“Meu marido é irmão da mulher que foi amante do meu ex-marido”

Maria Aparecida Martins, de 41 anos de idade, é a mais velha de três filhas mulheres. Com pais muito rigorosos, elas não tinham liberdade para sair de casa sozinhas, nem para os únicos lugares que podiam frequentar: a missa e a escola.

Quando ela conheceu um rapaz, só podia namorar aos finais de semana e a mãe precisava estar junto. Eles, então, se casaram com 10 meses de namoro. Ela tinha 16 anos de idade. Querendo ficar o mais longe possível do controle que tinham sobre ela, o casal se mudou para Portugal.

O marido não era responsável com as contas de casa, bebia muito, e eles tinham muitas brigas, até agressão física chegou a acontecer. Entre idas e vindas, o casal chegou a ficar mais de 20 anos juntos. Ela já tinha adotado um bebê que apareceu na porta de sua casa, trazido por um amigo conselheiro tutelar, e eles estavam morando nos Estados Unidos.

Após ter recebido um aviso de despejo por falta de pagamento do aluguel por parte do marido, e descobrir traições até de relacionamentos concretos que ele tinha, em setembro de 2019, com Maria determinada a se separar, o homem saiu de casa.

Em outro país, com um filho e nada além de suas roupas, as do menino e um carro velho, Maria tinha três empregos. Ficou sem notícias do ex-marido até que ela entrou no Facebook e viu um comentário dele em uma publicação de um rapaz que ela tinha adicionado à sua lista de amigos. Ela, então, o xingou ali nos comentários mesmo. O homem apenas a pediu que não xingasse ninguém nas publicações dele porque usava a rede social para trabalhar.

“Fiquei curiosa para saber quem era aquele cara. Quando entrei no perfil, a primeira foto que vi foi da amante do meu ex-marido. Eles eram irmãos. Durante um mês, ele me mandava mensagens de bom dia e eu o mandava para o inferno, sem a menor paciência”, contou ao Universa. Porém, o homem insistiu que queria ser amigo dela. E, apesar da negativa, já que ele era cunhado do ex-marido dela, o rapaz sugeriu que não tocassem no nome do ex dela, nem no da irmã dele.

“Dei uma chance e começamos a conversar. Descobri que somos da mesma cidade, que estudei com uma de suas irmãs e que o filho dele fez Taekwondo junto com o meu. Quando vi, estávamos fazendo chamada de vídeo”, falou. Mas ela não conseguia esquecer a relação dele com a namorada do ex-marido, tentou cortar o contato, e foi pedida em namoro em novembro de 2019. Um mês depois se encontraram pessoalmente na cidade dele, a duas horas da dela.

A família não gostou da relação, mas o importante para os dois era estarem juntos. Em 2020 quando Maria perdeu os seus empregos por conta da pandemia, ela iria voltar para o Brasil, mas o namorado não deixou e a chamou para morar com ele. “Não era o que eu queria, afinal, eu tinha acabado de sair de um casamento sofrido, de mais de 20 anos. Mas não tive escolha e aceitei a proposta”, lembrou.

O filho de Maria, porém, não gostou e foi morar com o ex-marido dela, o que a deu um sentimento de ter sido traída. Porém, assim, ela pôde voltar a trabalhar com as faxinas que fazia em casas de família. “Em setembro daquele ano, precisava tomar um remédio, mas tinha que descartar a hipótese de gravidez antes. Eu nem suspeitava, mas fiz o teste que, num susto, veio positivo”, contou.

A mulher que, não havia conseguido engravidar no antigo casamento, passou a gravidez inteira chorando, como relata, porque o ex-marido tinha mudado de estado e levado o filho, que só chegou a conhecer a irmã um mês depois dela ter nascido: “Como ele estava magro, mal cuidado”, lamentou. Meses depois o filho voltou a morar com ela, pois o ex-marido havia voltado para o Brasil.

“Hoje, posso dizer que Deus tem suas formas de agir e não conseguimos entender tudo. Meu filho está comigo. Meu marido é irmão da mulher que foi amante do meu ex-marido. Aos 38 anos engravidei de forma natural. Voltei a trabalhar limpando minhas casinhas. Não tenho muito dinheiro, mas o que eu tenho não trocaria por nenhuma fortuna. A família que Deus me deu aqui foi e é a maior benção que eu poderia receber nessa vida. Nem sei como agradecer. Contando a minha história hoje, não sei como sobrevivi”, declarou Maria.