Publicado em 28/08/2023, às 12h47 - Atualizado às 14h04 por Marina Teodoro, Editora de digital | Filha de Ana Paula e Gilberto
Otaviano Costa e as filhas, Giulia e Olívia, gostam de aproveitar momentos do cotidiano em família (Foto: Arquivo pessoal)Mesmo com o sonho de ser pai, o ator e apresentador Otaviano Costa lembra que quando Giulia entrou em sua vida ele não tinha o preparo que a paternidade demanda e tratou de aprender rápido (e na prática) como ocupar a posição de padrasto – que depois veio a ser também a de uma figura paterna. A menina tinha 5 anos quando a mãe, a atriz Flávia Alessandra, começou a se relacionar com Otaviano. “Ela [Giulia] primeiro foi para o meu mundo, para depois eu entrar no mundo dela, e assim a gente foi construindo a nossa brincadeira que dá certo até hoje”, contou ele em entrevista exclusiva para a Pais&Filhos.
A experiência com a paternidade realmente deu tão certo que 5 anos depois Olívia chegou para completar a família. “Eu fico muito feliz de ser pai no meio de uma casa de meninas-mulheres tão incríveis”, disse ele, que tenta encontrar equilíbrio para ter uma relação saudável e presente com as filhas. “Eu sou protetor, mas um ‘protetor inteligente’, vamos chamar assim”.
Conhecido por seu jeito brincalhão e espontâneo na televisão, Ota, como também é chamado, contou como faz para manter a sua personalidade divertida sem deixar de lado a dedicação e o compromisso com a família e também revelou o que ele e Flávia fazem para manter a família conectada nos pequenos gestos cotidianos.
Otaviano Costa: Ser pai é estar presente! É estar ali para qualquer situação, não delegando a terceiros a educação dos seus filhos e muito menos o cotidiano deles. Dentro do possível, o que estiver ao seu alcance, se você puder estar presente, vivendo o dia a dia deles para acompanhar a evolução de perto e a formação dessas figurinhas incríveis, faça isso, esteja presente. Seja pai.
O.C: Sim, eu sempre sonhei em ser pai. De uma maneira ou de outra, toda a influência que veio da minha família, que tem pais incríveis, a começar pelo meu, me inspiravam sempre a pensar dessa maneira, em ter o meu momento, ter a minha hora, que chegou de maneira até diferenciada.
Porque primeiro eu fui pai de coração, com a Giulia que entrou na minha vida quando ela tinha cinco anos e já foi um encantamento gigantesco e já me colocou numa posição em que demandou uma responsabilidade, um aprendizado rápido, para estar naquele local como padrasto, mas que depois se tornava também uma figura paterna para o cotidiano dela. E aí depois com a Olívia, isso se potencializou de maneira ainda mais espetacular.
Eu sempre vi a paternidade como algo incrível, eu sempre desejei porque eu tinha a percepção de que era algo surreal de bom. Assim como meu pai, meus tios e assim por diante, eu sempre tive essa curiosidade de saber na prática como era. Por mais que a gente saiba que tenha os desafios da educação dos filhos e de tudo que os cerca, com a criação deles, eu tinha uma curiosidade gigantesca e uma grande vontade.
O.C: Olha, quando nos casamos, a nossa atenção e preocupação era que eu não virasse um “estranho no ninho”, porque a Flávia morava sozinha com a Giulia e elas tinham uma vida inteira ao redor delas. Ela não estava casada com ninguém na época, então não tinha uma figura masculina dentro da casa no dia a dia delas. E, era muito importante para mim, que a Giulia fosse se acostumando comigo e com a minha presença. Então, fomos construindo de maneira tranquila e leve a nossa relação.
Levei ela para São Paulo algumas vezes, apresentei um pouco do meu mundo para ela, meu apartamento, minha casa, minha vida e as pessoas que me cercavam, junto com a Flávia. Então foi bom que ela primeiro foi para o meu mundo, para depois eu entrar no mundo dela, e assim a gente foi construindo a nossa brincadeira que dá certo até hoje.
O.C: Eu brincava e falava sempre que eu era aquele pai que ia na montanha russa com ela e também cobrava o estudo. Eu era o meio do caminho entre os dois mundos: da posição responsável de educar, de estar presente para acompanhar a evolução dela e também de gerar o sentimento de compromisso, como a escola, e assim por diante. Por um outro lado, eu era aquele paizão super divertido, brincalhão, molecão, que ia na montanha russa, no parque de diversões e que brincava 24 horas por dia.
Mas essa balança do senso de responsabilidade e dessa brincadeira que vem a maturidade. Acho que foi uma fórmula bem legal pra ela se conectar comigo de maneira bastante profunda.
O.C: Eu sou abençoado vivendo em uma casa de meninas e mulheres excepcionais. Eu sou muito atento ao pensamento delas, às conversas, escuto, presto atenção… A gente também tem uma comunicação, um diálogo super gostoso aqui em casa. O que é mais notável, e que eu acho muito potente, é como ela, nesse caso Olívia, mais nova, assim como a Giulia também tem personalidade. [As duas] já são tão fortes e têm suas perspectivas sobre o mundo já tão definida, com ideias claras.
O.C: É aquilo que eu disse ali em cima. Eu sou aquele pai da montanha russa e o pai que vai cobrar aquilo que tem que ser cobrado, para a formação, para a educação delas. A Giulia passou por esse processo de maneira bem legal, tivemos nossos momentos de pai e filha, que não são muito fáceis às vezes, assim como foi com a Olívia também.
Ela [Olívia] já entendeu isso e eu não preciso ficar dizendo o que é óbvio, porque ela já sacou que na hora do estudo, na hora de tratar as pessoas com respeito, é isso, na hora de fazer o que tem que fazer, tem que ser feito e na hora de se divertir é diversão. Ou seja: cada coisa na sua hora. Isso é muito legal e faz parte dessa maturidade que elas ganharam muito cedo.
O.C: Eu não tenho absolutamente nenhuma dificuldade em criar minhas filhas, ao contrário, eu aprendo muito com elas, até porque, a Flávia é essa mulher, mãe, amiga delas. O que a gente mais faz em casa, especialmente eu com esse olhar da figura masculina, é ver como elas se percebem diante do todo que as cercam. E eu tenho muita certeza e orgulho em dizer que a Giulia, que já é uma menina-mulher de 23 anos, está muito bem posicionada no mundo e sabe os seus direitos, os seus deveres, os seus compromissos. Nesse mesmo sentido, tem a Olívia, que com 13 anos eu percebo o mesmo nela também.
Eu fico muito feliz de ser pai no meio de uma casa de meninas-mulheres tão incríveis. Eu sou protetor, mas um “protetor inteligente”, vamos chamar assim. Uma proteção construtiva, uma proteção que gera liberdade e responsabilidades, autonomia para que elas possam voar. Então, a gente gosta de ter esse cuidado, essa proteção, mas sem exageros.
O.C: Acho que a dinâmica das famílias no mundo inteiro mudou muito depois da pandemia. Então hoje tentamos trabalhar muito tempo dentro de casa, no home office. É claro que a gente viaja bastante. Claro que a gente também tem muita atividade fora de casa, mas a presença em casa hoje é muito maior do que antes da pandemia e isso ajuda porque elas sabem que eu estou trabalhando no escritório do lado do quarto delas.
A gente almoça sempre juntos e tem alguns códigos de convivência que são praticados até antes da pandemia que a gente manteve, como não ligar celular na hora do almoço: é olho no olho do pai, da mãe e da irmã, para que a gente possa conversar e trocar ideias. E não é porque eu trabalho em casa que a gente transporta o trabalho para todos os ambientes da casa em momentos da vida familiar. Por exemplo, no almoço, eu e a Flávia não falamos do nosso trabalho, a gente fala delas, fala da Olívia, da escola, de outros assuntos para a gente dar um “refresh” do nosso cotidiano também. E até a Giulia, que está agora mais inserida no mesmo trabalho que nós, já que ela é assistente de direção de cinema, tenta ter esse cuidado de não ficar falando de trabalho.
O.C: A gente gosta de fazer muitas coisas juntos, gostamos demais da convivência, desde um simples café da manhã num domingo, até uma viagem com o resto da família que a gente aluga uma casa e vai com todos para fazer a bagunça durante três, quatro dias. A gente gosta bastante dessas situações familiares até fora do cotidiano. Mas dentro do cotidiano a gente adora também sentar, comer uma pipoquinha, ver um filme, curtir uma prainha e assim por diante. No nosso dia a dia gostamos bastante de estar misturado e curtindo o lado bom da vida juntos.
O.C: A minha relação com meus pais é maravilhosa, por mais que eu, desde os meus 14, 15 anos fui para São Paulo morar sozinho, a presença deles de uma maneira ou de outra e a proteção deles foram fundamentais e sempre muito fortes, potentes e o senso de responsabilidade que eles geraram em mim me permitiram morar sozinho, por exemplo.
Além de todo o molde do meu caráter, que aconteceu lá na minha infância e adolescência em Cuiabá, que meus pais me deram, me fortaleceram para ser quem eu sou hoje e eu tenho muita gratidão pelos meus pais, por tudo que eles me passaram baseado no “bom caratismo”, sobre a vida e as responsabilidades. Na gentileza e na educação, que eu tento transpor para as minhas filhas.
O.C: Não, a gente não pretende ter mais filhos. Essas duas meninas na nossa vida são maravilhosas, nos preenchem, nos dão muito orgulho, nos ocupam 100%. Não é porque deixou de ser criança e está se tornando uma adolescente, uma pré-adolescente, que a gente vai diminuir a voltagem dos cuidados. Pelo contrário! Acho que para cada fase da vida, você tem que continuar sendo a mesma figura paterna, mas com outras perspectivas.
O.C: Nossa, quantas lições eu já aprendi com essas meninas! E eu tenho certeza que eu vou aprender muitas outras! Nessa saga que é a paternidade, potente, mágica, eu acho fundamental o que eu falei lá em cima: você não tem que ser pai somente, você tem que estar ao lado delas, você tem que viver a vida delas, você não pode delegar, você não pode entregar a vida delas a outros por conta disso ou daquilo da sua jornada, você tem que estar presente nos momentos simbólicos. Então é isso: não é ser só pai, é estar ali como pai o tempo todo.
O.C: Sim, família é tudo para mim é, alicerce, base, cura, amor, proteção, crescimento, união, aprendizado.
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