Publicado em 25/09/2022, às 05h29 por Thiago Queiroz
A resiliência humana é uma das nossas características mais fascinantes e, por mais que muitas pessoas falem sobre isso ultimamente, pouco se fala sobre a resiliência combinada com a maternidade ou paternidade. Por que falar disso, então? Porque eu vejo cada vez mais pessoas lamentando que não tiveram a criação que gostariam de oferecer para os seus filhos, como se isso, por si só, fosse uma profecia cravada em uma pedra. Bem, não é.
Se você não recebeu uma criação respeitosa, afetiva e empática, você não está fadado, de forma alguma, a repetir tudo isso com o seu filho. E tomar consciência disso é, talvez, um dos acontecimentos mais libertadores que um pai ou mãe podem vivenciar. É a base fundamental do entendimento de que criar um filho é, também, um processo de cura para nós mesmos.
É entender que, mesmo que não tenhamos recebido uma criação baseada no respeito mútuo, mesmo que isso não esteja dentro do nosso “código”, É possível escrever uma história nova – e diferente – com os nossos filhos. Pense sobre isso por um momento: as ausências das nossas vidas não são nossas prisões, mas justamente os espaços abertos para construirmos coisas lindas e admiráveis. Com os nossos filhos.
E mesmo que você esteja pensando “ah, para você é fácil dizer, sua infância deve ter sido um comercial de margarina”, lamento dizer que foi um pouco diferente disso. Quem leu meu livro, o Abrace Seu Filho, sabe como foi com um pouco mais de detalhes, mas para que esse texto não fique imenso, digamos que a minha referência de paternidade, por exemplo, foi daquela figura bem tradicional, que não fazia grandes demonstrações de carinho e afeto, afinal, eu era um menino.
Não recebia o tanto de toque e diálogo que eu ofereço para os meus filhos, e é exatamente nesse ponto que eu quero chegar. E talvez você esteja pensando “só falta você me dizer agora que isso é superfácil de fazer”. Infelizmente, olhando para a vida prática do dia a dia, precisamos entender que esse movimento não será fácil. Pelo contrário, será muito difícil e trabalhoso.
Afinal, é fácil e tentador demais repetir os mesmos padrões de criação que recebemos, então fazer diferente demanda autocontrole – coisa que perdemos, de vez em quando, principalmente nos dias mais difíceis. Então, tente sempre se lembrar que, além de humano, você também está se curando e construindo novas habilidades junto do seu filho. E que isso já é algo lindo por si só.
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