir ajuda, delegar funções porque acreditam que a responsabilidade seja apenas sua.
O conflito interno também tem impacto negativo na educação dos filhos. As mulheres agem como se elas tivessem traindo o lar quando estão trabalhando. Sentem-se culpadas por não estarem 100% do tempo com os filhos, e quando trabalham em casa têm dificuldade para colocar limites para trabalharem. Ao sentirem culpa, elas passam essa mensagem para os filhos, que logo farão chantagem com manhas ou quando quiserem alguma coisa.
O ideal é que ela deixe bem claro para a criança que o trabalho é necessário e importante para ela. Mostrar à criança os benefícios que o dinheiro adquirido por meio do trabalho traz, como saúde, lazer, alimentos etc. Dizer também quanto prazer o trabalho lhe dá e que ela se sente feliz e realizada por ele. Agradecer à criança por compreender essa felicidade e por lhe ajudar a trabalhar. A mulher deve passar a valorizar a qualidade e não a quantidade de tempo juntos.
Para deixar a culpa de lado, a mulher deve aceitar suas escolhas e consequências. Se escolheu ser mãe e profissional, precisa assumir que não pode ser 100% mãe, nem 100% profissional, porque seu tempo é um só e está dividido nos dois papéis. Exigir o impossível de si mesma é desumano, gera estresse e não é nada prazeroso nem produtivo. Uma vez que ela aceita que fará o melhor que pode fazer e não além do que pode fazer, a culpa se ameniza.
É preciso educar o parceiro e filhos a ajudarem na organização e manutenção do lar. Pois assim como ela também é provedora da casa, é preciso que os outros ocupantes da casa também assumam responsabilidades. O marido também deve ser educado para cozinhar, organizar a casa e dar atenção às tarefas escolares dos filhos. Isso é positivo porque aproxima os pais dos filhos.
É importante educar as crianças desde pequenas a executar pequenas tarefas dentro de casa, como por exemplo: pedindo ajuda na hora de prender roupas no varal, ou para guardar seus próprios brinquedos, depois evolua para atividades como cuidar de uma plantinha ou dar comida ou água à algum animal. Mostrar aos filhos a importância do que ele faz e as consequências de suas ações: positivas – quando são feitas da melhor forma possível, e negativas – quando feitas de maneira incorreta ou quando não realizadas. Use a criatividade!
Sim, leve o máximo de ludicidade à atividade. Brinque que pregadores de roupa são bichos que mordem e seguram a roupa, ou que o cesto de roupas sujas são cestos de basquete. Isso ajuda a tornar a atividade mais interessante para as crianças.
As mulheres devem ter consciência de que são elas mesmas quem reproduzem os valores machistas. Não faça distinção entre meninos e meninas. Ensine suas filhas a serem independentes financeiramente e boas profissionais. Ensine seus filhos a cozinharem, lavarem e passarem roupa para que não busquem uma companheira apenas porque não sabem se virar sozinhos. Além disso, estarão fazendo um grande favor às noras que, provavelmente, serão mulheres e mães que trabalham, portanto, irão precisar desse suporte em casa.
Sim, dê adeus ao perfeccionismo! É preciso ter muita paciência e disciplina para não ficar criticando o marido e os filhos o tempo todo ao pedir ajuda. Muita atenção para não “atropelar”, por falta de paciência. Muitas mulheres acabam fazendo sozinhas o trabalho, alegando que fazem mais rápido e melhor. Mas depois se queixam porque ninguém ajuda e que estão fisicamente esgotadas.
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