Publicado em 27/03/2018, às 10h24 - Atualizado em 28/03/2018, às 07h15 por Cecilia Troiano
“Não tenho palavras para dizer o quanto sua fala me acalmou. Tenho 3 filhos, sou nova e trabalho bastante, fiquei aliviada com o que você falou, me sinto muito culpada em não estar mais perto dos meus filhos”
Ouvi a emotiva frase acima de uma jovem mãe mato-grossense, após uma palestra que fiz no município de Sinop (MT). Durante minha fala, citei uma frase que gosto muito dita pelo pediatra Dr. Leonardo Posternak:
“A falta de mãe é prejudicial. O excesso intoxica”
Como é bom ter a sapiência e a experiência de ter lidado com milhares de mães culpadas ao longo de sua carreira! Venho repetindo essa “simples” frase do Dr. Posternak e sinto que, em todas as vezes, ela tem um poder calmante enorme sobre as mães que se sentem culpadas pelas horas, nem sempre extensas, que passam com os filhos por conta de suas vidas de equilibristas.
Culpa, culpa, culpa. Esse bicho nos persegue e parece que quando trabalhamos fora de casa esse sentimento atinge níveis ainda mais elevados. Nos culpamos pela ausência, por estarmos “privilegiando” o trabalho aos filhos, pela ausência em festinhas da escola, por não estarmos em casa na primeira vez que nosso filho falou “água”. Além de tudo de ruim que aconteça com a criança (e nunca algo de bom, claro) associarmos à nossa falta em casa. É tudo nosso culpa, ah, se eu estivesse mais em casa….
Não, não, não. Nossos filhos não giram apenas em torno de nós. Sim, somos muito importantes para o desenvolvimento deles, sem dúvida. Mas, relembrando Dr. Posternak, nossos filhos não nos querem 24 horas, 7 dias por semana ao lado deles. É exatamente quase o contrário disso. O que nossos filhos precisam, para um desenvolvimento emocional saudável, é ter a segurança de que a mãe sai e volta. É essa certeza que transmitimos a eles do afastamento e do retorno que constrói um sentimento de segurança interna.
Ter isso em mente é muito tranquilizante. Não significa abandonar nossos filhos, nem tampouco abrir mão de horas preciosas com eles, mas sim dosar o perto e o longe sem achar que o longe é o lugar da mãe-carrasca e o perto o da mãe-perfeita. O bom senso do equilíbrio e da demanda específica de cada filho é nosso melhor termômetro para essa medida exata de presença-ausência. Aliás, por falar em ausência, lembro-me do poema de Carlos Drummond de Andrade que foi usado pela minha filha no prefácio de meu segundo livro (Aprendiz de equilibrista: como ensinar os filhos a conciliar família e carreira). No poema “Ausência”:
“Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência…”
Nós, mães, precisamos urgentemente saber separar ausência de falta. Esse é um primeiro e importante passo para lidarmos com a culpa pela ausência e pararmos de nos ver como estando sempre sempre no débito com alguém, sempre em falta. Afinal, nosso mestre Drummond diz tudo, “não há falta na ausência”.
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