Publicado em 30/04/2015, às 17h41 - Atualizado em 24/12/2020, às 05h41 por Redação Pais&Filhos
Quando consultamos o dicionário, a palavra LIMITE é definida como “aquilo que determina os contornos de um domínio abstrato”. Definição é complexa, hein… assim como a aplicação, afinal limite é aquilo que nossos filhos vão desenvolver ao longo da vida para saber até onde eles podem ir, o que podem e que não podem fazer. E quem começa todo esse trabalho árduo somos nós, os pais. Mas aí vem aquela longa história de que a teoria é fácil, difícil mesmo é colocar isso em prática.
A criança vai testando, você percebe o confronto, sabe que tem de agir, mas não sabe muito bem como ou quando dar o primeiro passo. Parece mais um filme de faroeste americano em que ganha quem for mais ágil e firme. Não dá, né! Quem sabe dos limites dos nossos filhos somos nós, oras. Cabo de guerra com a criança só na brincadeira, na maternidade não rola.
Além do mais, dizer “não” pro seu filho não é traumático, tampouco sua firmeza. Pelo contrário, faz bem. Afinal, a criança só vai saber até onde pode ir quando tem limites claros e estabelecidos. É assim que ela aprende a ajustar-se às regras e conhecer suas possibilidades. Uma criança com limites se sente mais segura para explorar, parte fundamental do desenvolvimento infantil. Ao pensar rapidamente, limite e autonomia podem parecer questões opostas. Mas, quando se trata de educação, esses conceitos se conectam e mostram que trabalham juntos, explica o doutor em psicologia educacional Paulo Afonso Caruso Ronca, pai de Fernanda, Ricardo, Marcela e Roberta.
Independentemente da linha de educação que uma família decide seguir é preciso criar limites para que o desenvolvimento do seu filho seja saudável, tanto do ponto de vista psíquico quanto físico. É importante que as regras sejam colocadas e na medida certa, sem muito autoritarismo e sem excessiva permissividade, o tão conhecido equilíbrio. E que o diálogo seja parte fundamental do relacionamento.
A criança pode (e deve!) participar das escolhas.
Assim, irá se sentir confortável para exprimir suas vontades. “A Júlia sabe que pode escolher o que quer comer, mas dentro do que eu ofereci até hoje para ela”, conta Gabriele Monteiro, mãe de Júlia, que está agora com 1 ano de idade. Além disso, procura não interferir nem mesmo na quantidade de comida que a filha aceita e respeita o limite dela.
Em contrapartida, deve ficar claro para a criança que existem consequências para as decisões que tomamos, sejam boas ou ruins. E esses conceitos podem ser aplicados desde cedo. Se os pais resolvem todos os problemas da criança, o processo de desenvolvimento de autonomia e responsabilidade será doloroso mais tarde.
A consultora familiar Renata Konzen, mãe de Helena, Iris e Flora, explica que muitas vezes os próprios pais acabam perdendo a linha por não achar o equilíbrio. Às vezes são permissivos, por convicção ou até mesmo cansaço, ou são extremamente rígidos com medo de perder o controle dos filhos. Mas alerta: geralmente, os mais autoritários enfrentam a revolta dos filhos, e os permissivos acabam tendo que lidar com sintomas sérios de ansiedade, porque, sem limites, a criança se sente perdida.
Para não cair nessas armadilhas de superproteção ou liberdade excessiva, é preciso ter segurança. As regras e valores que queremos transmitir aos nossos filhos devem estar claros para todos. “Os limites devem estar relacionados com o que a criança pode ou não fazer, mas de forma alguma devem barrar as conquistas que as crianças estão fazendo ao longo da vida”, explica a psicóloga Ana Paula Magosso, mãe de Nicolas, Felipe e Murilo.
Colocando a teoria em prática
Para começar a pensar em educação, primeiro é preciso considerar que o seu filho vai viver em sociedade e que todos temos de seguir regras. E, pode acreditar, desde cedo ele já tem capacidade para começar a aprender, ainda que não responda totalmente aos estímulos. “Os limites são alternáveis, eles devem mudar conforme a idade, mas o ponto crucial em qualquer fase é que o ‘sim’ deve significar ‘sim’ e o ‘não’ deve ser verdadeiramente um ‘não’, e que, às vezes, pode-se negociar”, diz o psicólogo educacional.
Quando se trata de limites, alguns pontos importantes precisam ser considerados: primeiro, sempre explique o motivo de as regras existirem, mesmo que a criança ainda não entenda. Segundo, nunca minta, por mais que pareça uma mentira inocente, é preciso que se crie um elo de confiança. E, finalmente, respeite a criança como indivíduo e ensine que ela deve reparar seus erros. Maristela Harada, mãe de Felipe e Luiz, conta que preza pelo diálogo com os filhos para construir uma relação saudável, que também contribui muito para que hoje eles sejam independentes. “Acho importante observar o que nossos filhos podem fazer sozinhos e agregar uma coisa nova para eles buscarem. Em casa, por exemplo, a personalidade e as habilidades se diferem, e por isso a nossa conduta é diferente com cada um”, conta.
Os limites começam a ser estabelecidos desde o nascimento, quando a mãe, ainda que intuitivamente, vai definindo a nova rotina. Vale dizer ao bebê que é noite, por isso é hora de dormir. “A criança começa a entender seus limites a partir do momento em que a mãe transmite essa informação pelas suas atitudes estáveis e coerentes”, explica Ana Paula Magosso.
Para ajudar, use frases curtas e objetivas, mas sempre explicativas. “É importante levar a conversa para o nível dos nossos filhos, com elementos presentes no dia a dia deles. Assim, tentamos sempre conversar e mostrar a consequência de seus atos”, diz Juliana Mosna Escarim, mãe de Valentina. Ela conta que procura não alertar a filha a ponto de assustá-la e que o fato de explicar as razões do “não” contribuiu para que hoje, aos 2 anos, a pequena já saiba distinguir alguns perigos e não seguir em frente.
O processo de dar à criança mais responsabilidades acontece aos poucos, de acordo com a percepção que elas vão ganhando com o tempo. Isso faz parte da construção de personalidade, autoestima e do desenvolvimento psicomotor. E tudo começa em casa, ao fazer pequenos testes constantemente, como escovar os dentes, guardar os brinquedos, lavar o cabelo sozinho e até saber atravessar a rua. Segundo Renata Konzen, o trabalho dos pais é reduzir o universo dos filhos até que estejam prontos para partir para um próximo estágio, como por exemplo ir para a escola e enfrentar novos desafios. “Depois de aprenderem a respeitar os pais, a circular em casa e conhecer os limites desse ambiente, vão ter de aprender coisas novas com o próximo”, diz. Isso cria nos filhos uma noção forte de comunidade e do seu papel como indivíduo dentro da sociedade.
Juliana conta que, para estimular a filha, deixa que a menina tome banho e se vista sozinha, ajude a enxugar as mamadeiras e tirar o pó dos móveis, mas sempre sob sua supervisão. “Aqui em casa não somos superprotetores, e acredito que quando deixamos a criança experimentar ela aprende muito mais. Dar autonomia é também dar crédito aos nossos filhos.”
Cada família em particular deve saber o que mais funciona quando se trata de disciplina. Para especialistas, o castigo deve ser encarado como a consequência do que a criança fez, e não como forma de impor os limites disciplinares. “O castigo é inerente ao ser humano, faz parte da vida em sociedade, mas deve ter uma causa justa para se tornar educador”, explica Paulo Afonso Ronca.
Posso castigar?
O castigo imposto não será positivo se for frequente. E é preciso tomar cuidado para não inibir o comportamento indesejado da criança causando nela medo, é preciso que ela compreenda. Para que os limites sejam verdadeiramente respeitados, é importante ajudar a criança a perceber que existem consequências para os seus atos e que nem sempre elas estarão ligadas diretamente aos pais.
Quando ela fica brava e quebra um brinquedo, irá ficar sem. Se ela não colocou as roupas sujas na lavanderia, elas não serão lavadas. E isso vai tomando outras proporções conforme a criança for ficando mais velha. Se seu filho não estudar, ele não irá bem na prova, e é normal que entenda que existem as sanções positivas e negativas para seus atos. É a tão famosa causa e consequência. E é importante que você também entenda que essas implicações são naturais, não são necessariamente castigos, mas sim as causas das escolhas feitas por eles. Seu papel é mostrar quais são os limites, ensinar, mostrar o caminho. Acredite, é o melhor para ele. &
A consultora familiar Renata Kosen deixou uma listinha das responsabilidades que nossos filhos já podem assumir em diferentes faixas etárias. Confira:
2 a 3 anos
• Guardar todos os brinquedos após o uso
• Alimentar-se sozinhos
• Escolher que roupa irá vestir (dentro de algumas opções limitadas pelos pais)
• Escovar os dentes com
sua supervisão
• Lavar as mãos sozinhos
4 a 5 anos
• Aprender a limpar
aquilo que sujou
• Tomar banho sozinho
• Se vestir
• Utilizar o banheiro
e limpar-se sozinho
• Colocar comida no prato
• Cuidar dos objetos
e materiais escolares
• Amarrar os sapatos
6 a 7 anos
• Escolher e preparar
o lanche da escola
• Arrumar a cama e o quarto
• Auxiliar em tarefas simples, como secar a louça e colocar a mesa
8 a 9 anos
• Administrar o tempo, escolhendo os horários
de suas atividades
• Ajudar no preparo
de uma refeição
9 a 12 anos
• Desenvolve a noção do coletivo, do papel dentro de casa e do impacto de suas decisões. Ou seja, se não leva o lixo para fora, no dia seguinte, terá um saco a mais
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