Publicado em 05/04/2024, às 11h58 por Redação Pais&Filhos
O julgamento sobre o assassinato do menino Miguel dos Santos Rodrigues, ocorrido em julho de 2021 na cidade de Imbé, Litoral Norte do Rio Grande do Sul, avançou com revelações emocionantes e detalhes perturbadores.
Yasmin Vaz dos Santos Rodrigues, mãe da vítima, e sua então companheira, Bruna Nathiele Porto da Rosa, enfrentam acusações graves que incluem homicídio triplamente qualificado, tortura e ocultação de cadáver. Miguel foi morto aos sete anos em 2021.
Segundo reportagem do Correio do Povo, o policial Jeferson Luciano Segatto classificou a postura da mãe de Miguel durante o julgamento que aconteceu na tarde desta quinta-feira, 4 de abril, como "frieza, nenhum tipo de sentimento de tristeza e um pensamento prático sobre como se livrar do corpo".
“Quando eu perguntei para ela se caberia um menino de 7 anos na mala, a Yasmin, com a sua frieza, me respondeu: ‘eu botei ele, dobrei a perninha, já para facilitar que, quando eu abrisse a mala, o corpo caísse’”, relembrou o policial.
O policiais foi um dos primeiros a atender a ocorrência, quando ainda se acreditava na possibilidade de Miguel estar vivo. “A Yasmin chegou no local muito firme, muito incisiva na oratória. Eu notei que ela queria manipular a situação de forma que a gente não tentasse conversar com a Bruna. O que eu pude notar foi a tranquilidade dela em narrar o sumiço de um filho. Para nós, naquele momento, na narrativa dela, ele (Miguel) poderia estar vivo. Então, num primeiro momento, nossa intenção era achar o menino”, afirmou.
Após a descoberta da morte do menino, o policial disse que a mãe confessou o crime. "Ela (Yasmin) falou para mim que batia nele (Miguel). Ela admitiu a prática do crime. A Yasmin foi conosco e também nos indicou o caminho percorrido até largar o menino no rio e posteriormente nos levou até onde havia dispensado a mala na lixeira", completou o policial militar.
Em um dos momentos mais fortes do julgamento, Yasmin contou que sua então companheira, Bruna, teria trancado Miguel no guarda-roupas.
"Eu sou um monstro. Na verdade, eu sou muito monstro. Porque, se eu estou aqui hoje, é porque eu errei pra caramba. Se eu tô aqui, tá todo mundo aqui, é porque eu fui péssima como mãe, como ser humano. Mas eu jamais imaginei que que ela pudesse fazer isso", disse.
A acusada detalhou o momento angustiante em que descobriu o corpo sem vida do filho e a decisão de ocultá-lo no Rio Tramandaí.
"Eu vi a Bruna embaixo da mesa sentada tipo em posição fetal. Eu olhei pra ela e eu perguntei: 'cadê o Miguel?' Eu saí correndo para dentro do quarto do banheiro. Eu vi o Miguel deitado. Ele tava todo gelado, todo roxo. Eu mostrei para ela e eu perguntei o que tinha acontecido e ela falou que ele estava morto. O Miguel estava roxo e duro. Como que eu ia ir pra algum lugar e dizer que eu não matei, que eu só dei fluoxetina pro meu filho e que ele morreu com fluoxetina, que era um remédio que ele nunca tinha tomado?", declarou a ré.
"Então, eu peguei ele no colo. Ele não estava vestido adequado, estava frio. Eu vesti um casaco bem quentinho, botei uma calça quente. Ela levantou e veio com a mala e falou que a gente tinha que a gente tinha que fazer alguma coisa... Ele estava quentinho. Ele estava um agasalhado. Aí eu peguei e botei. Eu botei ele lá. Eu botei ele e levei até o rio", disse, chorando.
Segundo a defesa, Yasmin bateu em Miguel e deu o remédio para o menino no dia da morte.
Bruna admitiu sua participação na tortura psicológica e na ocultação do corpo de Miguel, mas negou ter sido responsável por sua morte. "Eu tenho a ver com a tortura e a ocultação, a morte não", disse.
O tribunal também foi palco de depoimentos de testemunhas chave, incluindo oficiais da polícia militar que atenderam a ocorrência e o delegado Antônio Ractz, responsável pela investigação do caso.
A investigação revelou aspectos chocantes da vida cotidiana de Miguel. Vídeos encontrados nos celulares das acusadas mostraram o menino sendo submetido a castigos severos e agressões físicas. Cadernos com frases repetitivas como "eu sou um idiota" e "não mereço a mamãe que eu tenho" evidenciaram a brutalidade do ambiente doméstico.
As buscas pelo corpo do menino no Rio Tramandaí foram extensivas, mobilizando recursos como motos-aquáticas, botes e drones para explorar áreas de difícil acesso. Apesar dos esforços, o corpo de Miguel nunca foi encontrado.
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