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Saúde financeira dentro de casa: começar cedo, o seu filho merece!

Criança segue exemplo, educação financeira precisa ser praticada dentro de casa pelos pais - Getty Images
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Publicado em 30/08/2022, às 12h54 por Gisela Wever


Tenho atendido alguns pacientes que possuem dificuldade em lidar com o dinheiro, esse problema se dá aparentemente antes de ganhar o primeiro salário, parece já fazer parte de um histórico, ser um problema de saúde financeira que tem inicio na infância. Comecei a pesquisa para iniciar essa matéria como sempre faço e pude ver que esse tema vem sendo estudado há algum tempo, a relação do dinheiro, a família e a criança. Na tese de Debora Patricia de Souza, podemos acompanhar esse tema relevante: ao ensinar uma criança a lidar com dinheiro desde pequena, quando adulta terá maiores chances de aprender a administrar o seu salário e a sua vida. Vai saber guardar, guardar pra comprar e guardar pra poupar mais.

O desentendimento dos filhos com o pai foi causado devido a vitória na loteria
Criança segue exemplo, educação financeira precisa ser praticada dentro de casa pelos pais (Foto: Getty Images)

Durante os anos com tantas mudanças de moedas, o Brasil se viu dentro de uma instabilidade econômica trazendo para a vida dos brasileiros medo nesse período. “Numa economia sufocada pela inflação, qualquer tentativa de planejamento financeiro tinha resultados frágeis e desanimadores”, D’Aquino (2008). Isso seria um fator desanimador para deixarmos de pensar sobre educação financeira infantil, porém os tempos mudaram, a inflação não está tão galopante como no passado e podemos conseguir nos programar para pouparmos. Com a criança não é diferente, imaginem se ela conseguisse juntar uma parte da sua mesada para conquistar algo que almeja? Seria uma sensação de auto realização, de batalha vencida!

Para que nossos filhos possam começar desde cedo a terem essa noção do valor do dinheiro, o exemplo dos pais é fundamental! Eker em seu famoso livro: “Os Segredos da Mente Milinária”(2006) já dizia que o modelo financeiro de uma pessoa consiste numa combinação dos seus pensamentos, sentimentos e das suas ações em questões de dinheiro. Constitui-se, fundamentalmente, da informação ou programação que a pessoa recebeu no passado, sobretudo quando era criança.

Segundo Eker a programação é estabelecida conforme o condicionamento que se da de três formas: A primeira é a programação verbal: o que você ouvia quando era criança a respeito do dinheiro. O segundo condicionamento estão nos exemplos vistos pelos nossos pais ou parentes em questão de dinheiro quando criança. Aprendemos quase tudo a partir dos exemplos que nos dão quando criança. E a terceira base de condicionamento são os episódios específicos, as experiências com dinheiro que você obteve, ou presenciou quando criança. Estas moldaram suas crenças, ilusões, que direcionam sua vida. Assim sendo, este “modelo de dinheiro” é que determinará a sua vida financeira e, consequentemente, sua vida como um todo. Mas no decorrer da vida esse comportamento pode ser mudado, e a relação com o dinheiro pode ser melhorada caso seja disfuncional.

Com a facilidade das propagandas, marketing e redes sociais, existe uma enorme competição entre os coleguinhas da escola para obter o produto de última geração, levando os pais muitas vezes, a se sentirem ecurralados por essa demanda, em satisfazer seus filhos desse apelo constante. De acordo com Assis, (2002), a aquisição e o uso de produtos ou serviços, em meio a uma série de fatores e intervenções da sociedade e de suas novas construções, passou a ser tido como símbolo característico da sociedade, chamada na atualidade de sociedade do consumo. Utilizando-se do perfil persuasivo da mídia, até o ponto onde essa começou a ser considerada a principal motivadora do consumismo. Como é apontado por Santana (2010) quando diz que a mídia exerce uma proporção considerável de influência sobre os indivíduos, alimentando-os com prazeres imediatos, sendo que as pessoas por vezes buscam aquilo de que não necessitam (Luiz, 2005).

Para D’Aquino (2012), “educação financeira é a capacidade, possibilidade de ensinar a criança quatro pontos importantes a seguir:

  • 1. Que ela seja capaz de aprender a resolver problemas, e com isso ela aprenderá a ganhar dinheiro, ou seja, ganhar dinheiro é resolver problemas. Em tese, quanto maior a capacidade de resolução de problemas de alguém, maior o dinheiro que ela poderá vir a ganhar.
  • 2. Ensinar a criança a ser capaz de poupar: gastar dinheiro é fazer escolhas. Então, a educação financeira precisa fazer bom uso do estímulo que as crianças se apercebam das escolhas dessa fase, das consequências dessa escolha.
  • 3. A educação financeira inclui dar as crianças condições de perceberem que elas são capazes de se doar em tempo e talento.
  • 4. Mas tudo isso tem que ser abrigado sob a convicção de que todo ganho e todo uso do dinheiro deve ser regido pela mais estrita ética. É essa convicção que abre portas para todos os outros tratamentos do assunto, todo ganho do dinheiro deve ser regido pela mais absoluta ética”.

Já para Modernell (2011), as crianças devem aprender a diferenciar necessidades de desejos e perceberem as possibilidades limitadas que o dinheiro pode trazer. Elas devem aprender que podem sonhar um futuro financeiro melhor.

Além de fazer bem para a saúde financeira, a educação nessa área ajuda a prevenir doenças relacionadas à transtornos do impulso, como o de Compras compulsivas. Segundo pesquisas publicadas, as meninas possuem mais chances de desenvolverem problemas com as finanças, esse é um dado importante tendo em vista que as mulheres são mais influenciadas pela mídia e também tidas como mais consumistas do que os homens, esses tendem a planejar suas compras mais do que as mulheres que são, além disso, propensas ao comportamento de compra disfuncional (compra compulsiva). (Dittmar, 2005; Schuster et al.,2016)

O comportamento de comprar compulsivamente pode ter consequências graves se não for tratado, podemos destacar altos índices de endividamento, a baixa autoestima, problemas legais e dificuldades conjugais, além do afastamento familiar, se tornando fundamental o papel do psicólogo neste contexto. Fica a dica para papais e mamães antenados! (1989 apud Nery et al., 2012)

Referências

  • DÉBORA PATRICIA DE SOUZA, BELO HORIZONTE, 2012. A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO FINANCEIRA INFANTIL
  • Kenny Secchi. Universidade do Planalto Catarinense – UNIPLAC – Brasil. O CONSUMISMO E A MÍDIA: UMA PERSPECTIVA PSICOLÓGICA
  • NERY, M.B.M et al. Um breve ensaio da psicologia acerca do comportamento consumista na sociedade atual. Interfaces Científicas – Humanas e Sociais: Aracaju. V.01. N.01. p. 53-62. out. 2012. Disponível em: https://periodicos.set.edu.br/index.php/humanas/article/view/164/95
  • ASSIS, É. G. de. O movimento de contestação do consumismo: a crítica do consumo e o consumo da crítica. Salvador: Intercon, 2002
  • SANTANA, A. F. R. S. Mídia e consumo: influências da publicidade no comportamento infantil. 2010. 61 folhas. Trabalho de Conclusão do Curso de Graduação em Pedagogia. Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2010. Disponível em: https://www.uel.br/ceca/pedagogia/pages/arquivos/ALINE%20FRANCINE%20RIBEIRO%2 0SANTANA.pdf
  • Eker,T. Harv : Os segredos da Mente Milionária, 2006.
  • SCHUSTER, M. da S et al. Validação e investigação da relação entre comportamento Compulsivo de compra e consumismo. Revista de Administração FACES Journal, vol. 15, núm. 3, julio-septiembre, 2016, Universidade FUMEC, Minas Gerais, Brasil. Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=194047338004.

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