Publicado em 30/03/2023, às 07h25 por Patricia Broggi
Mariana, minha afilhada, tem duas filhas, a Olivia e a Isabel, a Oli já vai na escola. Estávamos conversando sobre material escolar, discutindo aumento de preços, quando ela me contou que um menininho falou que precisava de um novo estojo de Caran d’Ache. Surpresa e choque… Foi exatamente essa a cara que fiz.
Um menino de cinco anos não queria um novo estojo de lápis de cor. Ele ‘precisava’ de um ‘Caran d’Ache’. Para quem não conhece, a Caran d’Ache é uma marca suíça de material para desenho, de ótima qualidade e sofisticada. Um material completamente desnecessário para um menino de 5 anos, a não ser que ele tenha sobrenome Picasso. Além disso, é um produto bem caro que sofreria muito espremido entre apostilas e livros de uma mochila para a escola.
Mas longe de mim discutir a qualidade do material que uma família escolhe comprar para seu filho, o que questiono é como um menino de cinco anos sabe da existência de uma marca de lápis de cor. Mais do que isso, por qual razão ele valoriza assim esse nome? Quem foi ensinar que esse lápis de cor é mais bacana do que qualquer outro? Será que na casa dele a geleia tem marca? O protetor solar?
Fiquei aqui matutando sobre o que essa família almeja ao instruir isso para seu filho. Eu sei que vivemos a era da gourmetização. Um conceito oriundo da palavra francesa gourmet, que significa criar artigos diferenciados para adicionar valor de mercado. Mas uma coisa é uma empresa querer diferenciar seu produto, outra bem diferente é uma criança achar que esse objeto é o que ela almeja.
A gente precisa considerar a qualidade do que compramos. Concordo. Saber quando vale a pena gastar mais por um item melhor, quando é o caso de optar pelo mais barato, etc… Mas temos de tomar cuidado com a megavalorização de marcas como se a única opção fosse aquela. Isso é puro consumismo.
Nossos filhos precisam saber que antes de comprar qualquer produto é muito importante fazer uma avaliação do orçamento versus a qualidade, o uso e a durabilidade do que vamos adquirir. E fazer a escolha baseada nisso. Uma criança de cinco anos podia também escolher o lápis de cor por conta do formato gordinho, a quantidade de cores do estojo e a parte lúdica. Esses são os valores importantes. Sinceramente, a marca não deve entrar nessa equação.
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