Publicado em 06/04/2023, às 11h54 - Atualizado às 12h36 por Andressa Simonini, CMO (Chief Marketing Officer) | Filha de Branca Helena e Igor
O famoso “felizes para sempre” que encontramos nos contos de fadas nem sempre chegam da maneira tradicional. A realidade da busca pela tal da felicidade as vezes vem recheada de desafios que podem afetar o sonho de ter filhos. A infertilidade atinge tanto homens e mulheres, mas mesmo sendo algo mais comum do que imaginamos, ainda é um tabu entrar nesse assunto.
Depois de viver a experiência de tratamento nas duas gestações da esposa, Fabio Liberman usou da dor e da curiosidade para criar uma das clínicas de fertilidade que conhecemos no Brasil, a Engravida. Na época, ele e Milena, com quem é casado há 26 anos, vivenciaram a dor do negativo, a solidão do processo de fertilização e os gastos financeiros para que fosse possível alcançar um de seus maiores sonhos, ter filhos.
Empreendedor desde muito novo, Fabio, pai de Tiago e Pedro, CEO da empresa, tem a intenção de mudar o cenário do país nessa área a partir do que viveu, com procedimentos de valores mais acessíveis ao público de classe B, mas com a qualidade e o atendimento que todo pessoa merece para realizar a desejada parentalidade. Conversamos com ele sobre essa trajetória e o que podemos esperar da Engravida no futuro, já que pretendem permear o Brasil com mais de 34 clínicas nos próximos 10 anos.
Fábio: Eu comecei fazendo engenharia e depois eu fui fazer publicidade. Comecei a trabalhar aos 17 anos, meu pai tinha um negócio de componentes eletrônicos. Durante a minha carreira, eu tive uma importadora de adega, fui editor de revista de vinho e de gastronomia. Sou uma pessoa impulsiva, tenho muita criatividade, até xadrez joguei por muito tempo. Além disso, casei cedo, com 26 anos, sempre tive vontade de ter família, filho. Nesse tempo eu tive 30 negócios diferentes que passaram desde a agência de propaganda, produtos eróticos, fábrica de insetos para alimento, clínica de estética e restaurante.
F: Sim, sempre quis ter filho, aquela família tradicional, até porque tenho como referência meus pais, Jack e Melanie, que são casados há mais de 50 anos e tenho a sorte de poder conviver ao lado da família que construí. Eu fiz 24 anos de casamento, essa semana, inclusive.
F: Depois de uns dois anos de casamento. Foi difícil, fomos tentando e não conseguimos engravidar. Foi aí que buscamos o tratamento. Minha mulher tem ovário policístico, tinha que fazer tratamento. A FIV (Fertilização in Vitro) era uma das possibilidades. Mas acabamos fazendo o coito programado, que é quando você só estimula a ovulação e programa a relação sexual. Não imaginávamos que seria assim, tínhamos aquele sonho de “princesa”, acabou perdendo um pouco da magia, mas faz parte do jogo. Eu vivo hoje muito isso com as nossas pacientes e trabalhamos para que esse novo caminho continue sendo a busca de um sonho.
F: Na segunda tentativa. Ela não tinha óvulo suficiente. Na segunda vez, já deu. Só que a gente só procurou tratamento depois de quase dois anos tentando. Em 2005, nasceu meu primeiro filho. Engravidamos cinco anos depois do casamento.
F: Fomos direto na mesma médica que tinha feito tratamento com a gente e ela achou que era melhor fazer uma FIV. Ela tentou começar a estimulação, mas minha mulher não respondeu muito bem. Com esse segundo procedimento, ela ficou grávida em sete meses.
F: Eu queria entender porque era tão caro: é o microscópio que usam que custa caro? É o salário? Por que tanto dinheiro?
F: FIV é caro e eu fiz duas. Eu paguei mais caro na época, estou falando de 17 anos atrás. Muito mais do que custa hoje na Engravida.
F: Existe um sofrimento nas mulheres mais jovens, nem tanto para mim. Eu tentei participar do processo, eu vivi tudo isso. O processo para a mulher tentar engravidar é muito solitário. Quando você está sozinha tentando engravidar, quando você perde um filho na gravidez, você está abandonada ali, porque você não pode nem falar, principalmente por causa da cobrança da sociedade. Tem vergonha, você não fala, você acha que seu marido vai ter vergonha, que vão achar que ele não é viril.
F: Ainda tem muito. Eu fui muito parceirão de estar junto, de tentar ver essas dores.
F: Situações com as amigas que estavam tentando engravidar, engravidavam e ficavam com vergonha de falar para ela. Ela queria poder comemorar por que estava feliz de fato, mas fica uma coisa meio escondida ali, porque ela sabe que estão comemorando entre as amigas, mas não querem falar porque sabem que ela está tentando. Eu vivi junto.
F: Eu gosto muito de estar com pessoas, de realizar o sonho, de ajudar e de ganhar dinheiro também. Somando minhas empresas todas eu tive mais de 3000 funcionários ao longo da minha história, muita gente. Esse negócio (Engravida) acabou virando uma experiência pessoal. Acho que aquilo me chamou de alguma forma e foi como se conectar com a minha vida, com a minha dor e que virou visceral. Os outros negócios eram por dinheiro. E esse já é outra proposta. Eu não vendo. Eu quero meu sonho realizado.
F: O Brasil faz 200 ciclos de reprodução por mês por milhão de habitantes — e isso é um décimo do que precisa. Eu vou fazer isso acontecer aqui. Nós vamos ter a maior clínica do Brasil, do mundo se bobear, eu realmente acredito nisso. A gente quer trabalhar nesse negócio porque viveu isso, então vira uma coisa que a sua história se mistura com o seu trabalho e isso é muito prazeroso. Não é um propósito falado para ser bonito, é uma coisa que vem de dentro.
F: Ela gosta muito, essa semana eu participei de um painel e ela assistiu. Ela tem muito orgulho dessa história, porque realmente faz e fez parte.
F: 15 anos.
F: O médico se formou em ginecologia, fez seis anos de medicina, fez mais três em residência, fez mais dois de especialização, estudou doze anos, quer cobrar o preço dele. Um médico hoje faz 20 ciclos de reprodução por mês, em média cobra R$ 30 mil. Ele consegue ter um grande negócio e ganhar bem.
F: Para conseguir faturar a mesma coisa, com o preço mais acessível, o médico precisaria fazer 60 ciclos de vida. Temos clínica em São Paulo, Salvador, Rio de Janeiro, Brasília, para montar e fazer 5 mil ciclos por ano. Normalmente, o médico é sozinho. O que ele faz? Ele consegue trabalhar nessa faixa de 10 a 20 ciclos apenas. Na Engravida fazemos 400 por mês. Hoje quem faz esse tipo de tratamento de reprodução assistida e congelamento são das classes A1, A2 e B1.
F: Sim, nós estamos falando de 6,5% da população. Quando você pega classe B2, são mais 15% nessa metodologia. Isso é o que a gente quer é o que a Engravida, alcançar mais pessoas.
F: Muito. Na Engravida, incluímos toda a medicação. Então, se você precisar de mais estímulos, você não pagará nenhum real a mais.
F: Não. A pessoa tem um tratamento completo. Quem gasta menos estímulo talvez usou um pouco menos. Fazemos uma média, todo mundo paga o mesmo preço. Então você sabe quanto vai gastar no começo e termina exatamente com aquela conta, sem surpresas.
F: Você está lá, com seu ovário estimulado. Toda inchada, já vai gastar. Eu acho isso muito cruel. Ok, não vou dizer que é injusto, faz parte do jogo, mas eu acho cruel dar mais “problemas” para essa pessoa.
F: Muito, muito, muito, uma grande preocupação. A paciente está passando por uma dor e um desejo. Por isso, temos uma psicóloga responsável pelo nosso departamento de gente, gestão e pelo departamento de cuidado ao paciente, aliás, ela fez o doutorado dela em luto.
F: Pretendemos ter 34 clínicas em 10 anos.
F: Não, família não é tudo pra mim, mas família está em tudo. Eu tenho muito prazer e alegria em outras coisas. Meus amigos me trazem alegria, meus momentos solitários me trazem desespero, mas também me trazem muito conforto.
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