Publicado em 29/04/2013, às 12h10 - Atualizado em 18/06/2015, às 15h38 por Redação Pais&Filhos
Ficar pertinho do bebê é fundamental nessa fase em que ele está na UTI. Pertinho mesmo, em contato com o corpo da mãe, afinal o pequeno nem sabe que saiu do útero. Esse modelo de assistência materna foi batizado de Método Canguru. A ideia vem justamente do comportamento do canguru fêmea, que mantém o bebê na sua bolsa abdominal durante boa parte de seu desenvolvimento. O mais importante é manter o bebê aconchegado no seio da mãe o mais tempo possível, fazendo uma passagem tranquila da fase intra-uterina para a extra-uterina.
Numa segunda etapa, o bebê fica em uma enfermaria junto da mãe e pode receber alta hospitalar se atingir o peso de 1.750g. Na terceira, o recém-nascido e sua família podem ir para casa, mas continuarão sendo atendidos pela mesma equipe médica duas vezes por semana, até o bebê chegar a dois quilos. “Acreditamos nesse método e incentivamos muito os pais a participarem”, conta Mauro.
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Einstein também foi prematuro
Responda rápido: o que Rousseau, Napoleão e Einstein têm em comum? Além de terem definido os rumos da Humanidade, eles nasceram prematuros antes da invenção das incubadoras, que só aconteceu no final do século 19. O neonatologista colombiano Héctor Martinez inclui essa informação histórica em suas apresentações sobre a Metodologia Mãe-Canguru, que ajudou a criar há 30 anos, para mostrar a importância da presença da mãe e do leite materno na recuperação das crianças nascidas antes de 37 semanas de gestação, quando ainda não conseguem regular o calor do corpo.
Claro que as incubadoras salvaram, e ainda salvam, vidas, mas, antes delas, calor e leite maternos eram praticamente os únicos recursos disponíveis para garantir a sobrevivência dos bebês.
No final dos anos 70, começavam a surgir os primeiros estudos mostrando os benefícios do aleitamento materno. A partir desses dados, os doutores Edgar Rey Sanabria e Héctor Martinez, do Instituto Materno-Infantil de Bogotá, começaram a desenvolver o método Mãe-Canguru, que leva este nome por ser inspirado nesses marsupiais abrigados na bolsa da mãe até que tenham condições de enfrentar a natureza.
“A tecnologia cria um grande paradoxo ao retirar a criança de perto da mãe. Na UTI, entravam o médico, as enfermeiras, o pessoal da limpeza, menos a mãe. Em Bogotá, fazíamos assim, era o que haviam nos ensinado, e a mortalidade era enorme”, lembra o dr. Héctor. Foi quando os médicos colombianos passaram a estimular a mãe a levar seu leite ao filho.
“A partir do momento em que permitimos que a mãe entrasse na UTI , aconteceu um milagre: os bebês adoeciam menos”, conta. As mães passaram a ser estimuladas a manter os bebês junto ao corpo, peito com peito, na chamada posição canguru, o maior tempo possível. Assim que o estado geral da criança melhorava, e ela não precisava mais de oxigenação artificial, mãe e filho eram mandados para casa e recebidos no hospital para consultas de acompanhamento. Segundo Martinez foi um escândalo. “O importante eram as estatísticas, não a criança. Ninguém pergunta ao bebê com quem quer estar. Uma violação de direitos humanos”, resume.
Trinta anos depois, a Metodologia é adotada com sucesso em vários países. Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), hoje nascem prematuros ou com baixo peso de 6% (países desenvolvidos) a 12% (nações pobres) dos bebês, que poderiam se beneficiar da metodologia.
Aqui no Brasil, comemoramos dez anos da Conferência Nacional sobre o Método Mãe-Canguru (BNDES), que marca o uso da metodologia como política pública no país. Apesar do nome, o método pode incluir outros familiares, como o pai, claro. Mas, confirmando a máxima de que pai não é mãe, ele consegue aquecer o filho, mas não tem o mesmo “termostato” materno, que baixa a temperatura se o bebê fica superaquecido.
Consultoria: Héctor Martinez, neonatologista colombiano, um dos criadores do Método Canguru
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