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O aroma dos filhos nos lembra da nossa história

O abraço, a fungada no pescoço, o contato com os filhos trazem muitas lembranças, não importa quanto tempo passou - Shutterstock
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Publicado em 31/03/2021, às 08h05 por Beto Bigatti


Pode ser a pessoa mais racional que você já conheceu na vida. Alguém que calcula duzentas vezes qualquer gesto. Que, aliás, poucas vezes faz gestos que não sejam calculados. Pois bem, eu tenho o antídoto para este humano que mais parece uma calculadora financeira.

O abraço, a fungada no pescoço, o contato com os filhos trazem muitas lembranças, não importa quanto tempo passou (Foto: Shutterstock)

Descobri sentindo, literalmente, na pele. Era inevitável. Fazia sempre, o tempo todo. Pegava meu filhote no colo para ninar ou para fazer arrotar, não importa, lá estava eu fazendo aquilo. Antes do banho. Depois do banho. Muitas vezes durante o banho. Lá estava eu. Até nas trocas de fraldas. Sabe quando dizem: “Era mais forte do que eu”? Era mesmo.

Até o dia em que me dei conta: ninguém, nenhum ser no mundo, nem mesmo a pessoa-calculadora, consegue não sentir o corpo em festa e o coração em paz ao cheirar seu filhote. Simples assim. Me aproximo dele, fecho os olhos e parece que cada poro daquela pele exala o elixir do amor. E aperto ele ainda mais. E sigo para uma nova fungada profunda. E me perco na essência da vida.

Chegava a vovó, o vovô, os dindos, até a vizinha chata do 102 e todos, hipnotizados, cheiravam meu filhote. Atire a primeira pedra quem nunca levantou um bebê e o cheirou dos pés à cabeça. Levante a mão agora ou cale-se para sempre quem nunca deu uma respirada profunda nos pés de um bebê, segurando os dois bem juntinhos e enterrando seu rosto neles.

Provavelmente a ciência tem uma centena de explicações para isso tudo, mas nem precisamos delas. Para amar não precisamos de justificativas. Basta o olfato para nos conectarmos à pureza. Desconfio que o aroma dos nossos filhos nos lembra da nossa história, garante que seguiremos vivos mesmo que em outro potinho de amor.

Porque talvez a vida seja isso mesmo. Talvez viver valha a pena quando a gente tem cheirinhos para guardar em potes bem seguros que fiquem à mão para poder visitá-los em dias bons ou nem tão bons assim. Talvez sejam esses potinhos que façam os cheiros ruins terem sentido nas nossas vidas. Perdas e ganhos.

Mas uma coisa eu arrisco registrar para sempre neste manual que estamos construindo juntos: cabe todo amor do mundo no cangote dos nossos filhotes. E até hoje, quando até desodorante meu caçula usa, me pego cheirando aquele pescoço azedo que, vai entender, ainda adoça minha alma.


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