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Pais brasileiros confiam mais na opinião de familiares do que profissionais de saúde para a criação dos filhos

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Publicado em 25/02/2021, às 07h52 por Jennifer Detlinger, Editora-chefe | Filha de Lucila e Paulo


Criar filhos é, sem dúvida, uma das tarefas mais incríveis e difíceis da vida. Independentemente da configuração familiar, os medos, anseios e pressões de pais e mães mundo afora existem e convivem diretamente à medida em que a parentalidade vai sendo construída. Ao nascer um bebê, nasce também uma mãe, um pai, avós, tios, primos — enfim, uma família. E o nascimento de uma criança provoca uma gigantesca transformação que envolve toda a sociedade.

(Foto: iStock)

A fim de desvendar as experiências parentais do mundo atual, um estudo inédito, do qual a Pais&Filhos teve acesso em primeira mão, foi encomendado pela Nestlé como parte do compromisso da empresa de apoiar as famílias nos primeiros mil dias de vida da criança. O Índice de Parentalidade coletou as opiniões de mais de 8.000 mães e pais de bebês de até 12 meses em 16 países, incluindo o Brasil, em janeiro e fevereiro de 2020. A partir das informações do estudo, conduzido com a Kantar, o índice traz dados para a compreensão da experiência e realidade dos pais que criam filhos no século XXI. Os resultados mostram que o fator universal e mais significativo na criação dos filhos é a pressão, que contribui com 23% da pontuação geral no Índice de Parentalidade.

A pressão dos pais é sentida de forma particularmente forte nas Filipinas, Arábia Saudita e Brasil. Pais na Suécia, Alemanha e Israel relatam níveis de pressão mais baixos. “Os pais de hoje são cada vez mais pais em estado de ansiedade (o que é refletido nas conclusões deste relatório, como pressão externa/interna, falta de confiança, demandas financeiras). Influenciados pela mídia juntamente com os avanços da tecnologia, muitos pais de diferentes culturas e classes sociais e econômicas se sentem pressionados a fazer tudo”, defende a Dra. Ming Cui, Mestre em Estatística e Doutora em Sociologia da Fulbright U.S. Scholar e Professora de Família e Ciências da Criança na Universidade Estadual da Flórida (EUA), que foi revisora do estudo.

O índice classifica os países pela forma como os pais percebem a “facilidade da parentalidade”. Entre os 16 países, o Brasil aparece na penúltima posição, mostrando uma grande dificuldade em lidar com a experiência de paternidade, por fatores coletivos e individuais: pressões sociais, condições econômicas e de trabalho, acesso à saúde e informações, por exemplo.

(Fonte: Índice de Parentalidade/Divulgação)

Rede de apoio X pressão externa

No Brasil, os pais buscam mais conselhos com a mãe, sogra ou outros membros da família (79%), do que com os profissionais de saúde (67%) ou parceiro e parceira (45%). O índice reforça que as avós são uma grande base de apoio no Brasil e assumem uma influência predominante nas decisões sobre como criar as crianças, bem como outros familiares.

Ao mesmo tempo em que a rede de apoio é fundamental para a criação de um filho, principalmente para mães e pais de primeira viagem, os laços familiares também podem ser uma fonte de grande pressão, gerando julgamentos, cobranças e comparações. Entre os pais brasileiros, 71% relatam que todos têm uma opinião sobre como os filhos devem ser criados e que a pressão social está bem presente.

Esse comportamento também é visto nos outros países: 60% dos pais em todo o mundo acreditam que todos têm um ponto de vista sobre como criar um filho. Os famosos palpites e pitacos que chegam de todos os cantos, principalmente das redes sociais, influenciam diretamente na confiança e na pressão da parentalidade. “Somos os reis e as rainhas de cuidar da vida alheia. É muito normal estar na rua caminhando com seu filho, e caso as pessoas acharem que você não o está segurando direito, ou que há algo errado, goste ou não – elas vão lhe dizer!”, contou a nigeriana Cynthia, mãe de três filhos, que participou do estudo. Minneth, filipina e mãe de dois filhos, concordou: “Acredito que minha mãe me ensinou tudo e, claro, às vezes você tem que ouvi-los. Mas isso não significa que você tenha que aplicar tudo nos seus filhos”.

(Fonte: Índice de Parentalidade/Divulgação)

Igualdade de tarefas nos lares

Em contrapartida da grande pressão social que sofrem, 62% dos pais brasileiros se sentem bem amparados para tomar decisões parentais esclarecidas. Esse apoio e acolhimento podem ser justificados pelo fato de que o Brasil é um dos países com maior grau de satisfação em relação à parentalidade compartilhada: 45% concordam que as responsabilidades com as crianças são divididas igualmente em seus lares.

O dado reflete um comportamento que está em mudanças nos lares brasileiros, com maior participação efetiva da figura masculina na criação dos filhos, e mostra o oposto de pesquisas como o levantamento da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), feita em 2019, que mostra que as mulheres no Brasil gastam quatro vezes mais tempo em tarefas não-remuneradas que os homens, justificando a posição de 17º pior desempenho do mundo por aqui.

(Foto: Shutterstock)

O impacto da pandemia na parentalidade

A segunda fase de pesquisas do índice incluiu 900 entrevistas (300 na China, 300 na Espanha e 300 nos EUA) para avaliar os primeiros indícios do impacto da pandemia na parentalidade. Estudos anteriores já mostravam que a pandemia chegou a estreitar os laços familiares. Pesquisas realizadas nos Estados Unidos e Canadá indicam que os pais se sentem mais próximos dos filhos e esperam manter essa proximidade mesmo após o fim do isolamento social.

As entrevistas feitas para o índice da Nestlé reforçam esse comportamento. Quando a pandemia teve a primeira onda em julho de 2020, pais com bebês relataram sentir menos pressão social sobre como criar seus filhos durante este período. Os pais e mães de primeira viagem relataram sentir maior apoio mútuo, incluindo coesão social e um sentimento de pertencimento.

Veja mais informações sobre o índice de parentalidade:

  • 32% dos novos pais e mães dizem que, apesar de viverem em um mundo onde amigos e família estão a apenas uma mensagem de texto, é fácil se sentirem isolados e solitários com um bebê nos braços.
  • Metade (51%) dos novos pais e mães pesquisados globalmente ​​sentem uma intensa pressão social sobre como criar seus filhos, e hoje isso vem, em geral, das redes sociais.
  • 45% dos entrevistados concordaram que os novos pais e mães sentem muita culpa, o que pode ter um impacto duradouro em suas relações parentais.
  • Quase um terço (31%) relatou sentir-se despreparado para a realidade de se tornar pai ou mãe, e 53% teve que fazer mais concessões do que o esperado.

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