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Dia Mundial da Amamentação: amamentar na volta ao trabalho é um direito de todas as mães

Conciliar a rotina materna com a profissional ainda é um desafio pouco acolhido dentro das empresa - Freepik
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Publicado em 01/08/2023, às 07h05 - Atualizado às 09h04 por Victoria Raissa, filha de Ângela e Clóvis


Voltar ao trabalho depois do nascimento de um filho é sempre um momento de muita apreensão, dúvidas, medos e anseios, especialmente para as mães que amamentam. Ficar muito tempo longe do bebê, encontrar a melhor pessoa ou local para deixá-lo e ter disposição para “dupla jornada” são algumas das preocupações que passam pela cabeça. Mas além disso, um dos principais desafios é conciliar a amamentação com o retorno para a empresa, uma prática tão importante e nutritiva para mãe e filho, mas pouco incentivada e apoiada no ambiente profissional.

Uma pesquisa da Empregos.com.br mostrou que mais da metade das mulheres entrevistadas (56,4%) já foi mandada embora ou conhece outra mulher que foi demitida quando voltou da licença-maternidade. Em paralelo, o Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (ENANI)diz que apenas 45,8% das crianças no Brasil desfrutam do aleitamento materno exclusivo nos primeiros seis meses de vida – taxa essa, que não atinge os 50% recomendados pela Organização Mundial da Saúde.

Diante desse cenário, o ‘Agosto Dourado’, conhecido como o mês dedicado à amamentação e à Semana Mundial do Aleitamento Materno 2023 (SMAM), traz para debate o tema “Apoie a amamentação: faça a diferença para mães e pais que trabalham”, visando enfatizar a importância de se criar uma rede que estimule o aleitamento materno no ambiente profissional.

Conciliar a rotina materna com a profissional ainda é um desafio pouco vistos dentro das empresa
Conciliar a rotina materna com a profissional ainda é um desafio pouco acolhido dentro das empresa (Foto:Freepik)

Durante os dias 1º a 7 de agosto a SMAM vai discutir e propor medidas tanto aos empregadores, quanto à sociedade em geral de como proporcionar um ambiente seguro e saudável para a amamentação completa no tempo indicado para as crianças mesmo depois que as mães voltam a trabalhar.

O aleitamento diz respeito não somente à saúde e proteção da criança, mas responde também por inúmeros benefícios à mãe. “Apoiar o aleitamento materno traz benefícios não só para a saúde da mãe (menor incidência de câncer de mama e ovário, menor risco de desenvolvimento de síndrome metabólica, diabete, artrite reumatoide entre outros) e do bebê (excelentes resultados em saúde, crescimento e desenvolvimento, redução significativa de infecções agudas e crônicas, maior QI, etc.), mas para as empresas como menores taxas de absenteísmo, menores despesas em saúde, maior satisfação profissional”, explica a enfermeira obstetra, consultora de amamentação e nossa colunista Cinthia Calsinski, mãe de Matheus, Bianca e Carolina.

Apesar da recomendação médica e incentivos da OMS e outras organizações de saúde, o que vemos em muitos casos é um aleitamento interrompido precocemente no retorno da licença maternidade que, no Brasil, acontece no quarto mês pós-parto, ou a depender da empresa, aos seis meses do bebê.

Amamentação: um direito de mãe e filho

O artigo 396 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), prevê que a mulher ao retornar do afastamento de 120 dias tem o direito de duas pausas na jornada de trabalho para dedicar-se à amamentação e extração do leite, ou a jornada reduzida em até 1 hora. Além disso, qualquer empresa que tenha mais de 30 mulheres no quadro de funcionários deve oferecer um berçário – caso ele não exista, as mães poderão sair para amamentar em casa ou na creche distrital mais próxima. O importante é que ninguém hesite em exigir seus direitos, afinal, eles são garantidos por lei.

Entretanto, a falta de um ambiente propício em creches e empresas para a ordenha e o armazenamento adequado do leite desencoraja inúmeras mulher a manter a amamentação exclusiva até o sexto mês do bebê ou estender esse período quando necessário, tendo em vista os desafios de conciliar a rotina intensa dos cuidados maternos e o dia a dia profissional.

Carteira de Trabalho Digital
A CLT prevê as pausas para todas a mães que amamentam (Foto: Agencia Brasil/Marcelo Camargo)

“A amamentação é importante em vários sentidos, inclusive, para fortalecer o vínculo da mulher com a empresa, pois, bebês amamentados exclusivamente adoecem menos, e isso reduz o índice de afastamentos e saídas. A sociedade como um todo deveria entender que amamentar é um direito humano que precisa ser encorajado, respeitado e cumprido”, ressalta Mylla Calefi, enfermeira obstetra e consultora em amamentação na Theia, plataforma de cuidados online, focada em pré-concepção, pré-natal, parto e pós-parto.

Os empregadores desenvolvem um papel fundamental na amamentação mesmo que sem saber, pois ao proporcionar um ambiente seguro para que a colaboradora retorne à vida profissional em sintonia com os cuidados necessários para a saúde do filho, promove também um bem-estar físico e emocional à mulher, consequentemente à empresa.

“Quanto mais a amamentação fluir de forma natural, e a mãe aprender a observar os sinais do que o bebê quer e precisa, mais leve e tranquilo será o processo. Sem dúvida, ela precisa de muito apoio e acolhimento, tanto da família, quanto da sociedade e dos profissionais de trabalho para conseguir amamentar por mais tempo”, destaca Mylla Calefi.

Todos devem fazer sua parte

Oferecer um ambiente propicio e acolhedor para as mulheres que amamentam é o começo de uma boa relação empresa-funcionária. A exemplo disso, o “Guia de Políticas Pró-Maternidade, Paternidade e Parental” da Empodera, propõe uma série de medidas para facilitar a união entre a amamentação e o ambiente de trabalho, como salas exclusivas para o aleitamento e/ou creches que ofereçam um espaço adequado para receber o leite extraído pela mãe.

“A procura por termos relacionando demissão, estabilidade e licença-maternidade cresceu mais de 300% nos últimos 5 anos. Em 2021, “cansada” foi a palavra mais pesquisada, quando comparado ao gênero masculino, demonstrando como o acúmulo de funções das mulheres impactam na vida social e psicológica delas”, revela o relatório da Empodera, que lista algumas soluções para empresas que pretendem solucionar esse problema que aflige tantas funcionárias.

“Programa de Desenvolvimento de Gestores, treinamento padrão da área de Recursos Humanos, que aborda questões referentes à valorização da diversidade e a importância do papel do líder em ser receptivo e inclusivo, desde o anúncio da gestação até o retorno”, é uma das alternativas apresentadas.

Especialmente para as mães, a volta ao trabalho apresenta inúmeros desafios
Especialmente para as mães, a volta ao trabalho apresenta inúmeros desafios (Foto:Freepik)

Mylla Calefi aponta que esse é um tema interessante e pouco discutido. “Em 2019, foi aprovado um projeto de lei pelo Senado que obriga as creches a terem espaço físico próprio e adequado para a manutenção da amamentação, porém ainda se observa muitos relatos de mães que não conseguem entregar o próprio leite para que seja armazenado e oferecido de forma segura e limpa para o bebê durante a estadia dele na creche ou que não possui espaço para que ela possa ir até lá para amamentar”.

Ela ainda ressalta que a falta de estrutura e apoio por parte das escolas e das empresas, é uma das principais causas de desmame precoce, antes dos seis meses de vida. “Visto que a maioria das trabalhadoras voltam da licença maternidade em quatro meses”.

Como voltar ao trabalho enquanto amamenta

Voltar ao trabalho pode ser uma etapa difícil da maternidade, por isso, é essencial que você planeje bem como e quando isso vai acontecer. O ideal é tentar agendar o dia do retorno mais para o final da semana, como uma quinta-feira. Assim, com o sábado e o domingo chegando rapidamente, essa transição pode ficar mais suave.

Como doar leite materno: passo a passo, armazenamento correto e onde fazer a doação
A criação de um ambiente adequado para a extração do leite materno é fundamental no retorno ao trabalho (Foto: Getty Images)

Outra dica é treinar o bombeamento em casa, para que não se perca tempo durante os intervalos no trabalho. Adquirir equipamentos adequados para retirada do principal alimento do seu filho também pode deixar os dias mais práticos, como bombas extratoras e bolsas térmicas para o transporte do leite materno.

Profissionais de saúde orientam sobre amamentação na Semana Mundial de Aleitamento Materno, no Palácio do Catete (Foto: Agência Brasil/Fernando Frazão)

Já aos empregadores, cabe a missão de criar um ambiente de trabalho compreensivo e acolhedor, para que essa mãe  se ausente por alguns minutos durante a jornada de trabalho, que também pode ser mais flexível, para extrair o próprio leite, sem o sentimento de culpa de estar atrapalhando o trabalho em equipe. Essas mudanças são fundamentais para deixar esse período da maternidade mais leve, onde a mulher precisa se sentir parte novamente do local de trabalho.


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