Pesquisa afirma que quatro meninas são estupradas por hora no Brasil
Os dois últimos anos somaram 127.585 casos registrados
Meninas de até 13 anos são as principais vítimas de estupro entre as mulheres, e destas, quatro sofrem violência sexual a cada hora no Brasil, de acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, nos anos de 2017 e 2018. Os dois anos juntos tiveram 127.585 ocorrências registradas e só no último ano, foram 66.041. Das vítimas, 81,8% são mulheres e 18,2% são homens.
2018 teve o maior número registrado no país e é equivalente a 180 casos de estupro por dia. As informações foram divulgadas na manhã desta terça-feira, 10 de setembro, e é baseada nos dados dos boletins de ocorrência de cada estado, que foram enviados ao Fórum.
O estudo realizado indica que 75,9% das vítimas, até as que tem mais de 14 anos, possuem um vínculo com o agressor, sendo eles parentes, companheiros ou amigos. “Esses números revelam uma das faces mais perversas da nossa sociedade, para qual a gente evita olhar. É pensar que aquele vizinho tão simpático, que conversa com você todo dia, o pai da amiga ou o primo podem ser estupradores“, esclarece a diretora-executiva do fórum, Samira Bueno à Uol. Em 96,3% dos casos, o crime é praticado por homens.
“Não é sobre sexo. É sobre dominação, sobre pessoas comuns, que se conhecem. Os casos em que um homem pega a mulher na esquina de uma rua escura são ínfimos. A maior parte das vítimas são agredidas por quem conhecem”, diz Samira. “E não deixa de ser violência de gênero e machismo porque os agressores têm a ideia de que o homem não consegue conter seu desejo e vai se aliviar onde e com quem quiser, mesmo que se trate de uma criança.” Quando é feito o recorte dos casos em que a vítima é do sexo masculino, 27% têm entre 5 e 9 anos”, explica ao site. Nos casos em que a vítima é do sexo masculino, 27% delas tem entre 5 e 9 anos de idade.
Dificuldades em aplicar punições
Geralmente para buscar provas pode ser mais complicado do que parece, pois quando a vítima tem até 14 anos é difícil colher provas e materiais genéticos que sejam sólidos: “É só a palavra da criança, da qual se costuma duvidar. Precisamos saber o que acontece com os autores dos crimes: ele foi absolvido? Foi preso? Que resposta o Estado tem dado para esses casos?”, questiona. Precisamos de conselhos tutelares mais atentos”, comenta. A invisibilidade do crime dificulta a punição e grande parte do depoimento realizado pelas crianças é visto como sem credibilidade, e então elas muitas vezes preferem ficar em silêncio.
Estupro coletivo
Em relação aos dados de estupros coletivos, no qual o crime é cometido por vários agressores, a pesquisa apresenta informações inéditas, afirmando esses casos representam 6,8% do total. “Não podemos considerar uma taxa pequena, afinal, é um crime brutal. E quase não falamos disso”, conclui.
Fique por dentro do conteúdo do YouTube da Pais&Filhos:
Leia mais:
Menina de 5 anos não sobrevive após sofrer estupro no Rio Grande do Sul
Mãe encontra sangue na vagina da filha e denuncia creche por estupro
Menina de 10 anos pula do 1º andar para fugir de estupro do pai