Criança

Relato de mãe: “Sinto culpa e tenho vergonha porque meu filho é chato para comer”

A alimentação saudável na primeira infância traz benefícios para o presente e futuro do seu filho - Getty Images
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Publicado em 02/10/2022, às 15h02 por Redação Pais&Filhos


Durante depoimento ao site Motherly, Hannah Silverman contou o que fez para, finalmente, deixar a culpa para trás e fazer com que o filho comesse melhor. “Eu não acredito que houve uma única coisa que ajudou. O que fez a diferença foi o tempo. Meu filho descobriu como comer melhor por conta própria. Hoje vejo que a culpa que senti por meses foi natural, mas desnecessária”, disse. Mãedo Hugo, foram dezenas de tentativas, novas receitas e novos preparos até que, do dia para noite, o bebê passou a aceitar ingredientes diferentes, sem reclamar.

A alimentação saudável na primeira infância traz benefícios para o presente e futuro do seu filho
A alimentação saudável na primeira infância traz benefícios para o presente e futuro do seu filho (Foto: Getty Images)

Veja o depoimento dela abaixo:

“Eu senti que estava perdendo um pouco o controle, quando achei que um prato com verduras e frutas em rodelas coloridas chamaria a atenção do meu filho.  Eu não estava pedindo muito, só queria que ele comesse um pouco de “comida de verdade”. Nada além de uma colherada, só uma. Isso mostra o quão baixas minhas expectativas estavam. Naquela altura do campeonato, meu filho de 12 meses só tomava leite, iogurtes e comida industrializada. Basicamente, a dieta dele se tornou um cardápio com tudo aquilo que eu disse que nunca daria para um filho meu — mas aí eu virei mãe.

Naquela época, o café da manhã era um iogurte açucarado (que vergonha!), o almoço era uma papinha industrializada (não me julgue!), o jantar era outra papinha industrializada (ok, agora você está me julgando, mas eu também estou). Complementava a alimentação dele com leite e colocava para baixo do tapete as minhas tentativas fracassadas de alimentar meu filho. Meu marido e eu estávamos ficando loucos.  A sensação era como se eu estivesse o tempo todo correndo atrás do meu filho, para que ele aceitasse uma colherada de qualquer coisa minimamente saudável. Eu fiquei obcecada com essa história. (…) OK, é agora que você começa a se perguntar porque eu não tentei X coisa ou fiz Y. Bem, vamos lá. Assim como você, todo mundo parecia ter uma solução mágica que eu já havia testado (e dado errado). Eu tentei sanduíches gourmet, muffins, cereais… Mas nada parecia agradar meu filho ‘chato para comer’.

Boa alimentação tem tudo a ver com o sono tranquilo do seu filho
Boa alimentação tem tudo a ver com o sono tranquilo do seu filho (Foto: Getty Images)

Eventos sociais e encontros com outras mães eram ainda piores. Quando a hora do almoço chegava, todos nós abríamos nossas lancheiras de bebê. Meus amigos faziam pães, palitos de cenoura e molhos de iogurte grego. Eu abria um pacote. Eram nesses encontros que a culpa materna batia mais forte. Não há nada de errado com as comidas que eu dava para o meu filho, desde que elas fizessem parte de uma dieta equilibrada. Claramente, não era o nosso caso. Eu estava 100% ciente de que não havia variedade na sua dieta e que grupos inteiros de alimentos estavam sendo ignorados. Saber disso fazia me sentir ainda mais envergonhada. E aí dava uma explicação, mesmo que ninguém pedisse.  “Ele vai chegar lá.” Meus amigos sorriam, e eu concordaria com cerca de zero por cento de sinceridade.

A cultura de comparação com a qual convivemos hoje tem muito a ver com isso, mas enquanto meu filho estava engordando e seguindo sua curva de crescimento conforme o esperado, eu realmente não precisava estar nessa paranoia. (…) Eu me sentia como a única mãe que estava falhando de um jeito tão ridículo. Até que, certa tarde, decidi colocar minha criatividade à prova. As crianças adoram uma bagunça, certo? Que tal um buffet de comidas, para ele bagunçar? Eu queria tirar a pressão que colocava sobre o meu filho e sobre mim mesma, queria me divertir com a comida. Meio que funcionou. Eu coloquei sobre a bancada fios de macarrão, ovos mexidos, chantilly e geléia, para que ele pudesse limpar. Foi o pior pesadelo limpar tudo aquilo depois, mas, de alguma forma, ensinou ao meu filhoque a comida era algo para ser apreciado. Claro, ele não comeu nada, mas eu gostaria de pensar que este foi o começo de um novo capítulo.

E, então, em um dia qualquer de verão, aconteceu. Meu filho pegou uma colher de iogurte grego — e engoliu. Então, uma mordida na torrada — e ele engoliu também. Acho que chorei. Aí eu gravei um vídeo e enviei para a famíliacom a legenda “nós conseguimos!”. Na seguida, tinha um pacote de comida industrializada para o jantar. Então, 18 meses depois que nosso menino nasceu, estava finalmente comendo. Ele estava curtindo carnes moídas com macarrão. Ele estava abrindo a boca, como um filhote de passarinho, esperando que um pouco mais de comida real, nutritiva e caseira.

No que parecia ser uma reviravolta, ele comeu uma banana inteira — e sozinho! Ele voltou para os industrializados no meio do caminho, mas logo ele começou a comer as mesmas coisas que meu marido e algo — coisa que eu duvidava de que algum dia pudesse acontecer.  Então, o que aconteceu para ajudar meu ‘chato para comer’? Eu não acredito que houve uma única coisa que ajudou. Eu adoraria dizer que foi o buffet da bagunça, mas a verdade é que eu realmente não acho que fez muita diferença. O que fez a diferença foi o tempo. Não dá raiva quando as pessoas dizem isso?

Meu filho descobriu por conta própria, com seus paistorcendo por ele. A culpa que senti por meses foi natural, mas desnecessária. O julgamento que eu imaginei pode ter sido real, ou imaginário, mas a pessoa que realmente estava julgando essa situação era eu mesma. Eu estava tão desesperada para ser a mãe perfeita para o meu filho perfeito, que deixei a culpa materna me consumir. Meu filho estava indo bem, ele só estava apenas fazendo isso no tempo dele e não havia nada que indicasse alguma coisa errada em relação ao seu desenvolvimento. “Veja, eu te disse que ele chegaria lá”, sorriu meu amigo. E desta vez eu concordei. Não estou mais preocupada se ele vai comer, porque ele vai. Se seus padrões alimentares mudarem, saberei lidar com calma, para poder estar lá ajudando meu filho, assim como eu deveria ter feito desde o começo.”

Assista ao POD&tudo, o podcast da Pais&Filhos, com Bia e Branca Feres:


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