Publicado em 17/07/2019, às 07h54 - Atualizado às 08h36 por Bianca Sollero
Esqueça 99,9% das dicas que você já ouviu sobre educar crianças. Elas adiantarão pouco, ou quase nada, se você não se dedicar a um primeiro passo fundamental mas que poucas pessoas nos dizem. E eu preciso te dizer que, de fato, poucas pessoas dizem porque poucas pessoas fazem. Ou ainda, porque talvez seja o passo mais difícil de todos.
Durante os mais de 15 anos que me relacionei profissionalmente com crianças e seus educadores, e nos quase 10 que eu me dediquei atentamente a acompanhar seus casos clinicamente, como psicóloga, eu percebi que nada adiantava grandemente se os pais (ou adultos responsáveis) não alterassem a forma com a qual se relacionavam com as crianças. Ao mesmo tempo, nessa mesma época, toda vez que eu ouvia ou orientava estes adultos, eu me deparava com uma questão básica e fundamental, que sempre perpassava pela criança que eles foram e pela história de vida individual que construíram.
Então, nada parecia realmente fazer efeito, fazer a diferença, enquanto estes adultos não se propusessem a olhar para dentro deles mesmos, rever seus caminhos, suas crenças, suas próprias leituras de mundo.
Isso foi o que me fez direcionar minha carreira para o atendimento e a orientação de pais, especificamente. Atualmente, o que mais chega até mim são adultos estudiosos, que já leram mil livros e fizeram mil cursos sobre as mais modernas e variadas técnicas de educar crianças, mas que não conseguem colocá-las em prática, não conseguem modernizar suas atitudes. Não conseguem, por exemplo, parar de gritar com seus filhos, mesmo cobertos de razão e consciência de que isso não funciona mais…
A questão, enfim, é sobre o autoconhecimento do adulto.
Nenhum processo educativo acontecerá de forma autêntica e integralmente saudável se não houver autoconhecimento. Somente quando nós, adultos, educadores, nos dedicamos a conhecer-nos internamente, a entendermos nossas frustrações, nossos desejos, nossas habilidades e limitações humanas é que conseguiremos rever e realmente agir de forma diferente com nossos filhos. Respeitando-os e nos respeitando também.
Seu filho não vai te ouvir, nem te obedecer (ou respeitar), nem confiar em você enquanto você não fizer o mesmo para com ele. E você só conseguirá fazer isso, depois que se desprender de traumas e crenças limitantes que nasceram na sua infância. Para isso, é preciso autoconhecimento!
Sim, não é fácil, mas pode sair bem mais barato. Por que, ao fim das contas, todas as suas questões perpassam por quem você é, pela criança que você foi. Por isso, qualquer outro investimento “mais fácil” que você fizer na tentativa de melhorar a educação de seu filho ou conquistar um melhor comportamento dele será inútil se você não estiver, primeiro ou ao mesmo tempo, se dedicando a se autoconhecer.
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