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TDAH: tudo que você precisa saber sobre o transtorno

Entenda mais sobre o TDAH - Getty Images
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Publicado em 07/03/2019, às 16h43 - Atualizado em 20/09/2021, às 15h16 por Rhaisa Trombini, Edileyne e Geraldo


O TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade) é um dos transtornos comportamentais com maior incidência na infância e na adolescência. Pesquisas feitas em diversos países revelam que ele está presente em 5% da população mundial em idade escolar. Trata-se de uma síndrome clínica caracterizada, basicamente, por três sintomas: déficit de atenção, hiperatividade e impulsividade.

Mas nem sempre é preciso haver os três sintomas simultaneamente: crianças diagnosticadas com TDAH têm dificuldades de focar em um único objeto, têm fácil distração (vivem “no mundo da Lua”) e não conseguem terminar atividades como deveres de casa. Além disso, apresentam facilidade em perder materiais escolares, chaves, dinheiro ou brinquedos, têm dificuldade de ficar paradas, se levantam por várias vezes da cadeira na escola ou na hora do jantar, por exemplo. Veja mais sintomas no site Mãe em Dia da nossa parceira Bianca Arcangeli.

Entenda mais sobre o TDAH
Entenda mais sobre o TDAH (Foto: Getty Images)

Causa controversa

Um assunto controverso, com teorias diferentes. Uma das principais correntes defende que o TDAH é um fenômeno biológico – ou um transtorno neurobiológico, funcional e hereditário (forma de diagnóstico americano, seguido pela maior parte dos profissionais brasileiros). A outra afirma que se trata de algo psicológico ou social, ligado à relação da criança com a família e o ambiente em que vive (forma de diagnóstico usado pela maior parte de profissionais da França).

Em 2013, foi publicado um estudo que mostra uma diferença gritante em número de crianças com TDAH nos EUA (que possui 9% das crianças diagnosticadas) e a França (com 0,5%). Essa distância numérica pode ser explicada, segundo autores da pesquisa, pela forma com que o transtorno é diagnosticado – na França, há maior preocupação com a avaliação da família e do meio social em que a criança vive. “O  problema existe em todos os lugares, seja na França, EUA, Brasil. Mas podemos pensar que nos EUA, por exemplo, há uma pressão maior para o trabalho, os pais têm menos tempo para a educação e interação com crianças de 0 a 6 anos, fase importante na formação da identidade. Já em países nórdicos, existem leis que protegem mais a gestante, a licença-maternidade é bem maior. Os filhos americanos apresentam estrutura emocional mais imatura. São inteligentes, mas imaturos”, defende o neurologista infantil Saul Cypel, pai de Marcela, Irina, Eleonora e Bruna.

É biológico

Alguns especialistas acreditam que a herança genética seja o fator mais importante na causa do TDAH. Muitas crianças com o transtorno possuem familiares (pais, tios, avós, irmãos) com o mesmo diagnóstico. A incidência pode chegar até dez vezes mais em famílias de crianças com TDAH quando comparadas à população em geral. Segundo o livro “Manual dos Transtornos Escolares” (2013, editora Best Seller), filhos de pais hiperativos possuem maior chance de terem o transtorno.

Segundo a Sociedade Brasileira do Déficit de Atenção, o número total de casos no Brasil está entre 5% e 8% das crianças. Estamos mais próximos dos EUA, portanto. Em 60% dos casos, o transtorno tem diagnóstico tardio, acompanhando o indivíduo para a vida adulta. Eles enumeram alguns fatores que influenciam na tendência ao transtorno, todos associados à herança genética:

Hereditariedade: os genes parecem ser responsáveis não pelo transtorno em si, mas por uma predisposição ao TDAH. A prevalência da doença entre os parentes das crianças afetadas é cerca de 2 a 10 vezes maior do que na população em geral, o que chamado de recorrência familial.

Substâncias ingeridas na gravidez: pesquisas indicam que mães com problemas com álcool têm mais chance de terem filhos com problemas de hiperatividade e desatenção. É importante lembrar que muitos destes estudos somente nos mostram necessariamente uma associação entre estes fatores, mas não mostram uma relação de causa e efeito.

Sofrimento fetal: alguns estudos mostram que mulheres que tiveram problemas no parto que acabaram causando sofrimento fetal, tinham mais risco de terem filhos com TDAH.  A relação de causa não é clara.

Exposição a chumbo: Crianças pequenas que sofreram intoxicação por chumbo podem apresentar sintomas semelhantes aos do TDAH.

Fatores psicológicos: Para o neurologista Saul Cypel, o Transtorno de Déficit de Atenção não tem origem biológica. Para ele, se a causa fosse biológica, não haveria exceção. “Se você coloca a criança em frente à televisão, ela fica horas! Super concentrada. Se sou míope, por exemplo, sou míope sempre – com prazer ou sem prazer. Se quiser jogar, vou continuar míope, do mesmo jeito que serei ao arrumar meu quarto. Biológico é biológico”.

Sintomas

Seu filho pode apresentar dificuldade em se concentrar, focar e, segundo o Dr. André Wolter, psiquiatra, pai de Catarina e Estela, ele também pode apresentar sintomas como:

  • Se mexer muito o tempo todo;
  • Contorce mãos e pés;
  • Não consegue ficar sentado;
  • Dificuldade para executar alguma tarefa;
  • Não consegue esperar sua vez;
  • Fala excessiva;
  • Interrompe pessoas.

Tratamento

Há anos já existe tratamento para a condição, possibilitando uma vida melhor em vários aspectos, tanto pessoais quanto sociais. Porém, segundo o dr. André Wolter, muitos pais têm receio de medicar os filhos diagnosticados com TDAH por conta de um dos componentes da fórmula: psicoestimulantes derivados de anfetaminas, parente das anfetaminas, remédios que estimulam o sistema nervoso central.

No Brasil, há um uso de medicação muito intenso. Os diagnósticos aqui são realizados na maioria das vezes pelo modelo de questionário americano. “Não sou a favor da medicação, acho que tem que ser muito criterioso, tem que olhar muito a família, fazer uma terapia com a família. Quando você coloca esse tipo de diagnóstico, é preciso ter muito cuidado. Virou moda”, defende Dr. Saul.

A professora da Escola AB Sabin de São Paulo, Taís Andrade, mãe da Luiza, tem pós-graduação em distúrbios de aprendizagem e psicopedagogia e acredita que há abuso de uso de medicamentos no Brasil. Para ela, o tratamento ideal deve ter a união de escola, pais e médicos. “É comum que até os mais novinhos sejam tratados assim. É precipitado, não concordo. Elas estão explorando o seu mundo, se colocando… É complicado”, acredita a professora.

Outros especialistas acreditam que o tratamento deve ser feito o mais rápido possível quando seu filho ainda é novo, quando o cérebro ainda está se desenvolvendo, assim o prognóstico é que ele possa parar de usar a medicação depois de alguns anos. Porém, se o diagnóstico e a terapia começarem na adolescência, é provável que a criança tenha que usar o medicamento para o resto da vida, assim como 60% das pessoas com TDAH.

Segundo o médico, no Brasil apenas 10% das crianças recebem o tratamento correto quando são diagnosticadas. É importante começar a terapia nessa idade para que seu filho tenho um bom desempenho na escola. “Toda a vida dela vai depender do ensino fundamental, vai moldar se ela vai ser um adulto proativo. Ela não consegue aprender, não por ser desleixada, mas porque ela tem uma doença”, explica André.

O TDAH normalmente se manifesta na infância e aproximadamente 60% dos portadores carregam a condição por toda a vida. Os sintomas podem começar a se manifestar a partir dos 4 anos, mas eles podem ser mais brandos. “Não é um diagnóstico simples, não basta uma única observação ou avaliação geral. É um tratamento que precisa de avaliação neuropsicológica bem fundamentada, observar todas as esferas da vida da criança”, explicou doutor André.

Além disso, ainda há muito preconceito envolvendo esse transtorno. As vezes, ele é encarado como frescura ou até um assunto relacionado ao desempenho escolar exclusivamente. Segundo André, muitas pessoas acreditam que os sintomas do TDAH são falta de limites dos pais ou até mesmo um problema na criação. Negligenciada, a criança pode acabar passando por problemas na escola e em casa que não precisaria enfrentar com um tratamento. “A modificação de vida que chega a ser imensurável”, esclareceu o doutor.


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