Mãe desabafa sobre falta oxigênio para filho de 2 anos: “Estou correndo contra o tempo para mantê-lo vivo”

Angela Viana, moradora de Manaus, abriu o coração e falou sobre o desespero para conseguir cilindros  de oxigênio para o filho de dois anos, que é portador de hipoxemia (baixa concentração de oxigênio no sangue), tem microcefalia, agenesia de corpo caloso, e sofre de epilepsia. Devido o uso de oxigênio no munícípio para tratamento dos sintomas do novo coronavírus, o equipamento ficou escasso.

“Meu filho de dois anos é portador de hipoxemia (baixa concentração de oxigênio no sangue), tem microcefalia, agenesia de corpo caloso, e sofre de epilepsia. O partodele foi forçado e ele ficou 30 minutos sem oxigênio dentro de mim. Ele viveu por um ano e oito meses no hospital, em Manaus, e há seis meses consegui montar uma UTI em casa para recebê-lo. Entre outros cuidados, ele precisa de oxigênio 24 horas por dia, e um cilindro de 200 litros dura dois dias”, desabafou a mãe para o Universa, da UOL.

Angela Viana, relata que desde que começou a falta de oxigênio ela lutou para salvar a vida do filho. “Desde quando começou esse descaso em Manaus, com falta de oxigênio nos hospitais, estou correndo contra o tempo para manter meu filho vivo. Há uma semana, faltavam quatro horas para o oxigênio dele acabar e nada de encontrarmos recarga. Imagine o desespero! Rodei toda Manaus de madrugada, fiz tudo o que podia e consegui uma doação, de uma mulher que tinha uma recarga sobrando. Por pouco não estava agora chorando a morte do meu filho”, conta.

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“Não desejo para mãe nenhuma ver seu filho sem poder respirar. Gosto nem de falar. Eu não sou um caso isolado: tem um grupo de mães com filhos em ‘home care’ lutando contra o tempo. Quando ligamos para a empresa que fazia a recarga do oxigênio para nossas famílias, contratada pelo Governo, nos recomendam chamar o Samu para remoção. Mas os hospitais não têm leito, e nossos filhos têm imunidade baixa. Em casa é mais seguro”, continua ela.

A mãe mostrou indignação com o descaso e ainda diz que o valor para reabastecer o equipamento está muito alto. “A falta de oxigênio é sinônimo de morte, porque eles não ficam sem oxigênio nem um segundo. Nossos filhosestão sobrevivendo através de doações. Uma recarga está custando em torno de R$ 600, e não temos condições de pagar por isso. Mesmo se tivéssemos, meu marido está correndo nas empresas, mas está tudo em falta”, disse.

Angela, ainda ressalta que está cumprindo o isolamento, já que conseguiu transferir o filho do hospital para casa. “Eu e o pai dele tivemos todos os sintomas de covid-19, mas não fizemos o teste. Mesmo assim, ficamos em quarentena. Nessa época, meu filho ainda estava internado no hospital, e só o via em horário de visitas. Há seis seis meses consegui que ele tivesse cuidados em casa e tem sido maravilhoso abraçá-lo na hora que quero”, conta. “Aceito perder ele para Deus, mas não por negligência de um governo”, finaliza.