Retinopatia da Prematuridade: conheça a principal causa de cegueira em prematuros

A Retinopatia da Prematuridade é uma condição que ocorre em recém-nascidos prematuros e merece uma atenção redobrada dos pais logo no nascimento do bebê. Segundo a Organização Mundial da Saúde, cerca de 2,2 bilhões de pessoas no mundo têm alguma deficiência visual, e pelo menos 1 bilhão poderia ter prevenido essa condição¹. De acordo com a Dra. Maria Rita Okamura Burlamaqui, médica oftalmologista e mãe de Maria Olívia, Otávio Cesar e Benjamin Miguel, a Retinopatia da Prematuridade é uma das principais causas de cegueira evitável na infância, sendo que 50.000² crianças ao redor do mundo são cegas por conta dessa condição.

O que é a Retinopatia da Prematuridade?

De acordo com a médica e oftalmologista, a Retinopatia da Prematuridade (também conhecida como ROP), é uma condição que acontece por conta de uma vascularização anormal da retina: “Pode ocorrer em uma resposta vasoproliferativa decorrente de níveis alterados de oxigênio em recém-nascidos prematuros”, conta Dra. Maria Rita.

A especialista também fala que existe uma relação entre o número de bebês com essa condição e o desenvolvimento do cuidado neonatal de onde ele nasceu. O recém-nascido acaba se tornando dependente da disponibilidade dos recursos de saúde do local: “Quanto mais desenvolvidos os centros que tratam estes bebês, maior a sobrevida dos prematuros com extremo baixo peso e menor idade gestacional e que, portanto, têm maior risco de desenvolver a patologia”, explica a médica.

Sinais de Retinopatia da Prematuridade

Para poder entender a gravidade de cada caso, existe uma classificação a partir de todos os achados clínicos e também do local no olho em que cada um deles foi encontrado. A doutora explica: “Basicamente são observadas alterações na formação dos vasos da retina, alteração na conformação destes vasos e, em casos graves, até descolamento de retina”. A Dra. Maria Rita também conta que os casos não podem ser diagnosticados na gravidez, já que os sintomas aparecem principalmente em prematuros e com baixo peso e só podem ser identificados na hora do nascimento.

Para realizar o diagnóstico certeiro é necessário fazer o exame de fundo de olho, que deve ser realizado por um oftalmologista que tenha experiência em fazer mapeamento de retina em bebês prematuros, além de possuir um conhecimento da doença para identificar quais são as alterações na retina e onde elas estão localizadas.

Tratamento e prognóstico da Retinopatia da Prematuridade

A médica afirma que, na maioria dos casos, não é necessária uma intervenção, e, sim, um acompanhamento próximo com o médico oftalmologista. Contudo, nos casos em que é necessário um tratamento, ele deve ser feito o mais rápido possível, evitando danos mais graves, como o descolamento de retina e perda de visão. Vale ressaltar que o artigo 3º da Portaria 1820/09 do Ministério da Saúde prevê: “Toda pessoa tem direito ao tratamento adequado e no tempo certo para resolver o seu problema de saúde³”.

Já sobre o prognóstico, ela explica que depende do caso da criança: “A maioria dos pacientes que apresentam a Retinopatia da Prematuridade leve, regride espontaneamente e não demonstram sequelas oftalmológicas expressivas que possam causar importantes implicações visuais na vida adulta. No entanto, os pacientes em estágios avançados da doença podem ter uma perda visual significativa, inclusive levando a cegueira nos estágios mais severos”.

Conscientizar e educar

Atualmente, já estão disponíveis opções de tratamento que trazem uma nova perspectiva para o cuidado com a condição em prematuros. O estudo FIREFLEYE comprova isso ao comparar uma dessas alternativas com o tratamento de base, que é a fotocoagulação a laser, e revela taxas mais altas de resposta, além de um manejo mais fácil, ou seja, sem a necessidade d

e sedar o bebê. Contudo, uma dúvida frequente pode ser de que maneira assegurar o tratamento para os bebês. De acordo com o Conselho Nacional de Saúde (CNS), através da Carta dos Direitos dos Usuários de Saúde ⁴, todo paciente hospitalizado tem direito a receber a medicação necessária para sua recuperação. Por isso, espalhar essa informação é fundamental para garantir a qualidade de vida para o presente e futuro desses bebês.

REFERÊNCIA

1. World report on vision [Internet]. [acesso em Abril/2023] Disponível em: https://www.who.int/publications/i/item/9789241516570

2. Teste Digital do Olhinho [Internet]. [acesso em Junho/2023] Disponível em: https://juntospelavisaoinfantil.com.br/teste-do-olhinho/

3. PORTARIA Nº 1.820, DE 13 DE AGOSTO DE 2009 [Internet]. [acesso em Junho/2023] Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2009/prt1820_13_08_2009.html

4.  Carta dos direitos da saúde do usuário [Internet]. [acesso em Junho/2023] Disponível em: https://conselho.saude.gov.br/biblioteca/livros/Carta5.pdf

PP-EYL-BR-0811-1 | Maio 2023