Família

Terapeuta sexual fala sobre sexo depois dos filhos: “Falta muita maturidade dos homens”

Cláudio Serva é terapeuta sexual e fundador do Prazerele - Shutterstock
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Publicado em 14/12/2019, às 10h10 - Atualizado em 16/12/2019, às 08h57 por Marina Paschoal, filha de Selma e Antonio Jorge


Cláudio Serva é terapeuta sexual e fundador do Prazerele (Foto: Shutterstock)

Cláudio Serva é terapeuta sexual e fundador do Prazerele, inciativa que apoia homens na desconstrução do machismo.  No bate-papo, ele contou que nem sempre a vida foi assim, e que o projeto nasceu depois que Mariana Stock, sua companheira e dona do Prazerela, sentiu que precisavam explicar aos homens o porquê das mulheres empoderadas. Eles são pais da pequena Maria Luiza, de 10 meses, que chegou para transformar tudo!

P&F: Você sempre teve essa visão da sexualidade?

CLÁUDIO SERVA: Não. Fui criado em um lar com reproduções de comportamentos machistas e isso nunca foi uma coisa que me caiu 100% natural, mas acabei me enquadrando, reproduzindo muito machismotambém.

P&F: E como você sentiu a recepção dos homens em relação ao Prazerele? 

CS: Eu já vinha percebendo essa crescente dos movimentos de masculinidade no Brasil e no mundo. Percebo que as questões são muito semelhantes do lugar das dúvidas, da informação, da falta de uma figura masculina mais madura emocionalmente, da falta da conversa sobre sexualidade na família.

P&F: Por falar em família, você sempre quis ter filhos?

CS: Sim! Sempre tive o sonho de ser pai. Eu tive um relacionamento longo e não tive filhos – apesar de vários exames e nenhum impeditivo fisiológico, não aconteceu de jeito nenhum. E aí com Mari aconteceu tudo natural, muito fluido, muito mais rápido, tanto que a gente pensava em ter filho nesse ano e a Maria Luiza nasceu em dezembro do ano passado. Agora já estamos pensando no próximo! (Risos).

P&F: E como a sua vida mudou depois da paternidade? 

CS: Vem mudando! A paternidadeé uma grande transformação de masculinidade. Eu me conectei muito com a gestação desde o início, foi uma conexão muito legal.

Cláudio Serva é terapeuta sexual e pai de Maria Luiza (Foto: Divulgação)

P&F: Faz diferença pro pai a conexão com a gestação? 

CS: Ah, faz. Quando o homem se conecta com a gestação, ele é muito influenciado pelos processos, até mesmo os hormonais. Acho até que vivi um puerpério masculino, se é que isso existe!

P&F: Como se faz isso na prática?

CS: Eu escutei uma frase da nossa doula que eu nunca esqueci: para o homem, a gestação é um exercício de fé. E isso porque no corpo dele não está acontecendo nada. Você se conecta com o corpo da mulher, e o lugar do pai é esse de conversar com a criança , de pôr a mão na barriga, do toque… E muitos têm o papel de apoio nas questões do lar. De fato, exercer o papel de companheirismo, de parceria nesse projeto que é a dois, faz toda a diferença.

P&F: Você acompanhou o parto. Conta como foi!

CS: Foi uma das coisas mais emocionantes da minha vida! A Mari passou praticamente 24h em trabalho de parto. É uma experiência muito profunda e para bancar precisa ter um preparo emocional e espiritual.

P&F: No puerpério tudo muda de novo para mulher e consequentemente para o casal. Como lidar?

CS: É um grande desafio o para o casal, mas é claro que cada caso é um caso. Tem mulher que se fecha igual a uma ostra, parece que o corpo se fecha completamente – independente da via de parto – para uma dedicação total à vida que está ali e à amamentação. Os próprios hormônios vão para a amamentação, o genital resseca, e a libido da mulher fica toda dedicada à criação daquela criança. Então, é claro, a experiência do casal sendo saudável, sendo bacana, fluindo no tempo dela, vai ser bacana. O que eu vejo é que nessa hora falta muita maturidade dos homens.

P&F: Como assim?

CS: Ele vai precisar estar bem com ele próprio, pois o homem pode se sentir abandonado. O sexo dá uma parada e eu entendo que esse deveria ser um momento da família. É a oportunidade desse cara de se conectar com essa criança, com a família que ele construiu.

P&F: Até porque, depois tudo volta ao normal…

CS: Sim. Sinto pena do homem que se acha no direito machista de “pular a cerca” nesse período, porque é uma questão de tempo em que ele poderia segurar um pouco a onda, porque as coisas depois voltam, a libido da mulher volta. Esse período passa e aí um relacionamento que poderia enfrentar essa fase e sair muito mais fortalecido, acaba tendo um rompimento e uma fragilidade. Enxergo como muita falta de companheirismo e de maturidade.

P&F: Qual seria a dica para o casal manter a harmonia? 

CS: Que se preparem para aquele momento. Se o casal já tem uma relação sexual ruim antes da gestação, por exemplo, isso tende a piorar quando a libido fica dedicada à criança.

P&F: Precisa de preparo emocional também…

CS: É fundamental. Principalmente para o homem. Ele se entender com a própria sexualidade, ter amadurecimento para encarar a gestação, que é uma das coisas mais maravilhosas que pode acontecer na vida de alguém. É a formação de uma família, o aprofundamento de um vínculo, uma coisa que é para a vida inteira…

P&F: Vamos fechar com um conselho para eles então?

CS: A dica é: se prepare,porque é uma das coisas mais bonitas que você vai viver. E calma, vai passar!Não coloque tudo a perder por ansiedade, pressa ou carência. Segura a onda, porque tudo melhora e inclusive esse vínculo de vocês, que vai se aprofundar.

P&F: Para você, família é tudo?

CS: Família é uma coisa muito maravilhosa, é o nosso berço. Família é a nossa conexão com o amor, é o aprofundamento dos vínculos. Ah… Para mim família é tudo, sim!

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