Colunas / Mãe em suficiente

A complexidade do simples

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Publicado em 31/01/2018, às 14h02 por Ana Guedes


Pedro tentava dormir ao meu lado esta noite mais cedo, e abraçado em mim perguntava:

– Como era a vida quando eu tinha dois anos mãe?

– Diferente, querido.

Mas normal é não lembrares. Não costumamos lembrar de quando a gente era muito pequeno.

– Mas eu queria lembrar mãe! Queria tá presente.

– Tu estavas presente! Se tu quiser te conto todos nossos dias… Não te conto tudo.

– Contar é diferente. Eu queria tá presente.

– Pedro, a vida é o presente de agora entende?

– Continua fazendo isso que tu parou…

– Isso o que? ( presente de agora, entende?)

Passando o dedo na ponta do meu nariz.

– Viu?! ( surpresa a minha, ok? A esta altura já conjecturando traumas de separação na primeira infância!) tu lembras! ( lembrei eu!) Sabes quem fazia isso?!

-Quem?! (quase grogue)

– Teu avô!

Teu avô, quando eu ficava muito nervosa porque tuas cólicas não passavam e corria pra vovó fazia isso e tu adormecia.

Sabe (e da-lhe conjectura!) tu tinhas muita dor na barriga, e chorava horas nos primeiros três meses.

Às vezes eu ficava nervosa, não contigo (mentira!!!!) mas de não saber o que fazer e corria pra vovó.

Aí a gente ficava te olhando, a vó te pegava, eu aquecia a bolsinha de ervas, daí a gente tentava tudo… Até que o vovô inventava de tirar tua fralda! Imagina.

E sei lá por que (por que a gente cresce e esquece) ele passava a mão assim e tu dormias!

(A esta altura o Pedro já devia estar sonhando)

Sabe Pedro, acho que as crianças lembram só das coisas boas da vida, não dão muita bola para as ruins.

Os adultos, ao contrário, a gente esquece as boas, imagina melhores e valoriza as piores!

O certo, de certo, era ter filho quando se é criança. Uma criança deve cuidar melhor de outra que um adulto.

Pedro me despertou dos delírios maternais com aquele leve suspiro de quem dorme ferrado.

O carinho no nariz bastou.

Eu que deveria estar dormindo, agora escrevo, porque quando a gente cresce demais qualquer coisa que crie é que nem carinho no nariz. Devia bastar.

Mas não, a gente leva anos pra ser criança outra vez.

Boa noite, Pedro. Vê se ensina tua mãe a brincar de esquecer amanhã. Porque esta noite ela subiu num banquinho e está mais crescida que o gigante da Tasmânia.

Posso até ouvir: Relaxa. Acontece, mãe! Esquece. Boa noite e faz carinho no teu nariz 😉

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