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Um passo de cada vez

Imagem Um passo de cada vez

Publicado em 12/12/2013, às 11h38 - Atualizado em 23/06/2015, às 13h17 por Redação Pais&Filhos


No final de 2012 você fez a lista de metas para 2013. Nela, estavam itens que iam desde emagrecer alguns quilos, até sair do trabalho um pouco mais cedo para ficar com as crianças, passando por economizar uma parte do salário para a viagem em família. Pois o ano passou voando, chegou ao fim e você se deu conta de que não conseguiu cumprir toda a lista. Talvez nem a metade. E agora está se culpando e se sentindo angustiada com a lista do ano que vem. Pense em tudo o que conseguiu fazer este ano, mesmo as coisas que não estavam na lista: visitou a avó toda semana, inscreveu as crianças na aula de inglês…

Talvez, os objetivos estabelecidos naquela lista nem fossem realmente necessários para você. A verdade é que as metas também seguem a moda. “Metas de 1980 são diferentes das de hoje. Como essa preocupação com a saúde, como emagrecer. Não era assim. Hoje, mais do que curtir a vida, queremos alongar a vida com saúde”, explica o antropólogo e cientista social, professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp) Cláudio Bertolli, pai de Iago e Nicole.

Emagrecer e cuidar da saúde foram as metas que mais apareceram em enquete feita na nossa Fanpage. É o caso da auxiliar de enfermagem Francielly Toledo, mãe de Mariana, “Comecei a fazer academia e coloquei isso na minha rotina. Hoje me sinto mais disposta para cuidar da minha filha”.

Vivemos em uma cultura na qual a ideia de conquistar algo, de atingir um objetivo específico, é muito reforçada. É bem visto aquele que consegue alcançar algo por meio de seus próprios esforços. O psicólogo Diego Mansano Fernandes, filho de Diogo e Grace, explica que temos uma falsa ideia de que atingir uma meta depende apenas no nosso esforço ou força de vontade.

O antropólogo Cláudio Bertolli explica que a ideia de seguir objetivos veio na Idade Moderna, após a Revolução Industrial na Inglaterra. A vida, até então, era vista como algo aleatório ou dependente de Deus. “No início do século 19 aparece o jornal, e começa a se falar em metas. É uma racionalização da vida, e o homem finalmente traz a responsabilidade de suas escolhas e história para si. Começa a projetar seu futuro”, explica.

A partir de então, nós passamos a criar compromissos no final do ano, tanto no campo institucional (como comprar carro), como também numa perspectiva individual (“ser uma pessoa melhor”).  Apesar de parecer individual, as metas refletem nossa sociedade e cultura.

“Mesmo não atingindo o alvo, quem busca e vence obstáculosno mínimo fará coisas admiráveis”, José de Alencar

A palavra método vem do grego methodos, composta de meta e de hodos: via, caminho. Servir-se de um método é tentar ordenar o trajeto para alcançar os objetivos. Fazer planos para o futuro e procurar caminhos para alcançá-los não somente é válido, como necessário. Criar uma meta é procurar tornar algo inadministrável, que é o futuro, em algo administrável. A psicóloga clínica especialista em Terapia Cognitiva Comportamental Francismari Barbin, mãe de Luara, conta que há estudos recentes na área da neurociência que pontuam que o cérebro necessita de metas, objetivos e desafios para se manter em atividade. Esse hábito é um estímulo positivo para permanecer mais tempo saudável. “Pessoas que não planejam suas vidas ou não possuem ‘sonhos’ têm uma tendência maior para evoluírem com sintomas depressivos futuros”, afirma a psicóloga.

Metas são uma maneira de nos manter vivos – mesmo. “O simples fato de dizer ‘até amanhã’, traz a suposição de que estarei vivo pra cumprir objetivos. É a luta contra a morte”, diz o antropólogo Cláudio Bertolli. 

“Boa sorte é o que acontece quando a oportunidade encontra  o planejamento”,  Thomas Edison

A lista ideal é aquela que é feita objetivamente. Segundo o coach Rodrigo Cordelini, pai de Bianca, o sentimento de liberdade vem quando descobrimos o que queremos, e a felicidade é consequência. “90% das pessoas se propõem a metas que acham ser do seu interesse, mas que não são”, diz ele.Então, antes de estabelecer qualquer objetivo neste Ano Novo, pergunte-se: o que eu sou? O que me move? Como subir na carreira buscando o que eu gosto? Como posso ser útil para a sociedade sendo o que eu sou? Alessandra Marques, mãe de Maria Flor, gerente administrativa, parece ter essas questões bem claras. 

“Na vida pessoal, aumentar o tempo que passamos em família, plantar ao menos uma árvore (de preferência as frutíferas – para alimentar os pássaros), fazer pelo menos uma viagem, separar e doar roupas que não usamos mais e brinquedos e conseguir mais recursos – para comprarmos a nossa tão sonhada casa”, lista.

As metas podem ser entendidas como fases ou passos para um ideal maior que são os objetivos. Por exemplo, comprar um carro é meu objetivo final, e uma das metas é economizar 10% do salário mensalmente por oito meses cortando alguns gastos. A psicóloga Francismari afirma que devemos pensar no objetivo, mas sem esquecer as metas. “Minha dica é que as pessoas não pensem apenas no objetivo, curta cada meta realizada, podendo modificá-la conforme a necessidade. O grande problema que faz as pessoas sempre adiarem ou desistirem, no entanto, é focar somente no objetivo final – ou seja, se o resultado demorar, a pessoa acaba desmotivada”, diz. Não confunda metas com objetivos. “Avalie se os objetivos não necessitavam de um tempo maior para serem realizados com metas menores e mais claras”, explica.

Neste caso, use a culpa a seu favor, não como um fator punitivo, mas como uma maneira de autorreflexão, redirecionamentos e reestruturação de metas e objetivos concretos e viáveis para o próximo ano.

“O êxito está em ter êxito, e não em ter condições de êxito. Condições de palácio tem qualquer terra larga, mas onde estará o palácio se não o fizerem ali?”, Fernando Pessoa

Construir sonhos e realizá-los não tem receita. Mas os especialistas dão algumas dicas que pode nos ajudar a tentar administrar o ‘inadministrável’ futuro.

Para que o próximo ano venha com metas mais objetivas e, portanto, mais fáceis de conseguirmos alcançar, estipule objetivos reais e que necessitem serem alcançados antes de outros, depois fracione as metas em pequenas partes (assim ficará mais fácil concluí-las). Caso necessário, refaça-as e curta cada passo alcançado. “Coloque tudo no papel ou mesmo na agenda do celular com prazos de curto, médio e longo prazo”, aconselha a psicóloga Francismari.

Às vezes traçamos objetivos supérfluos gastando tempo e energia que poderíamos aproveitar com o que realmente importa.

Faça escolhas e assuma as consequências – se quiser trabalhar menos horas para ficar com os filhos, por exemplo, pode ser que ganhe menos ao fim do mês.

E, a cada objetivo pensado, faça uma análise: realmente preciso disso? Por exemplo: será que preciso trocar o carro a cada ano? Não seria melhor uma viagem em família? Analisando seus planos e objetivos para o próximo ano de uma forma concreta, pontuando as necessidades reais, você vai equilibrar melhor a família, a profissão e o lado pessoal.

A vida traz e sempre vai trazer surpresas. Para Cláudio Bertolli ela é um caos. Talvez seja mesmo. Coisas inesperadas acontecem. Mas, talvez, a gente esteja administrando o caos e nem percebe o valor das nossas conquistas – existe uma lista que ninguém vê. Nem você. Procure se lembrar do que fez e focar nos próximos 365 dias. Eles poderão dizer muito de você e para você. E sem culpa!, como disse Carlos Drummond de Andrade no poema Receita de ano novo

“…Não precisa 

fazer lista de boas intenções 

para arquivá-las na gaveta. 

Não precisa chorar arrependido 

pelas besteiras consumadas

nem parvamente acreditar 

que por decreto de esperança 

a partir de janeiro as coisas mudem 

e seja tudo claridade, recompensa, 

justiça entre os homens e as nações,

liberdade com cheiro e gosto de

pão matinal,

direitos respeitados,

começando pelo direito augusto de viver.” 

Consultoria:

Cecília Russo Troiano, psicóloga e empresária, colunista da Pais & Filhos, mãe de Beatriz e Gabriel. Cláudio Bertolli, antropólogo e professor da Unesp, pai de Iago e Nicole. Diego Mansano Fernandes, psicólogo, mestrando em Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem pela Unesp, filho de Diogo e Grace. Diogo Alfonso Garcia, psicólogo clínico e sociólogo, filho de Adolfo e Francisca. Francismari Barbin, psicóloga clínica especialista em Terapia Cognitiva Comportamental e Dependência Química, mãe de Luara. Lilian Furquim, economista e professora da FGV, filha de Paulo e Adelia. Rodrigo Cordelini, coach, executivo da New Coaching Generation, pai de Bianca. Samy Dana, economista, professor de Economia e Finanças da FGV, filho de Marlene e Maurizio.


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Culpa Não

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