Família

De geração em geração: conhecer as suas raízes é fundamental para construir a sua própria história

Conhecer as raízes é fundamental para o seu próprio desenvolvimento - iStock
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Publicado em 17/09/2022, às 07h24 por Yulia Serra, Editora | Filha de Suzimar e Leopoldo


“Aprenda a dominar seu ciúme”. Essa foi a chamada da primeira capa da revista Pais&Filhos. De lá para cá são 54 anos de história… De aprendizados, de desenvolvimento, de amadurecimento. Assim como na parentalidade, a Pais&Filhos também nasceu trazendo dúvidas e questões e, mesmo após todo esse tempo, continua se redescobrindo e se reiventando. Talvez essa primeira chamada não faça mais sentido na nossa realidade hoje, o que não é motivo de vergonha ou constrangimento. Muito pelo contrário: prova que o mundo também mudou e nós mudamos. A mudança faz parte da vida de todo mundo e por que seria diferente com a Pais&Filhos? Porém, são as nossas bases e valores que nos mantêm, diante de tantas transformações, ligados ao mesmo propósito: formar famílias mais felizes.

Ser mãe é uma prática diária de muito aprendizado
Conhecer as raízes é fundamental para o seu próprio desenvolvimento (Foto: iStock)

E é justamente isso que iremos discutir nesse texto, como conhecer as nossas raízes é fundamental para entender de onde viemos, onde estamos e onde desejamos chegar. Rossandro Klinjey, psicólogo, palestrante e autor especializado em saúde mental e desenvolvimento humano, filho de Adelma e Laércio, explica: “Conhecer nossas raízes nos permite conceber um senso de identidade muito necessário”. O especialista reforça que saber sobre a nossa história de vida nos oferece senso de pertencimento, nos ancora no mundo e nos salva do individualismo e egoísmo: “Conhecer nossa família nos leva a perceber que fazemos parte de uma grande história que veio antes de nós e que continua depois de nós”.

O que veio antes

E é assim que nos sentimos. A família Pais&Filhos está presente há gerações e quem diria que a revista impressa em 1968 chegaria em 2022 com tantas frentes: site, Instagram, Facebook, Twitter, YouTube, TikTok, Pinterest, Podcast… Nós não somos os mesmos, mas trazemos o mesmo propósito. E esse movimento pode ser analogicamente comparado às famílias, a sua, a minha e tantas outras. Não importa de onde você é ou de quantas pessoas ela seja formada, Rossandro afirma: “A família tem uma importância central em nossa vida, não só no passado, mas também no futuro. E não se trata apenas das pessoas com quem crescemos ou fomos criados. Incluem-se nessa conta a grande família de tias-avós, primos em terceiro grau e tataravós. Essas pessoas, mesmo as que já desapareceram há muito tempo, ainda podem ter muito a nos ensinar sobre nossas famílias, sobre a história e sobre nós mesmos. Suas quedas e sucessos, erros e acertos, nos mostram como seguir, evitando tragédias já vividas, e nos ensinando a potência de repetir histórias de sucesso”.

Para ele, as histórias passadas são um convite e, às vezes, até uma intimação para que tenhamos a coragem necessária para continuar quando a vida apresentar desafios inevitáveis. Explorar esse baú de tesouros familiares enriquece o repertório e nos aproxima realmente daqueles que estão ao nosso redor. O psicólogo pontua: “Quanto mais descobrimos sobre nosso passado, maior conexão criamos com nossos ancestrais. Aprendemos com eles, nos vemos neles, e mesmo que doa ‘perceber que apesar de termos feitos tudo que fizemos, ainda somos os mesmos e vivemos como os nossos pais’, quando registramos nossa trajetória no clã familiar, permitimos que as gerações futuras se conectem conosco quando partirmos”.

Seguindo em frente

Rossandro ainda destaca que saber das dores e triunfos dos antepassados nos permite sermos melhores pais, melhores filhos, melhores profissionais… Enfim, melhores cidadãos. Porém não podemos ficar presos ao passado apenas. Reinventar-se é muito importante e faz parte. Christian Dunker, psicanalista, professor Titular em Psicanálise e Psicopatologia do Instituto de Psicologia da USP e escritor de mais de 100 artigos e 10 livros, youtuber, pai de Nathalia e Mathias, defende esse ponto de vista e alega que a bagagem deve ser apropriação ao momento da viagem e deve-se ter uma atenção para não ser restrita ou limitante: “Talvez, a bagagem mais importante que podemos dar aos nossos filhos é aquela bagagem incompleta, aquela que vem com um bilhetinho dizendo assim: ‘Olha, isso é só o início’, ‘isso é o meu ponto de vista’, ‘está faltando muita coisa nessa bagagem que eu estou te dando. Essa foi a que eu consegui te dar’”.

Nesse contexto, o psicanalista diz que uma boa bagagem é similar a uma boa alimentação, o ideal é ter um pouco de tudo e fazer com que seu filho experimente, componha, refaça… Oferecer uma bagagem incompleta não sugere nenhuma necessidade de vergonha ou vulnerabilidade, mas mostrando os nossos problemas e erros excluiremos qualquer menção a um passado idealizado. “A capacidade de contar a história é também a capacidade de inventar futuros”, acrescenta. Ele defende que nós aprendemos a desejar montando a nossa história e incluindo nossos sonhos no momento real atual.

Por isso, é tão necessário esse entendimento das próprias raízes, assim como a busca por encontrar o seu lugar. “Ter uma bagagem é importante, mas também se desfazer da bagagem é fundamental. A verdadeira formação depende disso, de um segundo momento, em que a gente começa a se separar do que nos foi imposto. Ou seja, o que é que você faz com o que fizeram de você. Isso é essencial para que a gente torne nosso aquilo que nós herdamos”, orienta.

E esse processo é ainda mais importante para que não nos sintamos impostores da nossa própria vida, apenas carregando conceitos que nos foram ditos, sem trazer os nossos desejos. E esse período de separação e entendimento do que cabe no nosso contexto é desafiador, uma vez que traz questionamentos sobre o que você deve levar com você e o que irá deixar para trás, portanto complementa: “Formação não é um caminho de rosas rumo ao triunfo e ao sucesso. Formação é um caminho de auto dilaceramento e separação”.

Via de mão dupla

Ter as raízes claras fará toda a diferença para a continuidade desse ser e firmeza. Aqui, Christian propõe uma analogia com as árvores: “Na medida em que elas vão crescendo, as raízes vão se aprofundando. Olha só que ideia interessante: quanto mais a gente se ergue, mais a gente precisa olhar para as nossas raízes e perceber do que são feitos nossos fundamentos”, aponta e acrescenta: “A tomada de consciência sobre a árvore e também o entendimento de toda uma floresta é muito importante se a gente quer falar de crianças que sejam sujeitos emancipados, capazes de sustentar o próprio desejo e de se integrar no mundo simbólico humano”.

A troca de experiências entre pais e filhos, dessa forma, é imprescindível. Principalmente quando as crianças podem perceber que os pais, que são autoridades para ela, já foram crianças e, portanto, aprenderam, caíram, levaram broncas, fizeram arte, consertaram e assim em diante. Grasiele Gomes da Silva, psicóloga, terapeuta, palestrante e escritora, idealizadora dos Projetos: Terapia pra Felicidade, Unidas Pretas e Grasiflix, todos com perfil no Instagram, mãe de Thainá e Marcello (filho do coração), explica: “A cultura de um povo está também nos costumes, hábitos e crenças. Então é importante que não se perca o diálogo familiar e que os mais velhos sejam um ponto de referência, respeito e honra para os mais novos, no que se refere às histórias e memórias da família”.

Criança atípica tratamento intervenção
Ensinar as bases e os valores familiares é importante para que as crianças entendam de onde vieram (Foto: iStock)

Nesse sentido, a psicóloga enfatiza o contato físico, uma vez que a tecnologia não registra sensações e emoções: “Reunir a família para se ouvir e partilhar vivências e histórias dos antepassados precisa voltar a ser uma prática! A conversa e a escuta enriquecem, fortalecem e resgatam os laços familiares”. A psicóloga coloca o autoconhecimento como a maior escada para alcançar a liberdade emocional, por isso comenta: “A nossa raiz fala sobre nós, sobre uma história que não começa na nossa vida, mas passa por nós! Então enquanto pessoa preta que sou, olhar pra trás, descobrir além do que me contaram limitando ao passado da escravidão, foi e é um resgate essencial pra me fortalecer”.

Antes, hoje e sempre

O mundo moderno trouxe uma correria para a rotina. Parece que estamos sempre atrasados e buscando algo que ainda não conquistamos. Isso não é saudável. É necessário viver de fato o presente. Claro, olhando para o futuro e carregando as bases do passado. Portanto, a retomada das raízes não deve ser algo fixo, mas realmente um ponto de partida. “Resgatar o início de sua história é essencial para que você se fortaleça enquanto parte de um todo. Enquanto continuidade de uma ancestralidade…”, constata, “Essa bagagem ancestral não representa um peso, mas uma herança! Mesmo que algumas crenças possam não representar o ideal para o contemporâneo, o aprendizado não pode ser desconsiderado… Os valores são uma base forte e através deles a gente constrói os nossos”.

Rossandro diz: “Toda família tem um baú de tesouros familiares, que são suas histórias, esperando para que possamos explorá-los e nos enriquecermos com eles. Por isso acho mesmo que chega a ser um desperdício ou uma pena não ter acesso a toda essa valiosa herança familiar”. Vale o teste, tanto para você procurar seus pais, tios, avós para uma conversa olho no olho, quanto para passar a sua bagagem para seus filhos, sobrinhos, netos. Fica aqui nosso convite para você sentar hoje mesmo com seus familiares para esse momento.

Christian complementa: “As três perguntas ‘de onde eu vim?’, ‘onde estou?’, e ‘onde quero chegar?’ são fundamentais. No fundo, elas não têm respostas definitivas. Mas é esse arco temporal que define os desejos”. Por isso, se faça essas perguntas e como dito aqui, elas não são estáticas, elas podem (e devem) ir mudando, se adequando ao seu “eu” naquela fase.

A Pais&Filhos se reinventou e continuará se reinventando pelos próximos 10, 30, 54 anos… Fica até difícil responder onde queremos chegar, são tantos sonhos, planos, vontades, mas uma coisa é certa: estaremos com você, mãe, pai e rede de apoio, para ser um braço direito na montanha-russa que envolve a parentalidade. Independentemente do que alcançaremos, estaremos juntos, como estivemos no passado, estamos no presente e estaremos no futuro. É assim em todas as famílias, assim como a nossa.

Na ponta da língua

O significado das palavras e acordo com o dicionário

  • ra·iz: 1. Base ou parte inferior de algo – 2. Órgão da planta fixo ao solo; de onde ela tira nutrientes – 3. Fonte
  • o·ri·gem: 1. Ponto de partida; começo – 2. Procedência; ascendência – 3. Causa; razão
  • an·ces·tral: 1. Próprio dos antepassados ou antecessores – 2. Descendente, sucessor – 3. Muito antigo ou velho
  • fa·mí·lia: 1. Grupo de pessoas ligadas entre si pelo casamento ou qualquer parentesco – 2. Grupo de pessoas unidas por crenças, interesses ou origem comum – 3. Grupo de pessoas que compartilham os mesmos antepassados; estirpe, linhagem, geração

Do fundo do baú

Resgatar as suas origens está mais perto do que você imagina. Conheça algumas opções para toda a família aproveitar

  • Museu da Imigração do Estado de São Paulo: acesso aos arquivos da Hospedaria dos Imigrantes em museudaimigracao.org.br
  • Genera: sua chance de desvendar a história dos seus antepassados por meio de um mapeamento genético em genera.com.br
  • My Heritage: permite que você crie a árvore genealógica da sua família em myheritage.com.br
  • Meu DNA: são vários testes disponíveis para você conhecer desde a sua origem até predisposições genéticas em meudna.com
  • Arquivo Nacional: consulta de diversos documentos, como certificados e certidões em sian.an.gov.br

Assista ao POD&tudo, o podcast da Pais&Filhos, com Betho Fers e Erick Silva


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