Crianças choram durante enterro de menino de 13 anos morto a tiros em operação da PM

Thiago foi velado em uma igreja evangélica que frequentava na comunidade. O local fica a poucos quilômetros de onde ele foi morto. O pai de Thiago, Diogo Flausino, falou que quando chegou pra ver o corpo do filho, já sem vida, PMs queriam impedir e por isso passaram a intimida-lo. Ele também negou que o filho tivesse qualquer envolvimento com o tráfico. “Nunca colocou nem um cigarro na boca”, afirmou. “Governador, até quando? Até quando teremos outros Thiagos”, disse Diogo.

Mãe de Thiago, Priscila Menezes disse que Thiago foi alvo de tiros porque estava andando de moto, porque é negro e porque mora em uma favela.
Cerca de 200 pessoas estiveram presente para a última despedida ao jovem. Um amigo da comunidade da Cidade de Deus, com um trompete, tocou músicas evangélicas para confrontar os parentes e amigos de Thiago.

Ver essa foto no Instagram

Uma publicação compartilhada por Fotógrafa Selma Souza (@selmasouzaphotos)

Amigos e parentes cantaram “Eu só quero é ser feliz”, dos cantores Cidinho & Doca, ambos da Cidade de Deus. Moradores, amigos do futebol e da escola do jovem e familiares também acompanharam o velório. “Essa é a confirmação que enxergávamos nele: menino alegre, cativante, que por onde ele passava cativava as pessoas. Essa é a confirmação de tudo. Ele fica com o sorriso. Com o sorriso ele lidava com a situação. Agora, esperamos justiça e que tudo seja revelado. Tem câmeras, a população que vai dizer o quanto o Thiaguinho era especial”, contou a tia do garoto.

“Independentemente de qualquer coisa, não podemos tirar a vida de uma criança que tem sonhos. Não é porque ela mora na Cidade de Deus que ela é bandida, que ela é envolvida com o tráfico. Ele não tinha nem tempo pra isso, até porque ele treinava a semana inteira, e no final de semana tinha dois, três jogos”, desabafou o treinador de Thiago.

“Ninguém chega nos condomínios de alto luxo da Barra da Tijuca atirando, e aqui, dentro da Cidade de Deus, a polícia chega atirando. Thiago era apaixonado por futebol e, infelizmente, o Estado tirou o sonho de uma criança”, disse outro treinador do menino. “Até quando a gente vai esperar o governador pelo menos se pronunciar sobre o caso, que até agora não se pronunciou? A gente quer uma resposta, governador. Peço ao senhor que se pronuncie, porque a família espera uma resposta do Estado”, insistiram os familiares.

As versões da família e da Polícia Militar sobre o fato são diferentes: enquanto os parentes dizem que o adolescente foi executado e que a cena do crime foi forjada, a PM chegou a dizer que o jovem atirou em agentes. O caso está sendo investigado pela Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), e o Ministério Público também abriu uma investigação sobre a morte de Thiago.

Familiares afirmam que o jovem foi executado pelos policiais e falaram em cena forjada pela PM. O tio de Thiago disse que o sobrinho foi executado por um policial quando já estava caído no chão. “O Thiaguinho estava passeando de moto com um amigo, saindo da Cidade de Deus, que foi abordada já a tiro. Um tiro pegou na perna, o Thiaguinho caiu, aí a gente tem um trechinho da imagem, que vê o Thiago no chão, ainda vivo, e o policial acaba de executar ele”, descreveu Hamilton Bezerra Flausino.